domingo, agosto 1
FÉRIAS
Definitivamente decidi encerrar para férias. Regresso em Setembro ou talvez não ! Quanto às férias da blogoesfera são um puro prazer egoísta já que por cá vou passando e lendo o que resto da «comunidade» vai postando.
Porém, «nada dura e , todavia, nada acaba, também. E nada acaba precisamente porque nada dura». Ora, este aparente enigma cínico de Philip Roth, prestado num contexto de crepuscular existência, bem poderia ser a descrição da minha retirada deste blog. É um exílio voluntário com a marca da esperança de cá regressar e com a certeza de que, seja como for, vou continuar na blogoesfera.
Entretanto, durante as férias, para quem é um leitor compulsivo como eu, é tempo de nos atiramos a alguns livros que, na voragem dos dias que passam, vão ficando em standby. Quem por cá anda na blogoesfera seguramente que padece do mesmo vício da leitura obsessiva. Assim, para aqueles que mais estimo no underworld da blogoesfera peço que relevem o descaramento de algumas sugestões personalizadas. Na lista que se segue não há qualquer colagem literal ou subliminar do título ao leitor. Importa sim o sumo destas delícias que já consumi e cuja leitura ou releitura recomendo com apreço.
Para o Nuno Barata e ainda para quem anda equivocado a propósito do tema, recomendo uma obra de Jaime Nogueira Pinto que, sob o título «A Direita e as Direitas» ( Ed. De 1996 da Difel ) traça, numa escrita límpida, as coordenadas ideológicas da Direita em Portugal e Além Mar.
Para o meu estimado Médico de Família,Carlos Falcão Afonso, sabendo das escassas oportunidades que possui para dedicar às minudências da ficção literária ainda assim não daria o seu tempo por mal empregue com «A Terra dos Cegos» de H.G.Wells ( Ed. de 1955 da Atlântida )...por vezes em terra de cegos quem tem olho não é rei !
O Tózé, com o espírito crítico e cosmopolita que incenseia sempre que pode, é certo que faria cuidada degustação de uma obra que foi propalada como o romance sobre o suicídio do Ocidente e que, em França, mereceu o repúdio dos intelectuais bem pensantes por ser crua e politicamente incorrecta. Falo de «As Partículas Elementares» de Michel Houellebecq (Ed. de 2000 da Temas e Debates). Neste romance perturbante que nos questiona a cada página, agrada-me particularmente a sua despiedade e o desmistificar dos ícones da segunda metade do Sec. XX. Afinal, desde os anos 60, o enigma é sempre o mesmo:como se entreter numa sociedade metafisicamente dessacralizada ? Uma leitura com bolinha vermelha, et pour cause, obrigatória para o camarada Tózé !
Para o fleumático André Bradford fica a sugestão de «O Buscão» de Francisco de Quevedo ( Ed. Livros do Brasil de 1988 ). Esta obra, com pergaminhos que rondam os quatro Séculos de existência, é uma barroquíssima sátira sobre a perfídia da sobrevivência picaresca, debruada com uma filigrana de humor sublime ao alcance de qualquer inteligência medianamente superior...muito melhor do que qualquer best-seller Americano !
Para a indispensável e insubstituível Ana Falcão sugiro «Viúva por um ano» de John Irving ( Ed. de 2000 da Asa ). Aqui está um «tijolo» que demanda perseverança mas, a saga existencial de Ruth Cole, é um dos melhores romances que já li. O traço psicológico e das idiossincrasias das personagens é notável. Só se lamenta que os reveses de Ruth Cole tenham um fim...porém, o modo como o autor põe um ponto final na história é de uma magistral eficácia...à colação espero que a Ana ponha um ponto final na sua relação com o «Além Mar»...já que não abdica dos cigarritos pelo menos que fume do melhor que por cá se faz e que leva a benção de «Santa Justa» !
Para o simpático e amigo Pedro Arruda (a.K.a de Mendoza) recomendo particularmente o «Último Suspiro do Mouro» de Salman Rushdie (Ed. de 1995 da Dom Quixote)que é apenas uma torrencial saga familiar onde também se esboroam Impérios...para orientação narrativa convém marcar a página 13 com a árvore genealógica dos Gama, dos Menezes e dos Souzas !
Para o Alexandre Pascoal vai «A Desgraça» (Ed. de 1993 da Dom Quixote) em cujo enredo Coetzee nos leva numa urdidura de mal entendidos e preconceitos bem intencionados tão contemporâneos de uma abordagem sociológica do nosso tempo!
Para o Mário Roberto uma guloseima de Carmen Posadas que leva o nome de «Pequenas Infâmias» ( Ed. de 1999 da Temas e Debates ) e que não é mais do que uma farsa social, em tom policial, de um grupo de personagens tipo que gravitam em torno de um cozinheiro e dos segredos perversos que guarda no seu livro de receitas...Ah esquecia-me de dizer que os comensais assassinam o mestre de culinária.
Para o Nuno Mendes, um dos melhores Jornalistas que esta terra já conheceu, uma viagem literária, por outras terras e outras gentes, a bordo do «Meu Chapéu Cinzento» ( Ed. de 2001 da Asa ) com direito a partir ou chegar pela crónica que Olivier Rolin escreve sobre os Açores.
Finalmente, mas não menos relevante, para o «empresário» cultural Victor Marques é tempo de reler Woody Allen em «Para acabar de vez com a cultura» (Ed. de 1988 da Bertrand)... afinal de contas todo este divertissement é relativo, até porque, «primum vivere, deinde philosophari»...que é como quem diz os bifes primeiro e a cultura depois.
... Cá por mim no que respeita a leituras vou continuar com a «Mancha Humana» de Philip Roth ( Ed. de 2004 da Dom Quixote ) que é uma delicatessen de cinismo como só os escritores americanos sabem cozinhar...para entremear, com alguma comédia, vou relendo Zeca Soares, esse grande poeta Micaelense, que a revista Açores assevera estar em fase de «percurso ascendente»... é mesmo melhor ir a banhos e só regressar para Setembro.
Posto isto até um dia destes num blog perto de si !
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário