terça-feira, agosto 12

O Círculo de Giz Caucasiano



O Círculo de Giz Caucasiano, porventura a mais famosa das peças de Bertolt Brecht, foi escrita em 1944 nos Estados Unidos da América e pela primeira vez levada à cena em 1948 no Carleton College, Minnesota. Em termos sumários, o drama desenvolve-se a partir de uma jovem mulher que rouba o bebé aos seus pais naturais, mas que o trata melhor do que eles. Os recentes conflitos no Cáucaso, a invasão da Geórgia pela Rússia, têm algumas analogias com a parábola de Brecht. O urso russo saiu da sua hibernação e o Ocidente assobia para o lado. Que é feito da Nova Europa de que falava Rumsfeld? E que tal estamos de falcões em Washington? Tudo a ler a cartilha arquirealista do Henry Kissinger, não é verdade? Pois, pois, uma Rússia imperial dá muito jeito ao Pentágono para manter o Irão sentado. A participação de 2.000 soldados da Geórgia na guerra do Iraque bem pode ir às malvas. E a Europa onde está? Faz-me lembrar aquele hit dos anos 80, You allways find me in the kitchen at the parties. O senhor Sarkozy e a senhora Merkel estão muito preocupados com a guerra da pipeline que lhes aquece os pés no Inverno. Querem lá saber da democracia e da soberania da Geórgia, cujo excesso de zelo em integrar a NATO e a UE já se começa a tornar inconveniente. Da próxima vez que os líderes europeus reconheçam alegremente a independência de outro Kosovo, é bom que pensem duas vezes no que irá sair dessa caixa de Pandora. Os senhores do Kremlin agradeceram o precedente. Agora, como diria António Vitorino, habituem-se.

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