quarta-feira, junho 20

Os liberticidas e a IVG obrigatória !

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Paradoxalmente, mas sem surpresa, a inteligentzia bem pensante da capital já se indignou com o corpo clínico do colégio de obstetrícia e ginecologia do Hospital de Ponta Delgada que, no exercício de um direito fundamental à sua liberdade de consciência, objectou em bloco à realização do aborto a pedido. Curiosamente, a "turba" que durante a campanha para a despenalização da IVG a pedido invocava, em defesa do "Sim", a liberdade de consciência das mulheres é agora a mesma que se indigna com a objecção de consciência expressa pelos médicos que se recusam a executar um feto até às 10 semanas ! Mais do que activistas a favor do aborto a pedido, ou de qualquer outra "causa fracturante", esta intelectualidade de esquerda é, e sempre foi, visceralmente liberticida.


Por princípio são fervorosos paladinos dos Direitos, Liberdades e Garantias…desde que se trate dos "seus" direitos e daqueles que professam a mesma fé ! Quando toca aos Direitos Fundamentais dos outros, e no domínio da consciência alheia, o verniz estala e o autoritarismo da cartilha Socialista emerge. Quem lê por esta cartilha, não só se indigna no caso em questão com o uso do estatuto do objector de consciência, como ainda se presta ao habitual remoque daqueles que, em consciência, têm opinião dissidente, retratando-os como seres atavicamente retrógrados. Assim, a bem do aborto a pedido, enxolhava-se sem piedade o Direito Fundamental da liberdade de consciência demandando a prostração dos médicos objectores a um suposto dever de colaborar com a exequibilidade da nova lei da IVG! É a mentalidade colaboracionista no seu pior.


Com zelosa devoção ideológica à causa do aborto a pedido estes torcionários da liberdade de consciência exigem que o Estado recrute para os serviços de obstetrícia e ginecologia do "Hospital do Divino Espírito Santo", e outros similares, "médicos não objectores", organizando os serviços e o quadro clínico em conformidade com a IVG a pedido. Pouco importa que tal engenharia social seja contrariada pela Constituição que, expressamente, prevê que ninguém pode ser privilegiado ou beneficiado em função das suas convicções políticas ou ideológicas. Pouco importa que a organização e recrutamento não se faça em função do mérito clínico, mas sim a reboque de uma mentalidade que pouco preza a liberdade de consciência. O que importa é, a todo o custo, organizar uma "milícia" de "médicos não objectores" que façam cumprir, mesmo à custa da Constituição, a nova lei da IVG. Por este caminho não tarda vão pugnar pela IVG Obrigatória!
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicas digitais do jornaldiario.

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