terça-feira, agosto 5

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EPARAA*

O país foi surpreendido pelo anúncio de uma declaração “importante” ao país por sua Exa. o PR. Este só havia efectuado algo semelhante aquando do referendo sobre o aborto. Os media especularam sobre a repentina convocação e a nação esteve 1 dia em suspenso para assistir ao que tão “grave” suscitou tamanha “interrupção” para falar a uma nação em férias. As televisões elaboraram um minucioso plano – directos e comentadores em estúdio - mas tudo ruiu ao fim dos primeiros 30 segundos ao verificar que o tema a concurso era a do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores. A incredulidade instalou-se. 10 minutos de um discurso intrincado de pressupostos jurídicos, “esotéricos” para a grande maioria da população nacional (açoriana, incluída!) – «Uma tempestade num copo de água», disse Miguel Sousa Tavares. O país em uníssono corroborou e mudou de canal.

Daqui surgem várias leituras. A forma terá sido a ideal? Duvido. Com a agravante do timing - a última noite de Julho, altura do ano na qual uma larga maioria do Portugal está de calções e havaiana. Cavaco correu ainda outros 2 riscos, como sublinha José Manuel Fernandes (Director do Público): «(...) criou uma enorme expectativa para uma comunicação cuja importância a maioria dos portugueses não terá percebido. Quando quiser de novo chamar a atenção para um tema que considere tão ou mais importante poderá não conseguir a mesma atenção que ontem conseguiu». E «ao não ter enviado para fiscalização pelo Tribunal Constitucional (TC) alguns dos pontos que ontem considerou politicamente graves, (...), cria uma perplexidade: porque não o fez?». E o conteúdo?

Esse é um problema complexo e que se situa num campo abstracto e longe do quotidiano das populações. Os partidos políticos deviam preocupar-se em aproximar o discurso desta e de outras matérias relevantes da dos seus concidadãos. Apesar da proximidade das eleições regionais, em outubro próximo, o discurso e as reacções partidárias deviam pautar-se por um esclarecimento alargado (já que unanimidade havia, pelo menos, de forma aparente). E que este não estivesse submetido apenas ao “barómetro autonómico”, no qual as duas maiores forças partidárias reivindicam o seu contributo em prol da “autonomia progressiva” e das “conquistas autonómicas”. Na essência tudo isto é um dislate e um mero exercício de estilo que pouco ou nada significa. Não devemos cair no erro do PR, «(...) que em vez de olhar para os problemas reais do País olha para os perigos virtuais dos excessos de voluntarismo formal das Autonomias (João Nuno Almeida e Sousa, :ILHAS).

Será que o país passou a olhar os Açores com desconfiança?! Provavelmente, não. Passei, isso sim, a olhar com “forte depreciação” para o prime time atribuído à “palavra presidencial” e a registar o(s) déficit(s) associado(s). E atenção: esta encenação de Silly não teve nada...


* edição de 05/08/08 do AO
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*** Imagem X Expresso

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