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Fez furor, pelas razões erradas, a "escandalosa" 1ª página do Diário de Notícias na qual se denunciavam os faustosos vencimentos dos gestores públicos Açorianos. Uma auditoria do Tribunal de Contas, qualificada como "arrasadora", concluíra que o ganha-pão dos gestores das empresas públicas Açorianas era "milionário". Tudo de acordo com a habitual visão perdulária da nossa Autonomia. Com efeito, mesmo sem auditorias, o preconceito instalado no continente ajuda a edificar uma visão dos Açores como o eldorado das novas oportunidades; visão que remonta à submersão das restantes províncias ultramarinas, e que só por si justifica notícias sensacionalistas como a que elaborou o DN. O certo é que os Açores - (e a Madeira idem) - oferecem aos quadros superiores da Nação, públicos ou privados, regalias e "alcavalas" sem singela comparação com outras parvónias deste País. A ser assim, como efectivamente é, muitos concidadãos migram para estas paragens em demanda de melhores oportunidades pecuniárias. Das duas uma: ou por cá estanciam, cuspindo no prato que lhes servem, sempre amaldiçoando o triste fado de para cá terem sido desterrados, ou então, fundam uma nova vida e casos há em que a sua alma é mais Açoriana do que a de muitos autóctones que apenas são Açorianos pelo acidente biológico de terem cá nascido. Voltando à vil pecunia, o dito estadão remuneratório dos gestores públicos, incluindo o vencimento base e pagamentos em espécie, cifra-se num valor próximo dos 5.ooo €. Pessoalmente o que me repugna, e que reputo de absoluta indigência mental "de vão de escada", não é a suposta cifra anafada do recibo de vencimento dos visados. O que me repugna e escandaliza é que o Tribunal de Contas e o DN tenham tomado por comparação o referencial de "rendimento médio" de 600 euros mensais por cada Açoriano. Não sei se para a média contribuíram os valores "milionários" dos gestores públicos, mas o cômputo geral deixa na sombra as cifras negras da realidade de muitos Açorianos. Apesar da retórica de progresso e paridade social dúvidas não restam que na nossa sociedade são muitos os cidadãos que não auferem os medianos 600 € mensais. Com efeito, no campeonato nacional do rendimento mínimo o nosso ranking é que nos deveria escandalizar. Na verdade, nos Açores do novo milénio as fileiras de licenciados qualificados, muitos deles com variadas especializações complementares, no desemprego ou a realizarem tarefas inadequadas à sua formação, remuneradas abaixo dos ditos 600 €, é que deveria escandalizar as nossas consciências públicas. Essa triste realidade, da qual ninguém tem inveja, é que não pode deixar de nos indignar e escandalizar. Mas, a avaliar pelas reacções, a pauperização do rendimento médio dos Açorianos e a hipoteca do seu rédito de polichinelo, designadamente, para custear a gestão pública de investimentos faraónicos, que têm por paradigma a matriz e o modelo das Scut´s, é uma realidade que não escandaliza ninguém e até parece reunir o consenso do arco do poder! Que não revolte ou escandalize ilustres tribunos da metrópole, como por exemplo sucedeu com a erupção de indignação do Dr. José Miguel Júdice, neófito porta-voz dos Socialistas da capital, é perfeitamente natural. O que me espanta é que ninguém se escandalize com a falácia do rendimento mediano, convencional, e nominal, dos Açorianos quando a realidade do seu rendimento efectivo é o reverso de uma realidade que para outros é cor-de-rosa.
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João Nuno Almeida e Sousa amanhã nas crónicas digitais do jornaldiario.com
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Fez furor, pelas razões erradas, a "escandalosa" 1ª página do Diário de Notícias na qual se denunciavam os faustosos vencimentos dos gestores públicos Açorianos. Uma auditoria do Tribunal de Contas, qualificada como "arrasadora", concluíra que o ganha-pão dos gestores das empresas públicas Açorianas era "milionário". Tudo de acordo com a habitual visão perdulária da nossa Autonomia. Com efeito, mesmo sem auditorias, o preconceito instalado no continente ajuda a edificar uma visão dos Açores como o eldorado das novas oportunidades; visão que remonta à submersão das restantes províncias ultramarinas, e que só por si justifica notícias sensacionalistas como a que elaborou o DN. O certo é que os Açores - (e a Madeira idem) - oferecem aos quadros superiores da Nação, públicos ou privados, regalias e "alcavalas" sem singela comparação com outras parvónias deste País. A ser assim, como efectivamente é, muitos concidadãos migram para estas paragens em demanda de melhores oportunidades pecuniárias. Das duas uma: ou por cá estanciam, cuspindo no prato que lhes servem, sempre amaldiçoando o triste fado de para cá terem sido desterrados, ou então, fundam uma nova vida e casos há em que a sua alma é mais Açoriana do que a de muitos autóctones que apenas são Açorianos pelo acidente biológico de terem cá nascido. Voltando à vil pecunia, o dito estadão remuneratório dos gestores públicos, incluindo o vencimento base e pagamentos em espécie, cifra-se num valor próximo dos 5.ooo €. Pessoalmente o que me repugna, e que reputo de absoluta indigência mental "de vão de escada", não é a suposta cifra anafada do recibo de vencimento dos visados. O que me repugna e escandaliza é que o Tribunal de Contas e o DN tenham tomado por comparação o referencial de "rendimento médio" de 600 euros mensais por cada Açoriano. Não sei se para a média contribuíram os valores "milionários" dos gestores públicos, mas o cômputo geral deixa na sombra as cifras negras da realidade de muitos Açorianos. Apesar da retórica de progresso e paridade social dúvidas não restam que na nossa sociedade são muitos os cidadãos que não auferem os medianos 600 € mensais. Com efeito, no campeonato nacional do rendimento mínimo o nosso ranking é que nos deveria escandalizar. Na verdade, nos Açores do novo milénio as fileiras de licenciados qualificados, muitos deles com variadas especializações complementares, no desemprego ou a realizarem tarefas inadequadas à sua formação, remuneradas abaixo dos ditos 600 €, é que deveria escandalizar as nossas consciências públicas. Essa triste realidade, da qual ninguém tem inveja, é que não pode deixar de nos indignar e escandalizar. Mas, a avaliar pelas reacções, a pauperização do rendimento médio dos Açorianos e a hipoteca do seu rédito de polichinelo, designadamente, para custear a gestão pública de investimentos faraónicos, que têm por paradigma a matriz e o modelo das Scut´s, é uma realidade que não escandaliza ninguém e até parece reunir o consenso do arco do poder! Que não revolte ou escandalize ilustres tribunos da metrópole, como por exemplo sucedeu com a erupção de indignação do Dr. José Miguel Júdice, neófito porta-voz dos Socialistas da capital, é perfeitamente natural. O que me espanta é que ninguém se escandalize com a falácia do rendimento mediano, convencional, e nominal, dos Açorianos quando a realidade do seu rendimento efectivo é o reverso de uma realidade que para outros é cor-de-rosa.
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João Nuno Almeida e Sousa amanhã nas crónicas digitais do jornaldiario.com
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