quarta-feira, julho 28

JUST DO IT



Sem cair nas disfunções comportamentais da vigorexia o desporto faz bem à saúde ! Na verdade é o melhor remédio contra o sedentarismo e um poderoso elixir da juventude. Assim é, não tanto porque serve a projecção da imagem preconcebida dos «corpos danone», mas, porque pode e deve servir para nos mantermos em convívio com a juventude.

Sociologicamente julgo que o «boom» dos ginásios e das artes acrobáticas alternativas, como por exemplo o Yoga, o Tai Chi e a Capoeira, tem também conexão com a necessidade de afirmação de um sentimento de pertença a uma determinada comunidade. Junta-se a isto a aceitação generalizada de que a «malhação» é uma forma de convívio social sem o anátema de qualquer sentimento de culpa, sendo até influenciada por poderosos out-puts, nomeadamente, os modelos padronizados de cultura (ou sub-cultura) e estética.

No «milieu» é também frequente a afirmação da dimensão espiritual do desporto evocando-se para o efeito, ad nauseam, a máxima «anima sana in corpore sano» que até serviu de acrónimo para uma marca de «running shoes» ( diga-se em abono da verdade que os asics até são os melhores do Mundo ) !

Tirando os lugares comuns do equilíbrio entre o Yin e o Yang até acredito na dimensão espiritual do desporto, até porque se nada se sacrifica nada de obtém. É nessa dimensão penitencial e sacrificial do desporto que reside a sua espiritualidade pois, é ela que conforma e disciplina o carácter. Apesar de não ser um acólito do estilo de vida zen basta-me a experiência comum e pessoal para, em jeito de dogma, acreditar nos valores morais e espirituais do desporto. Eles aí estão na comunhão com a natureza, na perseverança de quebramos os nossos limites, na utopia de vencermos a entropia, na humildade de não ambicionarmos atingir certas metas, na honra de um desafio com fair play, no respeito pelo outro que é nosso adversário mas também é o amigo com quem se treina, na modéstia de saber ganhar e saber perder, na busca da nossa identidade e .... no prazer de viver em comunhão com o Mundo.

Para mim o desporto não se reduz ao circo do Euro 2004 ou ao negócio de Atenas 2004, é mais vasto do que essa realidade e da sua prática também transpira amizade, respeito e modéstia...

Nesse templo em que o culto é o corpo deve imbricar-se uma dimensão espiritual que sintetize o que o Homem tem de melhor e que o superioriza perante a bestialidade...afinal a longevidade não advém apenas da prática milagrosa de determinados exercícios físicos, mas da comunhão com a paz de espírito que provem de estarmos bem com a vida.

Acredite que o desporto ajuda. Se ainda aí está sentado não perca tempo e creia-me que nunca é tarde ... como diz o outro que nunca foi estrela ou craque : « just do it » !


Este post era para sair em letra de forma na # 14 da : Ilhas (versão uncut) e acabou saindo digitalizado no Blog...no hard feelings aconselha o fair play. Quanto à revista está cada vez melhor e talvez para alguns ainda melhor sem a minha presença...de qualquer modo vão ter que me gramar no lançamento!

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