Faz agora dez anos que um pequeníssimo grupo de amigos (começou com dois e não passou de cinco) se juntou para criar uma singularidade. Tenho à minha frente o 1º número da :ILHAS e ao olhar para este peixinho dourado que parece querer nadar na capa de fundo branco penso, sem mágoa nem nostalgia, que esse encontro de há dez anos atrás trouxe tudo de bom e foi um dos grande momentos da minha vida.
Numa manhã mais ou menos normal de Ponta Delgada eu e o Alexandre sentámo-nos na Tabacaria, provavelmente em torno de dois cafés, uma Água das Pedras e o Açoriano Oriental e discutimos Cultura. Acabados de chegar à ilha, completa a academia e na perspectiva de começar a vida, falávamos de projectos, que é coisa que os jovens fazem, inventamos ideias e criamos um esboço que viria a chamar-se MUU e cujo cartão de visita era uma criação editorial chamada :ILHAS.
Jovem que é jovem quer ser editado e nós não fomos excepção, caímos aliás em todos os estereótipos, todos menos um: nunca fomos consensuais. Numa terra feita de bipolaridades idiotas o primeiro propósito da :ILHAS e da MUU foi reunir sem facções, nem partidarites, nem sequer concordâncias, gentes de todos os campos, de todas as cores, de todos os feitios. O único critério era, mesmo que nem sempre tenha sido cumprido, a validade das ideias e a qualidade dos contributos, fossem eles textos, imagens ou o que fosse.
Com isso em mente partimos à procura de colaboradores e mantivemos sempre esse critério rigoroso de censurar apenas a mediocridade e o sectarismo ignorante. Ao terceiro número o inevitável nome João Nuno Almeida e Sousa chegou, altivo, às páginas da :ILHAS.
O João Nuno é tudo o que eu não sou: Alto, magro, sério, jurista, judoca, pai de dois filhos, sionista, duro de ouvido, reaccionário, conservadoríssimo, PSD, motard, poupado, paciente, cabelo e olhos escuros e prefere cães em vez de gatos. Todos estes atributos faziam do João Nuno, desde o inicio, um colaborador inevitável da :ILHAS. Mais do que a antiga amizade que nos unia e une, mais do que os velhos pergaminhos de conhecimentos e obrigações entre famílias, era a vivacidade e actualidade das ideias que obrigava a essa colaboração.
A minha relação com o JNAS é a comprovação prática da velha máxima anglo-saxónica: whe agree to desagree. E nunca poderia ser de outra maneira. Se há coisa que espero que a :ILHAS e este afilhado blogue deixe para o futuro é a ideia sempre tão frágil nesta pequena terra de extremos e efervescências de que no mesmo curto espaço, desde que com civilidade, podem conviver e celebrar-se vontades, crenças e ideologias opostas.
Tudo isto para dizer – Parabéns João Nuno.
Não tarda apanho-te, aí nos quarenta.
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