terça-feira, agosto 8

Swimsuit versus Bikini

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Em 1946 foram lançados sobre o atol de Bikini, no Oceano Pacífico, os primeiros de uma longa bateria de testes nucleares com bombas atómicas e de hidrogénio. Noutras latitudes, e poucos dias depois do primeiro ensaio nuclear, o estilista francês Louis Réard lançava outras bombas ao revelar ao mundo quatro pedaços de pano triangular que, num oportuno golpe de publicidade, apelidou de Bikini. Quanto às ilhas de coral homónimas, após uma década de testes nucleares, definharam irremediavelmente. Os autóctones do atol de Bikini, arrastados à força para fora de tal paraíso, ainda regressaram em 1969 para, uma década depois, serem novamente evacuados devido aos elevados níveis de radiação. Em suma o atol estava definitivamente condenado. Sorte diversa teve o celebérrimo traje feminino que lhe tomou o nome. À época o Bikini de Louis Réard foi uma verdadeira revolução e a sua penetração nos costumes estivais esbarrou no padrão vigente de uma moral conservadora. Consta até que o estilista, à míngua de modelos, teve que recrutar uma corista do Casino de Paris para a campanha de lançamento. Com efeito, naqueles anos de antanho, em 1946, nenhuma mulher decente ousaria usar um Bikini. Porém, a resistência não tinha argumentos para opor, por exemplo, à emergência de uma Brigitte Bardot envergando um Bikini amarelinho em "E Deus Criou a Mulher"! Nada de surpreendente pois a iconografia da época ficara marcada por Ursula Andress, no papel de Honey Ryder, em "Dr. No", o primeiro de um filão de filmes de James Bond, cuja presença ficou marcada mais pelos dotes do Bikini da primeira Bond Girl do que pelas suas capacidades de representação.

Conhecida a evolução, é caso para os saudosistas se interrogarem se ainda há adeptas do discreto fato de banho que ilustrava as praias antes da explosão do Bikini. Embora minoritárias ainda há senhoras que preferem o tradicional fato completo.



Que o diga a bela Jenna de Rosnay que veste a camisola desta causa de tal forma que ganha a vida a desenhar e vender fatos de banho femininos com um look desportivo. Nem poderia ser de outra forma pois Jenna de Rosnay é uma celebridade do windsurf, detendo vários recordes mundiais de velocidade nesta modalidade de desporto náutico, carreando assim o élan aerodinâmico para as sucessivas colecções de fatos de banho. Mas, como se vê, nem mesmo a empenhada Jenna de Rosnay, que fez parte da sua fortuna a vender fatos de banho ao estilo baywatch, resiste, de quando em vez, ao charme de um Bikini.



Afinal de contas trata-se de um clássico moderno que neste ano de 2006 perfaz 60 anos. No caso de Micheline Bernardini, a obscura corista que fez a première mundial do Bikini, em 5 de Julho de 1946, acaso ainda estivesse por aí para as curvas estivais, o bom senso e o bom gosto, recomendariam por certo um fato de banho bem completo.
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posted by João Nuno Almeida e Sousa

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