domingo, julho 4

[escandaloso]

Não resisto a transcrever o seguinte: «Apesar da satisfação, algumas entidades do Pico estão já preocupadas com o futuro da ilha. O provérbio popular que diz que "não há bela sem senão" assenta como uma luva na actual situação da ilha do Pico. Por um lado, a satisfação pela Paisagem da Vinha da ilha do Pico ter sido "homenageada" com a distinção de Património de Interesse Mundial, por outro, as implicações que a manutenção do dito "património" poderão trazer para os dois concelhos abrangidos. Neste momento, o mais preocupado é Jorge Rodrigues, presidente da autarquia da Madalena, por ser o que dos dois concelhos mais área vê abrangida. Apesar de referir que esta "nomeação" é uma porta aberta para o aumento do turismo, aliado aos actuais desenvolvimentos referentes às ligações áreas para a ilha, lembra que é necessário criar condições para receber esses mesmos turistas. Apesar da ilha do Pico ser a segunda maior dos Açores e a que se prepara para receber mais turistas, é no entanto a que menos condições apresenta em termos de alojamento. Mas o que mais preocupa Jorge Rodrigues prende-se, não com a falta de soluções, mas sim com as limitações em termos de construção aplicáveis em toda a área Património. De tal modo que chega mesmo a dizer que em causa poderá estar a evolução da Vila da Madalena. Igual opinião tem Manuel Joaquim, presidente da Câmara de São Roque, que apesar de só ter duas freguesias abrangidas refere que a manutenção da zona Património está em muito dependente da "boa vontade" da população proprietária de terrenos na área. É que, desde há algum tempo a esta parte, à gestão desta área tem sido aplicado um decreto regulamentar, preciso quanto a regras para a construção de novas habitações e recuperação das já existentes, a saber: nas zonas núcleo, por exemplo, as "adegas" devem ser de pedra, com portadas, janelas e portas de madeira, pintadas de verde e branco; as dimensões das áreas cobertas têm de igual modo limites, assim como há normas quanto à cobertura das habitações(...)». Notícia do AO de 04/07/04 assinada por Sandra Cristina Sousa. A questão é simples - merece o Pico esta classificação? Sim. Merecem estes senhores gerir os destinos da segunda maior ilha dos Açores? Não. É mais um paradigma do "desenvolvimento" nos Açores. Os que nos visitam elogiam a paisagem natural e a nossa "preservação ambiental". E os locais!? Estão preocupados, sim, em betonar tudo. Será que por detrás destas "preocupações" estarão contratos ou acordos imobiliários pouco transparentes!? Estas posições são uma vergonha para todos nós. Nesta perspectiva e se todos corroboram estas posições, então - Não Merecemos Políticos Melhores. Temos, sim, os Políticos que Merecemos. O Melhor, enquanto ainda é tempo, será recusar a classificação de Património da Humanidade e transferi-la para outro lado onde "regras" e medidas "proteccionistas" não sejam um "empecilho" ao crescimento e ao progresso...a ignorância é confrangedora, tenho, simplesmente, vergonha.

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