quarta-feira, março 5

There will be blood ?




There will be blood, uma adaptação do romance de Upton Sinclair, Oil (1927), vai estar brevemente numa sala de cinema perto de si, mas enquanto tal não acontece bem que podemos ir assistindo ao filme das eleições presidenciais americanas, muito embora leia nas caixas de comentários que este blog dedica excessiva atenção a esse processo. Pois, paciência.

Preferia estar na pele do Daniel Day Lewis, que desempenhou o papel principal no filme de Paul Thomas Anderson, do que na de Howard Dean, o energético ex-Governador do Vermont sobre quem recai a responsabilidade de coordenar a Convenção Democrata em Denver, no próximo Verão. Como disse o Pedro no seu post de ontem, depois da vitória de Hillary Clinton no Texas e Ohio, the race is still on. E eu acrescento and on, and on, and on, como o coelhinho da Duracell. Ora, por este andar, a nomeação do candidato Democrata à Casa Branca só será decidida em Denver. Desde logo, boas notícias para John McCain. A partir de hoje o tempo joga a favor dos Republicanos, mas nem sempre jogará a favor de McCain – o homem já dobrou os 70 e durante a pré-campanha, à custa do seu proverbial straight talk, cometeu a gaffe de admitir que poderia apenas cumprir um mandato. Mais tarde ou mais cedo isso será um tema lançado contra a sua campanha mas, por ora, McCain is cruising e até encontrou em Hillary Clinton uma inesperada aliada. A política tem destas coisas e os Clinton falam de cátedra em matéria de triangulações, ou não tivesse sido Bill o inventor de uma escola depois seguida por Tony Blair. Percebe-se que os Republicanos do Texas aconselhassem os seus simpatizantes a votarem em Hillary – tinham todo o interesse em manter a corrida Democrata aberta. Mas não se percebe como é que Hillary disse numa entrevista à CBS que McCain seria melhor Comandante-Chefe do que Obama. Ou melhor, percebe-se, porque foi à custa disso e do anúncio do telefonema às 3 da manhã para a Casa Branca (também ele publicidade indirecta para McCain), que Hillary Clinton conquistou ontem o direito a prolongamento. Como perguntava o Guilherme Marinho no Chá Verde: vale tudo menos tirar olhos? Bem, passe o aforismo sexista, a política não é um jogo para meninas e Hillary Clinton, mau grado os seus ares de Martha Stewart, tem pelo na venta para dar e vender. Faço-lhe uma vénia. A campanha dela melhorou muito: dispensou o marido de aparecer, virou inteligentemente os media contra o Obama e atacou-o sem contemplações nas partes baixas. E lá se foi a erecção, também conhecida por momentum. A verdade é esta: os Democratas estão enredados na sua própria rede e algumas Cassandras do partido já vieram recordar a Convenção de Chicago, em 1968, onde os superdelegates não seguiram a tendência do voto popular e acabou tudo ao molho.
Coitado do Howard Dean. Se fosse a ele inscrevia-me no Yoga. There will be blood é o título do filme. O ponto de interrogação é meu.

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