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O compromisso de Durão Barroso com os portugueses não era "soft", era "hard". Era forte e feio e duro. Foi feito numa eleição difícil, ganha à tangente, foi feito pelo risco de uma coligação que tinha e tem os seus problemas. Foi feito numa situação que o primeiro-ministro sempre caracterizou como sendo de emergência nacional, gerada pelas políticas de descalabro do PS. Foi feito para um Governo que ofereceu dificuldades aos portugueses, dizendo-as absolutamente necessárias, patrióticas, e que sempre disse que não governava para eleições. Foi feito sem recuo.
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Sugerido o convite, José Manuel Durão Barroso devia ter dito não. Devia ter pensado no seu azar de estar no local errado (no Governo português), no tempo errado (depois de uma derrota eleitoral, a meio do mandato, sem estabilidade na sucessão), e, com legítima pena e grande sacrifício pessoal, ter dito não. Devia ter dito: "Honra-me muito o vosso convite, mas não tenho condições para aceitar neste momento difícil do meu país." Devia ter pensado: "Os que me têm apoiado nesta tarefa árdua de pôr em ordem o meu país não podem ser abandonados." Devia ter pensado: "Fiz promessas tão claras aos portugueses que não tenho face para agora me ir embora, todos vão pensar que fugi." Devia ter pensado e certamente pensou. Mas "José Barroso" acabou por dizer sim.
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José Pacheco Pereira in Público
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