De partida
Levo da vida pouco mais que o cansaço.
Levo da vida este sopro de ilha, esta maré de despojos,
Este acordar a sonhar com os olhos presos nas vidraças
E a madrugada de sombras de gaivotas a sussurrar pormenores
Sem importância vadia.
O meu poema é ter inteira a recordação de todos os dias aqui
A vigiar-me a bolsa, a carteira, a roubar-me o tempo da alma.
( Serei velha, quando o ar emigrar?)
O meu poema sou eu a desafiar o esquema e a querer gritar.
Viver esta escolha
Com a corda. Sem acordo
Prisioneiro. O meu poema
morre como morrem no espelho as lágrimas do vapor
Que não chega, nunca, a ir-se embora.
de Mariana no Ardemar
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