terça-feira, outubro 16

Olhando para os resultados…

 (em texto e em glosa)


Três Vencedores: Vasco Cordeiro, Carlos César e (o chato) do Paulo Estevão.
Vasco Cordeiro, porque ganha Berta Cabral com uma extraordinária maioria absoluta; Carlos César, porque consegue uma sucessão tranquila e vencedora; Paulo Estevão, porque consegue persuadir Berta Cabral a não concorrer ao Corvo (facto que envergonha toda a genética autonomista do próprio PSD-A) incrementando o seu score eleitoral em apenas 10 votos (valeria o PSD-A apenas 10 votos no Corvo?).
Dois vencidos: Berta Cabral e Artur Lima.
Berta Cabral porque, para além do que se passa a nível nacional, cometeu muitos erros enquanto líder do seu partido (destaca-se, em primeiro lugar, a noite das autárquicas e o desprezo pelos vencidos, no afã de tornar aquela noite uma vitória sua – coisa fatal num partido com fortes estruturas locais como o PSD-A; e, em segundo lugar, não se candidata a todas as ilhas o que criou um verdadeiro problema freudiano aos autonomistas históricos do PSD-A) e muitos, muitos erros enquanto candidata (não fez listas brilhantes; pela primeira vez na história do PSD-A não apresenta candidatos a todas as ilhas; prometeu muito ao mesmo tempo que dizia mal das finanças públicas, levando o Zé Povinho a perguntar: se diz que não há dinheiro como é que diz que vai fazer?; reduziu o conceito da “Região Económica” – que era bom! – à questão das passagens aéreas; apresentou nos úlimos dias medidas desesperadas, como aquela dos 15000 empregos; não soube demarcar-se de Passos Coelho - fê-lo tão explicitamente que, dependendo dos ouvidos, ou soava a falso ou soava a traição; fez uma campanha cheia de contradições; esteve muito mal assessorada sob todos os pontos de vista inclusive o de marketing eleitoral)  
Artur Lima, porque levou uma legislatura a centrar-se na ilha Terceira e a desprezar ostensivamente o representante do seu partido pela ilha de São Miguel (e é fundamentalmente por isso que o PP não consegue eleger em S. Miguel, fazendo com que o Bloco de Esquerda passe a terceira força política nesta ilha); porque demonstrou demasiada arrogância na forma como se quis apresentar como parte da decisão (dava como garantido estar no Governo - fosse com um, fosse com outro - falando mesmo de “poder de veto” e outros quejandos) e, por fim,  porque também não é imune às questões nacionais (mesmo que menos, muito menos, que o PSD-A).
Zuraida não é vencedora, mas também não é bem vencida. Ganha o terceiro lugar em S. Miguel em termos eleitorais, perde um deputado na Terceira (as suas posições radicais relativamente à Base das Lages –  independentemente de ter ou não ter razão – pagam-se caro naquele círculo eleitoral), tem de dividir alguns votos com projectos efémeros como o PAN e, talvez, tenha sido a candidata mais prejudicada pela inexistência de debate televisivo (Zuraida tem sempre um desempenho brilhante neste tipo de debates).
Aníbal, pois bem, é o líder do partido com o voto mais militante de todos. Consegue ser eleito (abençoado Circulo de Compensação!). Não ganha nem perde.

4 comentários:

Anónimo disse...

O PSD Açores ainda não se renovou, desde a saída endividada de Mota Amaral. Nem há perspectivas disso acontecer, tendo em conta as caras que por lá andam.
Há que dar a volta, e quanto antes, apostando em gente nova. A experiencia politica, factor relevante no passado, é, face ao que se vê, hoje um péssimo atributo.
Digam o que disserem: o CDS-Açores não passa de um bando politico, acantonado na Terceira. Porque deixou de ser novidade, mirro e com o tempo vai mirrar mais.

Anónimo disse...

A abstenção é, uma vez mais, a principal vencedora.

Os melhores venceram. Esta é a verdade. A inépcia que caracterizou a campanha de Berta Cabral foi simplesmente assustadora. Tentaram dissociar-se de Passos de forma infantil e confusa. Não conseguiram. Nunca explicaram o que pretendiam para os Açores de forma clara e inequívoca.

Vasco Cordeiro soube comunicar com os Açoreanos. Demonstrou grande maturidade política, sensatez e, acima de tudo, muita perspicácia. Não concordo com algumas das escolhas do PS para a ALR mas gosto bastante de outras. (ex. Renata C Botelho, espero que defenda todos os animais humanos e outros com genica!!)

Acho que estamos a ser bem governados apesar de pensar que muito mais poderia ter sido feito nos domínios da Agricultura, Pescas e Turismo (+++ investimento no turismo rural e menos no turismo convencional).

Desejo-lhes boa sorte e muita saúde.

José Couto disse...

Aproveitando o mote da questão da abstenção gostava de dizer o seguinte:
É verdade que a abstenção continua a ser assustadoramente alta. Mas, também é verdade, que para analisar esta questão a fundo é necessário partir de premissas quantitativas correctas.
Os Açores têm registados 222.211 eleitores (dados da DGAI, de 16-08-2012), e uma população residente maior de 18 anos de 185.145 pessoas (dados do INE, DE 07-06-2011). Conclusão: temos cerca de 22% de eleitores inscritos não residentes nos Açores, pelo que qualquer análise que se fizesse ao percentual de abstenção deveria ser deduzido este valor (ou seja, à abstenção de 52,12% verificada teria de ser subtraído 22% resultando portanto numa abstenção de 30,12% - n.º que só tem precedentes em 1976).
O que se passa é que a implementação do cartão de cidadão (e é necessário lembrar que a RAA foi a Região piloto no arranque desta implementação, levando portanto um avanço relativamente a outras parcelas do território nacional) conduziu a que muitos emigrantes e pessoas residentes em outras parcelas do território nacional, mantivessem residência formal na região, apesar de não residirem cá, como forma de não perderem certos direitos inerentes a esta residência.
Foi aliás esta questão que motivou a última alteração à Lei Eleiroral da ALRAA, que, caso não tivesse sido alterada, determinaria o aumento do n.º de deputados dado o aumento exponencial de eleitores devido justamente à questão que se descreveu.
Se a isto juntarmos a abstenção técnica motivada pela crónica falta de actualização dos cadernos eleitorais, temos explicada tecnicamente parte substancial da abstenção verificada.
Não significa isto, porém, que não me preocupe os elevados números da abstenção verificados. O que acho é que é necessário começar a fazer uma abordagem em pressupostos correctos para então partir para as outras questões.
Cumprimentos,
José

Anónimo disse...

Caro José

Obrigado pela clarificação. Tem toda a razão quanto aos pressupostos.

Muito instrutivo apesar da abstenção ser elevadíssima.(mesmo tendo em conta a sua clarificação)

Cumps