quinta-feira, novembro 22

Parábolas

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Depois das directas do PSD Açores o Dr. Carlos Costa Neves recebeu um balão de oxigénio e Natalino Viveiros inscreveu-se na lista de "disponíveis" pois não é crível que se afaste em definitivo da vida política activa. Quanto ao líder reeleito já havia prometido "vida nova", pelo que, insuflado com os ares da vitória emerge com novo fôlego ostentando saúde e humor q.b. Sinal dessa vitalidade está na retoma das suas farpas no Açoriano Oriental com a ilustrativa parábola do aquário onde coabitam, no mesmo habitat, um "polvo insaciável", uma "moreia de bom tamanho", e um "cavaco" cuja qualidade se presume residir numa neutralidade dissuasora! Se a ilustração é poderosa não deixa de sugerir o imobilismo do actual viveiro político da nossa Região sem se vislumbrar, no futuro próximo, qualquer "moreia" capaz de contrariar o equilíbrio actual. Ademais, a metáfora extraída da biologia marinha esbarra com a infeliz realidade de que os pesos e contrapesos do actual cenário político na Região deixam tudo na mesma. Logo, nem sequer há lugar para a habitual citação do "Leopardo" de Giuseppe Tomasi de Lampedusa : "É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma", porquanto, até à data, nada mudou e tudo ficou na mesma. Quase tudo, na verdade. Com efeito, apesar de um acto eleitoral com escassa participação dos militantes do PSD-Açores, Costa Neves fez o pleno nestas directas, excepto na Ilha de São Miguel, porventura, por força da secundarização política dos militantes de São Miguel. A causa poderá ser outra, mas o sinal de descontentamento dos militantes de São Miguel é incontornável, mesmo para a mais esguia das "moreias". Seja como for, está nas mãos do líder ler os sinais. No resto, esperamos que olhe para o futuro pois o passado, recente e longínquo, já lá vai, e até Mota Amaral já assumiu os erros de transição na liderança do PSD/Açores, apesar do mota-amaralismo ser ainda uma referência geracional no PSD. Assim, no actual líder depositamos a esperança de que retempere o espírito "predatório" que se exige a quem está na oposição, nem que seja, para dar "caça" aos camaleões que por aí andam e que, como se sabe, é o nome comum a vários répteis da subordem dos sáurios, da família dos camaleonídeos, capazes de mudar de cor conforme o ambiente. Importa contrariar esta tendência antes que a situação assuma contornos de "partido único" onde o poder se resume ao Partido Socialista cujas directas, por certo em formato plebiscitário, estão também para breve. Para tal não bastam parábolas oxigenadas e povoadas alegoricamente pela fauna da nossa praça. Na realidade, é preciso povoar o nosso habitat político com novas espécies e, sobretudo, com novas ideias para o futuro que não será um tempo de parábolas mas de acção.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicas digitais do jornaldiario.com

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