quinta-feira, julho 14

Ziguezagueando


Por esta altura (não sei se acontecerá o mesmo em Outubro de 2012), acredita-se que o maior partido da oposição (não sei porque raio não se encontra outra designação que incite todos os deputados que não são governo a cumprirem uma melhor função do que a de meros regimentais opositores) possa estabelecer – para além da meta e sem subterfúgios – o caminho que todos os açorianos se sintam motivados a trilhar.

A força política que tiver a veleidade de pensar que poderá contribuir para melhorar o estado das coisas nos Açores, apenas a partir de Outubro de 2012, será, em minha opinião, fortemente penalizada pelo eleitorado, que outra coisa não fará senão abster-se de trocar uns pelos outros, nas próximas eleições legislativas regionais.

As pessoas precisam sentir que alguém se preocupa – verdadeiramente – com elas e com os seus problemas, e que todos – sem excepção – serão alvo de um tratamento equitativo, que deverá ter como objectivo (ainda que possa ser considerado como «socialista» e utópico) corrigir os desvios e combater todas as formas de marginalização.

Tudo isto, combinado com a preocupação de redefinir alguns conceitos sociais entretanto banalizados e outros tais modelos económicos, deverá servir para melhorar o nosso modus vivendi, nestas ilhas atlânticas, marcando – vincadamente – uma estratégia, necessariamente inclusiva e multidisciplinar, privilegiando, contudo, a iniciativa pessoal e procurando por em evidência o valor individual de todos e cada um destes açorianos.

Caminhando aos ziguezagues e sucumbindo – confessadamente – à dialéctica entre a direita e a esquerda deste sinuoso percurso, gostaria de dizer que:

Se à Direita temos de nos deixar de preocupar em “chegar ao poder", à Esquerda temos que nos deixar de o fazer parecer tão apetecível (não nos podemos esquecer que os Açores precisam apenas de alguém que os governe, e bem, de preferência);

Se à Direita é absolutamente mandatório elencar os novos desafios para os Açores, à Esquerda urge parar de lustrar os do passado que, velhos e gastos, se encontram desfasados dos novos contextos;

Se à Direita precisamos de assistir ao convite descomplexado, a todos quantos possam ter um contributo válido para a afirmação dos ditos novos desafios, à Esquerda a reequação das hostes resultará numa operação de difícil subtracção;

Se à Direita tudo, ou quase tudo, se conjuga para uma mudança de ideias, de discursos e, por conseguinte, de paradigmas, à Esquerda o peso da oligarquia esmaga a iniciativa e impede que se tracem novos horizontes.

Por isso, na nossa democracia, que apesar de nova já não tem idade para comprar o cartão inter-jovem e viajar de barco - abaixo do preço de custo -, ninguém nos deve pedir que mudemos só por mudar. Seria como fazer um bolo sem nos lembrarmos que os ovos se ligam primeiro com o açúcar, vindo depois a farinha, indo todos juntos a bater e, para finalizar, nos casos em que a receita manda juntar as claras em castelo, as mesmas deverão ser docemente misturadas, para que o conjunto, com o desejável volume e com a imprescindível suavidade, cumpra a sua nobre função.

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