"A Europa só pode ser considerada a mais una das diversidades ou a mais pluralista das unidades", disse-o com propriedade e afición europeísta o saudoso Professor Francisco Lucas Pires. Hoje esta realidade é acentuada por um alargamento que tende a fazer da Europa uma supra união desde as Lajes das Flores até Vladivostok ! Efectivamente, está já na agenda do concerto das nações Europeias a possível inclusão da Rússia no clube da União. Qual o lugar que nos resta numa União desta grandeza territorial? Disse-o também com propriedade a Dr.ª Berta Cabral: "Somos uma Região da Europa e queremos também uma Europa das Regiões". Ora, é neste tabuleiro de xadrez da política Europeia que precisamos de vincar também a ascendência da vocação marítima da Europa e a certeza de que o mar concede às periferias uma mais-valia geoestratégica de expansão política das margens da Europa. Se esta "sinfonia das Nações" é um hino para os europeístas, como olhar para Bruxelas com as lentes de um eurocéptico? Para já como uma inevitabilidade do presente e, por certo, do futuro. Tudo isto sem oportunismos que tendem a governamentalizar as obras cuja factura é imputável à União ou a imputar à Europa as desditas da Pátria. É pois inevitável aceitar-se que a União Europeia está no meio de nós, e nalguns casos com vantagem manifesta para o Estado Português. Ilustra bem essa vantagem o actual panorama de crise económico-financeira onde ficou bem exposta, por um lado, a fragilidade da actuação individual do Estado e, por outro lado, a mais-valia de uma concertação supra nacional ao nível de uma União de Estados, de tal forma que os Estados tradicionalmente "orgulhosamente sós" estão agora aí a bater à porta da Europa. Mas da Europa não podemos esperar apenas comodidades, pelo que, devemos estar de prevenção para as adversidades. A nossa relação com a Europa terá que ser de reciprocidade e aliança com vista à execução concreta da coesão política que não se basta com a solidariedade dos euros mas exige a efectiva vivência da liberdade de circulação de pessoas e bens. Esta Europa ainda está por cumprir nos Açores, pelo que, lutar por ela passa por "investir no sector dos transportes, de passageiros e mercadorias, nas vias marítimas, aéreas, terrestres e digitais, garantindo a mobilidade e comunicação a preços compatíveis com o orçamento familiar médio e competitivos para as empresas que querem crescer e expandir-se" como reconhece a candidatura do PSD-Açores no compromisso eleitoral da Professora Maria do Céu Patrão Neves. Os caminhos da Europa não são apenas os traçados pelo directório franco-germânico mas o de todas as regiões cuja autonomia deve ser sempre defendida. Há quem não esteja disponível para essa luta preferindo militar na trincheira do centralismo, da desconfiança de merceeiro em relação aos custos da insularidade, e ainda do desdém pela autonomia do poder local! Nestas fileiras está certamente o cabeça de lista do PS, o Professor Vital Moreira, para quem as regiões, a descentralização, e as autonomias dos Açores e da Madeira, mas também a das suas autarquias, são luxos democráticos. Não votar nessa militância é retribuir em sede própria o que é devido a quem sempre esteve contra a afirmação dos nossos valores autonómicos, seja no todo nacional, seja no centro da Europa.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
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