sexta-feira, maio 7
S. Miguel, breviário de acessos
para meu pai, com um imenso
afago de saudade
para o Giuseppe, meu amigo,
para sempre
A minha ilha diz-se em poucas palavras;
é a sorte da água, o vinho do beijo erguido no mar.
A minha ilha diz-se em poucas palavras;
é a memória tatuada de uma lágrima de lume.
A minha ilha diz-se em poucas palavras;
é um búzio hasteado na sombra do céu.
A minha ilha diz-se em poucas palavras;
é o ombro do verde, o susto da cor.
A minha ilha diz-se em poucas palavras;
é uma hera de tília numa asa de pedra.
A minha ilha diz-se em poucas palavras;
é o meu nome do mundo, o punho da minha fala.
A minha ilha diz-se em poucas palavras;
é o meu bibe de bolso, o horizonte sem dor.
A minha ilha diz-se em poucas palavras;
é um aforismo marinho, o meu peixe voador.
A minha ilha diz-se em poucas palavras;
a minha ilha é tão grande.
Emanuel Jorge Botelho
Novembro de 2002
fotografia | Rodrigo Sá da Bandeira
publicado na 9:ILHAS | Fevereiro 2003
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