Media nos Açores * Os jornais e os media nos Açores raramente são notícia. Aliás, são-no quase sempre por razões equidistantes aos próprios meios de comunicação: seja a alteração das regras nos subsídios a atribuir pelo governo (o caso Promedia); ou por encerramentos e constrangimentos. E este é, malogradamente, um assunto pouco ou nada contestado.
Durante este ano, Ponta Delgada assistiu à publicação de 4 diários. O título mais recente não resistiu e fechou recentemente as portas. Na base da implementação deste projecto esteve em cima da mesa algum estudo de viabilidade de mercado? Mais do que um projecto comunicacional era um projecto comercial? A existência de um novo jornal diário é/era uma exigência dos leitores? Quantos leitores existem em São Miguel (Ponta Delgada, em particular)? Haverá capacidade para absorver 3/4 diários em Ponta Delgada (digo Ponta Delgada porque dificilmente os jornais são de ilha, apesar de algumas tentativas, e menos ainda do arquipélago como muitas vezes se tenta fazer crer)? Perante a incidência global da informação em formato digital, que papel assumem os jornais locais? Os jornais ditos locais e/ou regionais devem ou não circunscrever à região o seu olhar num mundo globalizado? Para quem compra os jornais diários nacionais fará sentido ler as notícias, que fizeram notícia no dia anterior, nas páginas do jornal local no dia seguinte? Faz para que não os lê e não consulta a net!? Que público(s) é(são) este(s)? Quem é que lê e consulta jornais? Qual a frequência da compra? Que propósitos é que levam ao folhear das páginas de um diário - será um mero companheiro do café? Existem estudos sobre o jornal&leitor regional? Estas são questões que gostaria de indagar.
Relativamente aos profissionais do sector, nós, leitores, somos capazes de efectuar os melhores e piores juízos de valor em relação a quem edita um jornal nestas ilhas. Mas, existe alguém que os "defenda"? Terão a formação adequada? Existe uma associação ou sindicato que os represente? Nos Açores sempre existiu uma forte motivação à edição/publicação de periódicos, uma tendência que se mantém e regista alguma agitação. O que é que está na base deste frenesim editorial? Haverá qualidade editorial nos títulos ao dispor dos leitores ou estamos perante meras empresas, cujo objectivo maior é uma questão de facturação!?
As guerras e os ódios pessoais inerentes a um espaço sócio-cultural restrito delimitam forçosamente a agenda e a edição daqueles que, por princípio, têm por obrigação informar. Isso não é dito nem assumido, mas lê-se.
A partir desta semana e quinzenalmente a Comunicação, a Cultura, o Ambiente e algumas divagações circunstanciais serão motivo de escrita nesta coluna intercalada com o João Pacheco de Melo. Para já garanto, pois não gosto de promessas, que não vou falar do Santa Clara... * na edição de 17/10/06 do AO
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