quinta-feira, fevereiro 19

Em sentido contrário

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A bondade de uma medida política não se mede pelo facto de ter sido ou não tomada por um determinado partido. Se aproveita a toda a comunidade não deveria ser objecto de remoques. Estes ou são erupções sectaristas ou apenas expressão de pura frustração daqueles cuja agremiação não patenteou oportunamente a ideia e o respectivo projecto. Paradigma desta frustração e crítica inane é a performance a que agora se assiste, tendo por alvo a Polícia Municipal de Ponta Delgada, cujo projecto é mais uma conquista do PSD e da equipa de Berta Cabral. Uma promessa eleitoral que se concretizou em Junho de 2003 com a criação da Polícia Municipal de Ponta Delgada que foi agora, em Fevereiro de 2009, ratificada pelo Governo da República. Não é matéria de somenos importância até porque é a primeira polícia do género a ser criada nas Regiões Autónomas. Sendo impossível negar a autoria deste projecto assistimos agora ao esforço de alguns sectores do PS empenhados em menorizar a relevância desta medida como se fossem já uma franja da oposição comissariada para os habituais petardos de maledicência. Por exemplo: ora, se reduz a nobre missão da Policia Municipal à guarda de parquímetros, ora se caricatura a dependência hierárquica da Presidente de Câmara, porventura, porque se lastima que aqui não haja a "mãozinha" da rosa para a propaganda do costume. A Polícia Municipal de Ponta Delgada será muito mais do que esta visão redutora, desde logo, porque nos termos da lei pode e deve cooperar com "as forças de segurança na manutenção da tranquilidade pública e na segurança das comunidades locais." É também de segurança que aqui se trata e esta é hoje um bem cada vez mais escasso como todos nós sabemos, apesar da repetida mentira de que vivemos, sem crise, num oásis de tranquilidade cor-de-rosa. As populações conhecem a realidade e sabem que toda e qualquer medida que reforce a segurança dos "espaços públicos" é objectivamente positiva. Cremos que este projecto da Polícia Municipal de Ponta Delgada está em sintonia com a actualidade e com os seus desafios. Temos a certeza de que a mesma terá o contributo do Governo da República, não como um favor, mas como um dever legal que decorre de uma candidatura que cumpriu com todos os pressupostos legais, e que mereceu parecer favorável de uma comissão independente que escrutinou a sua viabilidade, sustentabilidade e adequação à lei. Acreditamos que a Polícia Municipal de Ponta Delgada está na ordem do dia por mérito de quem avançou com a sua criação e será uma mais valia para o futuro da maior cidade do arquipélago. Há quem prefira negar o futuro mas, mesmo estes se olharem para o passado compreenderão que é pela mão do centralismo e do sectarismo que se trava o desenvolvimento regional e local dos Açores. O mesmo centralismo que em 1900 extinguiu o corpo de zeladores da edilidade de Ponta Delgada – uma espécie de policia municipal dos nossos avoengos – cuja história está bem "cadastrada" no artigo de opinião de Joaquim Machado no Açoriano Oriental de 16 de Fevereiro. Uma história de leitura obrigatória especialmente para os descendentes do serviçal centralismo que é hoje, juntamente com os seus personagens, cada vez mais uma extravagância museológica em sentido contrário ao tempo do presente e do futuro
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.com

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