segunda-feira, junho 27

Pasodoble


A opinião pública, e a publicada, rejubilou com o que sentenciou como o primeiro passo em falso de Passos Coelho. O "chumbo" de Nobre era previsível porque em coerência, jamais, o CDS/PP votaria nesse cavaleiro errante de múltiplas causas sempre ao serviço de quem lhe deu melhor soldo. O Dr. Nobre andou de braço dado à esquerda e à direita e não se pode estar bem com o demo e Deus ao mesmo tempo. Depois de uma paupérrima campanha Presidencial, sem chama ou nobreza de ideias, o Dr. Nobre ainda assim conseguiu convencer meio milhão de votantes perdidos no purgatório das restantes escolhas disponíveis.
Não compreendi foi a escolha de Pedro Passos Coelho em indicar o Dr. Nobre para candidato a Presidente da Assembleia da República, sendo que de "assembleias", presumo, que pouco ou nada percebia além das meritórias reuniões magnas da AMI. Compreendi ainda menos essa voluntariosa escolha de Pedro Passos Coelho descarregada, presuntivamente por mão própria, ou então por um "ghost writer" de serviço, no facebook ! Sinais dos tempos do imediatismo, da irreflexão e do instantâneo, que não se concebe ao nível de qualquer candidato a primeiro-ministro. Mas, enfim, o exemplo vem de cima, e o próprio Presidente da República, ou alguém a seu mando, também se dirige à Pátria - (coisa que já só existe no coração de meia dúzia) - pelo facebook.
Mas, depois de tudo isto, se alguém andou mesmo de passo trocado nesta "lambada" inter-pares, em que a maioria não quis ir "lambando" com o Dr. Nobre, foi o próprio Fernando Nobre que, no final, ficou a dançar a solo. Pedro Passos Coelho, na verdade, além de manter a palavra dada, e do voluntarismo assumido previamente, cumpriu com o seu compromisso e lançou o Dr. Nobre na corrida. O corredor é que devia ter desistido logo à partida por serem tão notórios os sinais de que nunca chegaria sequer à curva da meta. Depois de uma "falsa partida" o Dr. Nobre não teve sequer a lucidez e a inteligência de se retirar a tempo saindo, ainda, em graça, desta desdita. Com este "pasodoble" mal ensaiado, e frustrado na sua actuação, o Dr. Nobre deixou a imagem daqueles "cavalheiros" chumbados na primeira admissão a um clube reservado mas que, ainda assim, insistem em repetir a humilhação de nova bola preta de rejeição. O Dr. Nobre mal tomou posse e já vagueia certamente pelos "passos perdidos" da Assembleia da República.
Na segunda volta deste "tango" a eleição de Assunção Esteves não teve o mesmo "buzz" e atenção dos media destacando-a como uma clara vitória de Pedro Passos Coelho. Destacou-se o facto de ser uma "mulher" ! Uma vitória de género e não de excelência ! É assim a nossa "justiça" mediática: lesta a dar o primeiro prego mas sempre arredia a reconhecer a meritória remissão dos pecados mesmo de qualquer neófito em estado de graça como aconteceu com Pedro Passos Coelho. Com a indicação de Assunção Esteves, eleita Presidente da Assembleia da República, por vasta maioria e aplaudida de pé por todas as bancadas, Pedro Passos Coelho ficou a ganhar duas vezes: demonstrou ser capaz de honrar a sua vontade e de a corrigir quando a primeira escolha não é a melhor. A Presidência da Assembleia da República fica qualificadamente entregue a Assunção Esteves não pelo argumento "parolo" de se tratar de uma "presidenta", que simboliza a "reinvenção da democracia" e é uma homenagem a todas as "mulheres oprimidas”", mas tão só por ser uma pessoa competente.
Só por demagogia se faz esse discurso que é até insultuoso para a Senhora em causa. Mais do que uma vitória de género está em causa uma vitória da excelência de quem tem um vasto e laureado currículo como emérita Constitucionalista. Um passo em frente na qualificação da vida política Portuguesa.
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João Nuno Almeida e Sousa na edição de hoje do Açoriano Oriental

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