As paixões dos primeiros anos são as mais fortes, o meu amigo Corto sabe o tão bem como eu, ele que nunca para, que para sempre vagueia pelo infindável mundo, em busca das primeiras paixões. A paixão pelo mar, a paixão pelo horizonte mais do que a paixão pela viagem, o sonho, o inalcançável, a próxima partida. O beijo dado na soleira de uma porta num beco escuro da inundada Veneza. O pôr-do-sol vermelho das águas calmas do pacífico sul. A estepe siberiana infindável de tempo. Uma pequena mentira, uma amizade para a vida, um amor pelo prazer do amor. Um Corto, um único Corto Maltese.
Felizmente, desta vez, e ao contrário do que fez com Hergé e Tintin, o Público, homenageia Hugo Pratt e pública as aventuras completas de Corto Maltese, num bom papel (a edição do Tintin era lamentável num papel de gramagem deficiente que tornava as páginas transparentes e muitas vezes ilegíveis), a preto e branco como o original, muito mais poético do que as mais recentes edições coloridas que, apesar de belas, tiram alguma da magia do traço de Pratt e da personalidade de Corto. Uma boa razão para passar a gostar de segundas-feiras esta iniciativa do Público. Quantas pessoas mais se vão apaixonar por Corto?
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