quarta-feira, dezembro 6

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Caro Pedro,
Este teu post de falinhas mansas tem o timbre da habitual sobranceria e soberba com que alguns partidários do SIM (o meu amigo incluído) olham para os partidários do NÃO. Contudo, a tua verdade não é melhor do que a minha. Mas, por outro lado, podemos discutir que projecto de sociedade queremos. Se quisermos uma sociedade dessacralizada dos valores humanos podemos então funcionalizar a vida intra uterina ao bem-estar dessa sociedade; coisa que não repugna aos Socialistas em geral, o que aliás está em congruência com o desvalor personalista da sua doutrina que, em primeiro lugar, coloca a prevalência da sociedade sobre o indivíduo. No resto, não podemos omitir que, a ir avante este projecto do teu Partido Socialista, o que se pretende instituir não é uma simples despenalização, mas sim a institucionalização de um crime sem pena e sem castigo. No fim da linha teremos o aborto a pedido como ultima ratio da contracepção, o que era dispensável, numa sociedade em que, entre outros meios de planeamento da barriga, já vulgarizou o uso do látex. Ademais, a lei vigente já prevê os casos excepcionais de exclusão de ilicitude que a não se verificarem poderão contar com a Jurisprudência suplementar do estado de necessidade. Logo, salvo melhor opinião, não havia necessidade de se abrir a portagem para essa auto estrada liberalizante do aborto cfr. o amigo Pedro Arruda e os seus correligionários pretendem. No resto, claro está que tudo isto será custeado por contribuintes que acaso adoeçam permanecerão em lista de espera muito mais do que 10 semanas, ao invés das senhoras, cachopas e operárias fabris que prioritariamente terão acesso à respectiva marquesa para uma sucção abortiva !!! Acresce ainda que a formulação da pergunta referendária oblitera a responsabilidade do progenitor e é apenas mais um passo na subjugação do homem ao feminismo radical. Lamentável a todos os níveis. Como se depreende muito mais teria a acrescentar mas não tenho tempo...ficará a promessa de uma posta mais desenvolvida e um voto esclarecido no NÃO. Finalmente, mas não menos relevante, gostaria de ver esta matéria discutida a sério por especialistas e práticos das áreas da Obstetrícia-Ginecologia e dos ramos de Direito que, como se sabe, lidam com resmas de processos crime de abortadeiras que têm entupido os Tribunais e cujas pendências só são ultrapassadas pelos processos de execução dos calotes pregados à TMN e Vodafone.

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