...* Numa época em que os cortes orçamentais são o apanágio da gestão corrente do país, a Cultura, o parente pobre do orçamento de estado, é das áreas, a par da educação, que mais sofrem com toda a décima que lhe retiram.
Nos Açores exige-se cada vez mais profissionalismo e há mesmo quem fale em tornar a cultura numa fonte rentável. Muito bem. Gostaria que me fizessem chegar a fórmula milagrosa para tais realizações. Quem diz isto não sabe do que está a falar. Pior, ignora o quotidiano de quem (sobre)vive da Cultura. E tem dos Criadores e Gestores culturais uma ideia preconcebida e insultuosa.
São poucos os que conseguem subsistir de forma profissional tendo na deriva cultural a sua fonte de rendimento. Paralelamente e grosso modo, toda a produção regional é realizada tão-somente por intermédio de grupos amadores que, através dos tempos livres dos seus membros, conseguem levar à cena os objectivos a que se propõem. No entanto, muito desse trabalho, meritório é certo, dificilmente evoluirá e muitas das vezes estagna. A formação é pouca apesar da vontade. Pensar o Teatro, a Música e a Dança de forma profissionalizante é desde já uma prioridade. Mas que perspectivas profissionais existem para os formandos da futura escola de ensino artístico prevista para Ponta Delgada!? Um hobby!? A iniciação artística para uma formação artística no ensino superior!?...
O sistema cultural regional (um micro meio!) tem, obviamente, as suas falhas e está longe de ser perfeito. Mas não façamos da Cultura a ovelha negra do despesismo e (um)a culpada da crise que grassa no país. A gestão cultural tem de ser rigorosa e apela, cada vez mais, à imaginação, para do pouco tentar fazer muito.
* na edição de 12/12/06 do AO
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