...
...
Eu haverei de erguer a vasta vida
que ainda é o teu espelho:
cada manhã hei-de reconstruí-la.
Desde que te afastaste,
Quantos lugares se tornaram vãos
E sem sentido, iguais
a luzes acesas de dia.
Tardes que te abrigaram a imagem,
Música em que sempre me esperavas,
Palavras desse tempo,
Terei de as destruir com as minhas mãos.
Em que ribanceira esconderei a alma
para que não veja a tua ausência,
que como um sol terrível, sem ocaso,
brilha definitiva e sem piedade ?
A tua ausência cerca-me
Como a corda à garganta.
O mar ao que se afunda
...
(Jorge Luís Borges in Fervor de Buenos Aires)
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Eu haverei de erguer a vasta vida
que ainda é o teu espelho:
cada manhã hei-de reconstruí-la.
Desde que te afastaste,
Quantos lugares se tornaram vãos
E sem sentido, iguais
a luzes acesas de dia.
Tardes que te abrigaram a imagem,
Música em que sempre me esperavas,
Palavras desse tempo,
Terei de as destruir com as minhas mãos.
Em que ribanceira esconderei a alma
para que não veja a tua ausência,
que como um sol terrível, sem ocaso,
brilha definitiva e sem piedade ?
A tua ausência cerca-me
Como a corda à garganta.
O mar ao que se afunda
...
(Jorge Luís Borges in Fervor de Buenos Aires)
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