O Nuno Costa Santos escreveu, e muito bem, isto em resposta a este meu post, e eu respondo-lhe:
Nuno
O exagero e obsessão que notas na minha crítica a esse vosso simples programa televisivo advêm do facto de eu, e penso que muitos outros, como tu próprio, termos criado expectativas em relação ao programa. Não conhecendo pessoalmente nenhum dos intervenientes, era já um admirador de cada uma das criaturas. Cheguei a mandar ao Mário Cabral uma mensagem de apreço pela sua decisão de abandonar o cargo que tinha no Centro Cultural de Angra, que, se diga, ele simpaticamente respondeu.
O programa criado, apesar do seu potencial latente, até mesmo no próprio título, não é de momento, porque o Joel não deixa ou não quer, muito mais do que uma tentativa de análise séria, conservadora e ponderada sobre "as questões do mundo", com pouco riso, descomplexo e à vontade, excepto, talvez, no último ódio de estimação. As poucas vezes que o Joel se deixa cair na liberdade da comédia é quando faz escárnio do Mário Cabral. Não me admira que uma pessoa como tu tenha insistido com o Joel para que o programa siga um caminho mais solto. Assim não sendo só brilhará uma pessoa como o Monjardino, com uma bênção Católica, ou um Viegas que atropela toda a vossa falta de experiência.
Em relação à vaca ruminante de estimação foi só uma minha tentativa de, numa maneira solta, com riso, descomplexo e à vontade, dizer que no ódio de estimação o Borges ruminava a sua "gama", de boca aberta, com tal veemência e barulho, passando-a de bochecha para bochecha com tal ímpeto que temi que, com o entusiasmo da tarefa, lhe saísse pelo nariz. Fiquei sem saber quem mascava quem, se a "gama" o Borges, se o Borges a "gama", a luta foi feroz e ruidosa. De tal forma que na realidade só me desconcentrei da ruminação numa altura em que percebi que confessou desgostar de ver strip na possível companhia do seu pai.
Resumindo, e mais uma vez recomendando a belíssima e construtiva crítica escrita por Guilherme Marino, no Chá Verde, no actual formato, e visto por fora, o programa em questão não é moderno, não é um choque de gerações, não é descomplexado, nem solto, é actual, é conservador, é uma casa de espelhos, é uma promessa de uma boa ideia. É, no entanto e principalmente, um bom programa, dos melhores da história da RTP-Vacas.
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