sexta-feira, outubro 13

coisas realmente importantes

A excessiva politização do Prémio Nobel da Literatura destrói, ou não, a importância literária da obra dos laureados?

Adenda: Na minha opinião a Academia Sueca é demasiado política e, sim, demasiado de esquerda. A atribuição do prémio Nobel da Literatura tem sido, ao longo dos anos, uma manifestação mais política do que literária. É claro que os laureados são ao mesmo tempo bons, alguns mesmo grandes, escritores mas o prémio é sempre uma arma política. Em abono da Academia Sueca convém dizer que muitas vezes a politização mais excessiva é feita à posteriori pelos media, mas aquando da atribuição é já clara a mensagem politica que pode ser extraída do facto de tal escritor ter sido galardoado. Neste ano é claríssimo que Orhan Pamuk é galardoado não só por ser um bom escritor, mas por ser Turco, por se debruçar sobre o "choque de civilizações", a liberdade de expressão no mundo islâmico e por aí a fora. E basta olhar para a lista de galardoados e fazer a respectiva ligação com os anos em que os prémios foram dados e os países de origem para perceber uma determinada tendência, uma determinada elação política. Pinter o ano passado, Coetzee em 2003, Gao Xingjian em 2000 e por aí a fora, os exemplos são imensos. Já para não falar nos casos extremos de Sartre e Churchill. É claro que são todos grandes escritores, alguns deles são enormes escritores, mas fica sempre a sensação que para ser agraciado com o Nobel não basta ser um grande escritor é preciso também ser um escritor politizado ou politizável. A minha pergunta não era tanto uma censura à Academia, ou uma inquirição conspiratória sobre as razões obscuras para a atribuição do prémio, mas antes se este ruído político em torno dos autores não deturpa uma leitura isenta, plenamente livre, literária, das suas obras, era essa a principal parte da minha pergunta e a minha resposta é, infelizmente, sim. Eu sou dos tais que todos os anos espera que o Nobel vá para um Norman Mailer, ou para um António Lobo Antunes, ou para um Enrique Vila-Matas e a lista poderia continuar.

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