- Abrimos o telejornal com as últimas notícias sobre a situação de crise em Fátima.
- Pelo segundo dia consecutivo, as forças de coligação norte africanas têm o Santuário de Fátima completamente cercado e ameaçam entrar no Santuário se o Bispo Cerqueira e os seus seguidores não se entregarem até depois de amanhã, até às 6 da manhã. As alas do Santuário já foram, parcialmente, destruídas pelas forças da coligação, no bombardeamento que decorreu durante toda a noite. Nas imagens recolhidas pelas câmaras, são óbvios os clarões que iluminaram Fátima durante toda a noite. A cidade está praticamente abandonada.
- O padre Victor Simão, porta-voz do bispo Cerqueira, e das suas forças, pediu à comunidade internacional a sua intervenção e o envio de unidades de sangue e apoio médico pois, segundo ele, "existem dezenas de feridos, graves, dentro do santuário, muitos deles peregrinos" apanhados nesta tragédia.
- O Cardeal Patriarca de Lisboa, que, até ontem à noite, tentou negociar uma rendição das forças que estão no interior do Santuário, hoje numa declaração à saída da sede da Cruz Vermelha, na cidade de Lisboa, disse que estava a caminho de Fátima e pedia a toda a população portuguesa, e a todos os cristãos, de todo o mundo, para se dirigirem para Fátima. Quando questionado sobre qual a sua intenção sobre a sua ida para Fátima, o Cardeal disse que "Pode-se invadir o País, mas Fátima não. De qualquer maneira a minha intenção é que não haja um maior derramamento de sangue."
- Numa notícia relacionada, a ala militar da Opus Dei emitiu hoje mais imagens dos reféns muçulmanos desaparecidos em Évora, já na semana passada, e num comunicado declaram que se as forças da coligação norte africana tomarem o santuário de Fátima, os reféns serão sumariamente assassinados por crucificação, um cada 2 horas, até ao abandono do Santuário pelas forças da coligação...
O Manuel não acredita no que acabou de ouvir no telejornal. Sai da tasca sem olhar os velhos nos olhos. Todos hipnotizados com as notícias. Grande parte dos seus amigos já partiram para Fátima, a sua mãe chora todos os dias e berra da janela, para os vizinhos ouvirem, gritando que se fosse jovem, ela própria já estaria a caminho. A sua namorada já o olha de lado como que a perguntar, e tu? Hã?.
E eu? E eu? Pensa o Manuel. Eu não quero saber de missas desde que me crismei, com doze anos. Nunca gostei do padre Mota, aquele nojento que já naquela altura lhe tentara apalpar o cu.
Não, não queria morrer, nem pelo bispo não sei das quantas, nem por aquele maricas de Lisboa, cinzento de pele e sempre vestido de vermelho, nem mesmo por Nossa Senhora de Fátima (Deus me perdoe)...
Pensara em partir, dizer a todos que ia para Fátima. A mãe choraria, orgulhosa, da janela, mas ele ficaria, depois, pela serra, escondido, à espera que esta merda se passasse... Mas não. Ele sabia que iria, tinha que ir...
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