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Assevera o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da notabilíssima Academia das Ciências de Lisboa, na sua entrada a fls. 3173, que RELES é um adjectivo de origem obscura e bastarda que significa: que é de inferior qualidade e baixo nível, grosseiro e ordinário, mesquinho e mísero...etcetera Trata-se de um predicado, en vogue, na oratória dos nossos tribunos, quer sejam da oposição, quer sejam da situação, pois apesar da descontinuidade geográfica da nossa dimensão "arquipelágica" (um grotesco neologismo de politiquês), na mesma semana, tivemos um tonitruante Pedro Arruda, em Assembleia Municipal de Ponta Delgada, a acusar a Presidência da Câmara de um acto "reles", ao passo que, na Horta, um impante Clélio Menezes, na Assembleia Legislativa Regional, dardejava igual mimo na direcção da Presidência do Governo! Mas, não se julgue que esta lassidão de linguagem é algo de refrescantemente novo nesta fossa abissal que separa cada vez mais os eleitos dos eleitores e que é também imputável a um debate inane.
Assevera o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da notabilíssima Academia das Ciências de Lisboa, na sua entrada a fls. 3173, que RELES é um adjectivo de origem obscura e bastarda que significa: que é de inferior qualidade e baixo nível, grosseiro e ordinário, mesquinho e mísero...etcetera Trata-se de um predicado, en vogue, na oratória dos nossos tribunos, quer sejam da oposição, quer sejam da situação, pois apesar da descontinuidade geográfica da nossa dimensão "arquipelágica" (um grotesco neologismo de politiquês), na mesma semana, tivemos um tonitruante Pedro Arruda, em Assembleia Municipal de Ponta Delgada, a acusar a Presidência da Câmara de um acto "reles", ao passo que, na Horta, um impante Clélio Menezes, na Assembleia Legislativa Regional, dardejava igual mimo na direcção da Presidência do Governo! Mas, não se julgue que esta lassidão de linguagem é algo de refrescantemente novo nesta fossa abissal que separa cada vez mais os eleitos dos eleitores e que é também imputável a um debate inane.
Já Eça de Queiroz, numa das suas memoráveis Farpas, diagnosticava os padecimentos do nosso parlamentarismo, v.g. : "a nobilitação dos parvenus, a falsa aristocracia, a falsa grandeza, a falsa virtude, o falso talento, o funccionalismo exuberante, a arrogância burgueza, o reinado da usura, a ruína do trabalho, a sophismação dos princípios, a decadência da arte, a depravação do gosto, a queda dos caracteres e dos espíritos para o fútil, para o ordinário, para o reles, para o chinfrim.". Note-se que o Grande Eça referia-se concretamente à "Câmara dos Deputados" nos idos de oitocentos. Logo, como se costumava ler na ficha técnica das novelas brasileiras, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência...ou será cópia pura da ficção ? Veremos nas cenas dos próximos episódios.
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posted by João Nuno Almeida e Sousa
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