sexta-feira, dezembro 9

...Inanes?


«inane»: do Latim inanis, ou seja: o que nada contém, o que é oco, vazio de sentido e fútil; o mesmo que frívolo ou vão; etc.

Tudo isto predicados que assentam que nem uma luva a uma pandilha de seu nome The Beatles e que traulitava inanidades, como por ex «Michelle Ma Belle» e outras melodias primárias de igual jaez! Depois, com feminina causalidade e vil pecunia pelo meio, ficaram amuados uns com os outros. Vai daí um desses rapazes resolveu arvorar-se numa espécie de Joan Baez de calças à boca-de-sino. Como não lhe bastava o «look» atirou-se a perorar banalidades contra «o imperialismo americano», e outras tiradas clássicas de igual categoria, para agregar o beneplácito da restante turba hippie em permanente «trip».

John Winston Lennon armou-se em consciência crítica de uma geração cabeluda, pouco dada a banhos, mas que idolatrava qualquer excentricidade Oriental. Sabendo disso o tal de John Lenon, que consta que era mais esperto do que os restantes, não só desposou com a possessiva Yoko Ono como ainda convenceu o resto do bando a irem para um ashram na India com o famoso guru Maharashi Manhesh Yogi. Este mestre que proclamava a possibilidade de voar através da meditação transcendental (!) chegou a criar um partido político, o partido Maharashi da Lei Natural, e é hoje um multimilionário que voa a bordo da sua frota de helicópteros (pois isto da levitação é só para os néscios ) expandindo o seu negócio de «peace and love» (cuja tradução selvagem para o Português seria menos abonatória). À conta da publicidade parola que obteve com os quatro estarolas de Liverpool o dito guru ainda anda por aí a enganar meio mundo.

No conto do vigário, ou melhor dizendo no canto do vigário da camarilha do Bom do Lenon -(com o epíteto talvez imerecido de ser «the life and blood of the Beatles) - toda uma geração acertou o passo! Toda? Bem, quase toda.

O certo é que devido à míngua de alternativas pop credíveis os Beatles reinaram como um zarolho reina numa terra de cegos... daí que não espanta o tratamento nobiliárquico que tiveram no nosso provinciano e pobrezinho Portugal. Mas, o tempo encarregou-se de lhes fazer Justiça e de os arrumar como ícones de uma época. Desses «glory days» da BritPop não fica apenas uma saudade pelos bons velhos tempos pois, naqueles remotos anos 60, já despontava uma nostalgia do futuro com os Rolling Stones que, sem sucumbirem ao estilo delicodoce e aos devaneios pueris dos Beatles, cujo paradigma são os «macaquins» do Yellow Submarine, ainda aí estão para as curvas.

Seja como for, espero que não haja alguma luminária que se lembre de dar uma golpada em resgatar do fundo do mar psicadélico dos anos 60 os destroços do dito Submarino Amarelo, agora numa versão Gold como fizeram com o abastardamento dos ABBA ou com os Queen sem Freddie Mercury!

Oficialmente o decesso dos Beatles ocorreu em Abril de 1970, registe-se o óbito por morte natural, sem prejuízo de respeitar a romaria de saudosos melómanos que ainda hoje os revisitam...com o mesmo respeito que merece quem dança com outro passo!

JNAS

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