Ninety percent of the politicians give the other ten percent a bad reputation
Henry Kissinger
sexta-feira, junho 30
Defesa da Honra
J. Hedgar Hoover gostava de se vestir de mulher, usar peruca e guardar dossiers com informações detalhadas sobre a vida profissional e pessoal de um sem número de individualidades do seu tempo. No passado dia 28 de Junho, em Reunião Ordinária da Assembleia Municipal de Ponta Delgada, no período antes da ordem do dia, após uma intervenção recomendando a aquisição dos terrenos circundantes à escola do Ramalho para os transformar em espaço público de lazer, após uma intervenção sobre a Lei de Finanças Locais, após uma intervenção sobre as responsabilidades camarárias no que concerne ás zonas balneares, após todas estas questões e todo o debate que estas questões levantaram, tomei a palavra, para questionar a Câmara sobre uma viagem a Fall River patrocinada pelo Executivo Camarário, nestes termos: de acordo com o que me foi possível apurar quer pelos órgãos de comunicação social, quer por via particular, a Câmara Municipal de Ponta Delgada vai fazer deslocar a Fall River uma comitiva com um número indeterminado de pessoas para a inauguração de uma réplica das Portas da Cidade. Partindo do princípio que este é um evento de alto significado para as nossas comunidades emigrantes, que é um acontecimento que dignifica a cidade de Ponta Delgada, concedendo que, por isso, se justifica a deslocação de uma comitiva oficial deste município a Fall River, importa no entanto esclarecer qual o número exacto de pessoas convidadas pela Câmara Municipal e qual o valor em euros dessa deslocação. De acordo com as declarações prestadas pela Presidente da Câmara aos órgãos de comunicação social os convites teriam sido feitos a diversas individualidades, mas, estas acarretariam com os custos da viagem, ora apesar de considerar uma falta de educação convidar no pressuposto de que os convidados teriam que pagar o convite, apesar disso e mesmo não considerando isso, foi colocada por mim à Câmara Municipal de Ponta Delgada a solicitação para que esclarecesse perante a Assembleia Municipal quantos convites haviam sido efectuados e qual o valor exacto da despesa que a Câmara acarretaria com a deslocação desta comitiva a Fall River. Perante esta questão, a Dra. Berta Cabral respondeu com uma declaração sobre a importância e o valor do evento e sugeriu que eu, pessoalmente, não poderia questionar o gasto de dinheiros públicos por estar pessoalmente envolvido com outro tipo de gasto de dinheiros públicos. Em seguida reafirmei que a minha questão se limitava a solicitar uma descrição exacta do valor pago pela Câmara Municipal de Ponta Delgada na deslocação de uma comitiva a Fall River e exigi que a Dra. Berta Cabral concretizasse com exemplos as circunstâncias em que eu pessoalmente tivesse estado envolvido em gastos de dinheiros públicos. Em resposta a Dra. Berta Cabral apresentou, de entre os papéis de que se fazia acompanhar, uma fotocópia do Jornal Oficial da Região Autónoma dos Açores em que estava publicado um despacho concedendo um apoio de 15.000 ? do Governo Regional a uma empresa da qual eu sou sócio, para a realização de uma exposição de fotografia, insinuando que tal apoio era um gasto indevido de dinheiros públicos, num evento de gosto duvidoso, que ela própria, a sua Câmara Municipal, realizava eventos similares sem gastar um tostão. Perante esta manobra sórdida e premeditada de descredibilização da minha actividade profissional, de infundado atentado à idoneidade da uma empresa que tem um nome no mercado e que ao longo dos anos tem vindo a estabelecer protocolos e contratos com diversas entidades, desde o Governo Regional a inúmeras empresas privadas e mesmo com a própria Câmara Municipal de Ponta Delgada e suas empresas participadas, perante o insulto abjecto que é a utilização de factos da actividade profissional de um vogal eleito da Assembleia Municipal como forma de contrapor a questões politicas legitimas, não me restou outra alternativa que não fosse fazer ouvir e registar em acta o verdadeiro âmbito da minha indignação. O acto da Dra. Berta Cabral - apresentar uma fotocópia do Jornal Oficial e com isso utilizar a minha actividade profissional para insinuar qualquer tipo de promiscuidade da minha pessoa ou de uma das minhas empresas em gastos de dinheiros públicos - é, para mim, a forma mais baixa, mais reles, mais inadmissível de estar na política. Não posso, aqui, reproduzir toda a extensão do meu sentimento na altura, mas posso, de forma ponderada e pública reafirmar toda a veemência do meu descontentamento. A Dra. Berta Cabral teve para comigo um comportamento que eu apenas considerava possível em reconstituições históricas de regimes ditatoriais, algo apenas classificável como próprio de Mussolini, ou de Hitler, ou dos piores dias do McCartismo, a atitude, que para mim não tem outro nome que não seja pidesca, de apresentar factos da vida profissional e pessoal de um membro eleito de uma Assembleia Municipal para contrapor questões políticas legítimas é, reafirmo, um golpe baixo, reles e mesquinho. É um J. Hedgar Hoover não travestido mas real. Pior, uma pessoa que uma hora antes, num restaurante da cidade me cumprimenta com falsa simpatia, forçando dois beijinhos num gesto de puro cinismo, sabendo já da manobra aviltante que tinha preparada é, para mim, uma pessoa de tal maneira hipócrita que não merece qualquer respeito ou consideração. Pela minha parte resta-me esperar pelo pedido de desculpas público que exigi à Dra. Berta Cabral no intervalo da Assembleia Municipal e também me conforta a certeza de que existem gravações áudio de todas as palavras que foram proferidas nessa reunião, pelos munícipes de Ponta Delgada espero que leiam esta minha versão do que se passou na reunião ordinária da Assembleia Municipal do dia 28 e exijam saber da Sra. Presidente da Câmara Municipal quanto dinheiro será gasto com esta viagem a Fall River.
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