A 30 de Junho perguntei-nos se "numa democracia votam-se ideais ou indivíduos???". Hoje descobri este texto.
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"Numa democracia representativa como a nossa, é suposto que a luta pelo poder político se processe através de eleições, realizadas num determinado intervalo de tempo. E o que é suposto estar em causa nesses actos eleitorais é o confronto entre dois ou mais conjuntos de propostas, que devem ser julgadas pelos eleitores, que escolherão os seus representantes consoante estes defendam ou não as propostas que julgam mais adequadas.
Ao escolherem alguém pela sua "competência", "independentemente das suas ideias", relativizando aliás a importância destas ("cada um tem as suas"), os eleitores estão a menosprezar o elemento central da democracia, a competição pelo poder através do debate de diferentes propostas políticas. E ao fazê-lo, estão a eliminar a política. Ao eliminar da equação que conduz à sua escolha de um seu representante político o elemento "político", as ideias que ele defende, o eleitor está-se a colocar numa posição perigosa. Está-se a colocar à mercê daquilo a que Tocqueville chamou de "despotismo democrático", a entrega progressiva das liberdades dos cidadãos a um demagogo, a alguém que se apresenta como capaz de as conduzir. Como alguém "competente". E como as ideias não entram na equação que conduz o processo de escolha ("cada um tem as suas"), pouco ou nada interessa a impraticabilidade do que esse hipotético demagogo defende, ou sequer o carácter eventualmente iliberal e anti-democrático dessas mesmas ideias. "
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Segunda-feira, Julho 12, 2004
Rei Morto, Rei por Pôr
de Bruno Alves
Desesperada Esperança
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