Mobilidade Sustentável *
O Direito à Mobilidade em Ponta Delgada esteve em discussão no passado fim-de-semana. O debate, promovido pelo Bloco de Esquerda como forma de marcar os dois anos de presença na Assembleia Municipal de Ponta Delgada, contou com a presença do vereador José Medeiros, com o pelouro do trânsito da Câmara Municipal; do prof. Armindo Rodrigues, da Universidade dos Açores; Luís Cabral, presidente da Junta de Freguesia de Santa Clara; Heitor Sousa, economista de transportes da Carris (Lisboa); José Sá Fernandes, vereador da Câmara Municipal de Lisboa pelas listas do Bloco de Esquerda, e Lúcia Arruda, a deputada municipal do Bloco de Esquerda/Açores.
O colóquio abordou uma temática sensível à qualificação da vida na cidade e na ilha, tendo em conta os problemas diagnosticados: o uso excessivo do transporte individual, com os custos ambientais e de mobilidade que acarreta; o planeamento urbano pouco eficaz e a falta de articulação entre os diversos sistemas de transportes, que pela sua inexistência retira a este mesmo planeamento qualquer eficácia que ele pudesse conter. A ausência de uma rede integrada de transportes inviabiliza a possibilidade de uma célere mobilidade, sobretudo para quem dela necessita diariamente, sendo que são aqueles que menos podem os que mais sofrem no orçamento familiar e na sua produtividade e, exponencialmente, no seu modo de vida.
A plateia ficou a saber que Ponta Delgada foi seleccionada para o Projecto Mobilidade Sustentável, paralelamente com outros 40 municípios nacionais. Convém salvaguardar que este é um projecto ambicioso e que irá produzir um documento contendo a indicação de práticas a desenvolver e cuja implementação se antevê arrojada, na medida em que carece da introdução de soluções impopulares e com as quais a câmara terá de lidar (de modo a que não encolha eternamente os ombros e faça da vontade alheia a sua). Espero sinceramente que este não seja um projecto de cosmética e não acabe no fundo da gaveta.
Ponta Delgada e a ilha (Scuts incluídas) necessitam urgentemente de um plano de transportes eficaz, sob pena de nos arriscarmos a perdermo-nos numa imobilidade caótica e de resolução cada vez mais difícil. Caso não se tomem medidas capazes de ultrapassar o crescente fluxo automóvel ao centro (e ao perímetro) urbano, de nada valerá a campanha publicitária que “vende” os Açores, as suas belezas naturais e a “recauchutada” qualidade de vida.
Habitar, neste momento, em Ponta Delgada, é “insustentável”.
* edição de 27/11/07 do AO
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*** Fotografia X PBase.com
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