sexta-feira, maio 18

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Há dia e dias *

Nesta sociedade de consumo imediato e refém da omnipresença do poder simbólico anunciamos, previamente, os dias que queremos comemorar.

O “vender” exige que assim seja. É uma coexistência perniciosa, mas a necessidade promocional e de “massificação” pressupõe divulgação e isso acontece, muitas das vezes, com o recurso a algo “novo” e “apelativo”. Apenas pelo facto do evento ser “especial” se torna notícia ou só por meio dessa via é que os jornalistas assumem eles próprios esse dado acontecimento com o merecido destaque, por forma a constituir-se ele próprio “notícia”.

O próximo dia 18 de Maio celebra o Dia Internacional dos Museus.

E nunca como no último ano assistimos à relevância que assumiu o Museu Carlos Machado - um dos espaços museológicos mais importantes do arquipélago e o museu da ilha de São Miguel e da cidade de Ponta Delgada em particular. Se pode ser discutível a forma como foi conduzido o processo de nomeação do actual director, não podemos omitir a dinâmica operada por Duarte Melo a toda a instituição. Até então, ninguém parecia mostrar interesse pelo edifício e pelo programa de actividades desenvolvido. O nível do comentário público, à porta fechada, atingiu o nível do absurdo e da polémica inócua. Neste momento, o Museu Carlos Machado encontra-se em pleno processo de remodelação e de modernização, na procura da revitalização necessária à sua recolocação no panorama cultural da ilha e dos Açores. Uma operação eminentemente política!? Obviamente, pois passou a ser uma prioridade governativa (e ainda bem que assim o é!).

A importância em comemorar o Dia Internacional dos Museus (e para outros dias comemorativos associados à Cultura) prende-se com o facto de chamar à importância para espaços fundamentais da cultura que nos pertence e que tende a desaparecer. Mas, os museus não são apenas meros repositórios da cultura que passou. A renovação do Museu Carlos Machado representa, igualmente, a necessidade de renovação e da formação de públicos, bem como o modo como interagimos com o espaço museológico e de como o pretendemos “habitar”.

* publicado na edição de 15/05/07 do AO
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