A arte de fazer acreditar é difícil e assenta, sobretudo, na arte de comunicar – umas vezes mais e outras menos. Em qualquer uma das situações, essa arte vive dos grandes comunicadores, que sabem como fazer-se ouvir, até no silêncio ao qual muitas vezes se dedicam.
Transportando a visão acima descrita para o modelo democrático em que vivemos, assistimos a uma relação dialéctica entre os “comunicadores” que mandam e os “comunicadores” que, não mandando, são designados (incompreensivelmente, no meu entender) por oposição. De um lado os que incensam o que o poder instituído determina e “manda” fazer e, por outro, os que, na ideia dos anteriores, só vêem o que está mal feito.
Os artesãos (para não lhes chamar artistas) que propagandeiam, a seu bel-prazer, a informação, a desinformação e, até mesmo e muitas vezes, a contra informação, devem carregar sobre os ombros o peso, não o da responsabilidade (porque a sua "arte" assenta na leviandade), mas o da consciência que, propaganda após propaganda, vai aumentando, até se tornar absolutamente insuportável (já todos vimos acontecer o pior).
Coitados daqueles que, na desdita dialéctica, se apresentam com sentido crítico, pois, deles não reza a história. Isso de analisar as coisas, na tentativa de encontrar pontes e pontos de equilíbrio – entre o custo e o benefício, entre as desvantagens e as vantagens –, não serve o sistema.
Que se lixem as populações. Os eleitores é que têm que ser conquistados. E a dinâmica instalada – incentivada e gerida pela disponibilidade financeira que, noutras áreas, acaba por escassear – torna quase impossível o «simples» exercício da cidadania.
No entanto, tudo se torna muito mais fácil para os defensores do regime (seja ele qual for) que até se tornam, aparentemente, mais inteligentes, falando do alto da sua imensa sabedoria, pois, doutrinar as gentes ainda não sortidas neste self-service da política pasquinada é preciso e urge fazê-lo.
É por estas e por outras que quem discorda «só fala mal» e «é incapaz de ver o que é bem feito».
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