Com a devida "pompa e circunstância" foi oficialmente inaugurada a Escola do Pauleta. Será que este pólo de actividade desportiva, associado à imagem de marca de Pauleta, é a consequência natural de uma região que marcha ao ritmo do desporto? A dúvida não é apenas um mero exercício de retórica mas serve de inevitável sugestão de reflexão. O certo é que esta "iniciativa privada" foi oportunamente coadjuvada pelo mecenato público, mais concretamente pela Região e pelo Município de Ponta Delgada. Com este exemplo as expectativas legítimas de outros agentes desportivos não podem deixar de ser positivas. Com efeito, sem o apadrinhamento ilustre de Pauleta, não faltam entre nós Clubes e Associações desportivas, muitas das vezes com estatuto de utilidade pública, que estoicamente aguardam das entidades públicas as vitualhas do costume apenas para manter a porta aberta com a liquidação das despesas correntes. Proporcionalmente é legítimo que reivindiquem dos poderes públicos similar quota-parte de apoio para as suas actividades igualmente meritórias em termos sociais e desportivos.
Na verdade, apesar de o futebol ser rotulado como o "desporto rei" não é menos verdade que esse dogma "classista" actualmente apenas se presta a perpetuar um tratamento de desfavor em relação às demais actividades desportivas. A realidade quotidiana demonstra que a actividade desportiva, competitiva ou de lazer, não se esgota nas quatro linhas e numa bola de futebol. Nesse sentido basta evocar a realidade Açoriana com 20.000 atletas federados dispersos por 45 Associações e 322 Clubes. Assim, nos Açores, o índice de prática desportiva federada ronda os 8%, ao passo que na Madeira é de 6% e no Continente queda-se por meros 3%. Esta demografia desportiva é preponderantemente alimentada por jovens pois 75% dos atletas federados têm menos de 18 anos. Contudo, o desporto é para todos, dos 7 aos 77 anos, justificando a nível da Direcção Regional do Desporto um investimento anual de aproximadamente 13 milhões de Euros. Trilhando o mesmo caminho as Autarquias Locais são também parceiros privilegiados dos agentes desportivos. Serve de exemplo a maior Câmara da Região pois Ponta Delgada, apenas no último quadriénio, investiu neste sector cerca de 12 milhões de Euros. O que se espera é que tais valores sejam equitativamente distribuídos pois o potencial desportivo desta região não se esgota em promissoras revelações da "bola" e em futuros craques feitos à imagem e semelhança de Pauleta. O que muitos ambicionam é que o desporto seja muito mais do que competição e jornada futebolística e seja, para todos, um estilo de vida.
joaonuno@jornaldiario.com
...
JNAS na edição de hoje das crónicas digitais do jornaldiario.com
Sem comentários:
Enviar um comentário