sexta-feira, junho 15

Galeria de Vaidades



Mel Ramos (1935- )

Virnaburger, 1965. Óleo sobre tela, 152x127 cm


Se calhar não tem nada a ver, pois Virna é nome razoavelmente comum nos Estados Unidos da América, mas sempre imaginei o título desta pintura como uma homenagem à perturbante Virna Lisi que, depois dos seus cinco minutos de fama em Hollywood contracenando com Jack Lemon e Tony Curtis nos anos de 1965 e 1966, foi escolhida para interpretar o leading role no filme Barbarella. Saudosa da pátria, Virna Lisi declinou o convite e voltou para Roma, deixando assim caminho aberto a Jane Fonda para se tornar o primeiro sex symbol da geração pop. Quem já viu o Barbarella sabe perfeitamente do que estou a falar. E assim procuro, caro Alexandre, penitenciar-me do meu deficit de Cherchez la Femme, mas, para te ser sincero, este post é mais uma expressão de benfiquismo. É que o proprietário do Virnaburger chama-se Joe Berardo. Abriu os noticiários da noite com a sua OPA sobre o Benfica e, como se já não fosse pouco, com o seu co-financiamento do estudo alternativo à Ota. Há um certo Portugal bem pensante que se arrepia com os erros de sintaxe do Sr. Berardo, eu não. Há um certo Portugal bem pensante que se inquieta com o protagonismo financeiro, cultural e, agora, social, do Sr. Berardo, eu não. Desejo-lhe as maiores venturas, sobretudo depois de o ter ouvido hoje no Jornal das 9. E daqui lhe lanço um apelo: leve o Virnaburger para o Estádio da Luz. Lá quanto a contratações de pontas de lança não arrisco palpites, mas de uma coisa estou certo: o Benfica é um clube popular e a pop art, como o nome indica, também. Organize pequenas mostras da sua colecção no Estádio da Luz, Sr. Berardo, e faça assim aquilo que nenhum ministro da Cultura até hoje conseguiu: aproxime a Arte Moderna do Portugal mal pensante. Viva o Benfica.

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