Já pensou na primeira tarefa que quererá ter se for eleito?
A primeira tarefa que gostaria de realizar era uma conversa longa com o primeiro-ministro.
...
E como será esse contacto com os portugueses, se for presidente?
Não ficarei fechado no Palácio de Belém. Mas, numa primeira fase, o contacto deve ser feito muito para mobilizar os cidadãos para realizar produção. Conto de modo particular com o Norte do país. Acho que o Norte deve merecer uma atenção especial da parte dos líderes políticos, na medida que tem uma tradição importante de exportação .
Que pode o presidente da República fazer nessa área?
Deus queira que não tenhamos um presidente da República que tenha a ideia de que não pode fazer nada. O presidente deve pensar que pode fazer.
...
E pode resolver a crise?
Ao presidente cabe garantir a estabilidade e o normal funcionamento das instituições. Quando, por exemplo, órgãos de soberania - o Parlamento, o Governo, os tribunais - mostram uma dificuldade de entendimento, o presidente tem de intervir.
Para fazer o quê?
Para chamar todas essas partes. Estamos a chegar a uma situação em que o presidente tem de fazer tudo para conseguir um entendimento alargado entre Governo, partidos da Oposição, magistratura judicial, Procuradoria-Geral da República e advogados quanto às prioridades na Justiça. Acertar nas prioridades não me parece difícil. Acertar na estratégia para alcançar essas prioridades já requer mais esforço. Mas acho que o presidente não pode ficar alheio. Ninguém ganha com o desprestígio do sistema de Justiça. Se for eleito, tenho de fazer tudo para restituir credibilidade ao sistema. Mas é óbvio que sozinho não posso fazer muito, mas ninguém pense que não vou empurrar.
...
Problema grave é o da deslocalização de empresas estrangeiras. Nessa matéria, o presidente pode ajudar?
Há uma coisa que pode ser feita em Portugal, que eu sei que já foi feita noutros países. Podia existir um responsável do Governo que fizesse a lista de todas as empresas estrangeiras em Portugal e, de vez em quando, fosse falar com cada uma delas para tentar indagar sobre problemas com que se deparam e para antecipar algum desejo dessas empresas se irem embora, para assim o Governo tentar ajudá-las a inverter essas motivações. Tem de ser um acompanhamento com algum pormenor que deveria ser feito por um secretário de Estado especialmente dedicado a essa tarefa.
Vai propor isso ao Governo?
Já o estou a propor aqui.
...
Admite sugerir legislação ao primeiro-ministro?
Nas conversações com o primeiro-ministro, se entender que existe um domínio que carece de uma lei ou que tem legislação em excesso posso trocar impressões com ele. Ele pode convencer-me do contrário. Gosto do diálogo franco e aberto, sem preconceitos nenhuns. Por exemplo, fala-se em alterar a forma de financiamento das autarquias locais, eu considero um dever escutar e falar com o primeiro-ministro. O presidente pode sugerir intervenção legislativa nalgumas áreas.
...
O verdadeiro cavaco, aquele que os marketeiros se esforçam por esconder, está finalmente a vir ao de cima. Ainda bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário