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Dou uma saca de candilhes a quem for capaz de identificar o autor desta panegírica Ode à Pátria Açoriana em dia de memória do 6 de Junho.Como é próprio da humanidade é caso para exclamar : "sic transit gloria mundi"
JNAS
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"CHEGOU A HORA"
BRUNO CARREIRO à minha esquerda
JOSÉ DE ALMEIDA à direita
À nossa frente muita gente. Estamos no campo sagrado de S. Joaquim, em Ponta Delgada.
O presente e o passado, ali, conjugam-se sem dificuldade.
O que eu digo por sobre as bandeiras é um grito d´alma. O que as flores pretendem dizer é a voz da natureza. O silêncio sepulcral é o sussurro da história.
À MINHA TERRA À MINHA PÁTRIA
. Estão neste Campo Sagrado as cinzas dos primeiros operários da obra que nos está agora confiada.
Onde está a honra dos que vacilam em segui-los?
Onde está a coragem dos que se envergonham de imitá-los?
Onde está a lealdade dos que se ufanam em atraiçoá-los?
Mães açoreanas que me escutais, que os vossos filhos possam dormir neste chão fatal com a glória de ter servido o POVO AÇOREANO!
Jovem açoreano põe o teu braço ao serviço da tua Pátria. Não o deixes vergar em tempo algum e em nenhuma parte.
Onde estiver um açoreano aí está a ditosa Pátria nossa amada, filha de Portugal, Mãe Pátria, que tantas vezes não nos quer compreender.
Portugal, acorda! Emancipaste os teus outros filhos desfizeste a tua casa. Agora liberta este que de ti herdou o orgulho de ser livre.
Não o faças teu escravo que nós somos sangue do teu sangue, carne da tua carne.
Não ouves o choro plangente que sai do nosso peito? Não acodes à súplica pacífica que ordeiramente te fazemos?
Porque haveríamos de sujar as nossas mãos com gestos parricidas e sacrílegos se nós te amamos afinal?
Que mais preferes: um escravo obediente ou um filho livre e amigo?
Liberta-nos Portugal!
Não mandes mais ninguém de tão longe para nos governar. Para que havemos de sofrer os arbítrios de ambiciosos ou as prepotências de oportunistas?
Que ganhas com isso Mãe-Pátria?
Para que queres que os teus algozes cobardemente e pela calada da noite nos prendam nas nossas próprias casas?
Pensarás talvez que tão grande afronta ficará impune? Que nos deixemos ficar enxovalhados e algemados sem nos revoltarmos?
Pensas que esquecemos que somos de estirpe da gente livre e que livres pretendemos viver?
. E aos que se acoitam no nosso território para dele fazerem poiso para voos guerreiros contra povos que não são nossos inimigos queremos dizer-lhes que basta.
Que ganhamos nós com isso? Quem nos compensa pelo grave risco que os seus interesses egoístas nos fazem correr?
E para quê corrê-los? Acaso alguma vez nos ajudaram? Houve algum gesto? Alguma voz sequer se levantou a interceder por nós, quando o governo de Lisboa inspirado de leste nos fazia sofrer por nos julgar comprometidos com esses falsos amigos?
Se na adversidade se conhecem aqueles que de facto estão por nós, agora sabemos pelo menos com quem não contamos.
E se assim é, limpem-nos a casa que a queremos só para nós. Vão-se embora aliados desses podemos muito bem passar sem eles.
Aliás nunca nos enganaram não julguem.
Os nossos emigrantes, esses sim, são nossos irmãos de carne e de ideal, Vivem connosco, na nostalgia do afastamento, o ritmo da Pátria que nesta hora Histórica eles ajudam a construir.
Nós não ignoraremos os sacrifícios sem conto que eles padeceram para buscar um conforto material e uma dignidade que em casa não tem sido possível conseguir.
Nós não olhamos para eles como quem vê fábricas de dinheiro para gastar. Se nos ajudarem, muito bem, mas se, atentas as considerações que sofreram e os vexames a que sistematicamente os votam, eu compreendo perfeitamente que suspendam essa ajuda até saberem quem é que estão ajudando e até que possam ter a certeza que em sua terra eles também têm voz activa. Tanto quanto os outros ou mais. Porque aquilo é o seu trabalho, o seu ganho e o seu sacrifício. Ninguém os poderá usurpar.
.Mas há aqueles também que não queremos deixar sem resposta que pretendem amarrar-nos a conceitos abstractos de integridades tardias.
Integro era o Império; grande era o Mundo Lusíada e esse sim, é imortal, por maiores heresias que sofra por parte de pseudo patriotas que, tendo falhado na espada contra o inimigo, querem cobardemente vingar-se nos filhos indefesos.
Parecem D. Sebastião que tivesse sobrevivido ao mais desgraçado Alcácer Quibir da história dos Lusitanos e quisesse esconder o amargo da derrota no castigo de inocentes.
Hipócritas! Como podeis agora pronunciar a palavra Pátria sem corar? De Vergonha!
Como podeis falar de integridade real se vos falta a integridade moral?
. Qual é o nosso futuro? Que vida nos espera?
Primeiro temos de conciliar a Família Açoreana; qualquer açoreano de qualquer credo, esteja ele onde estiver, é nosso irmão.
Os nossos adversários não descansam e por isso é natural que lancem campanhas para nos desunir.
Eles atiram o rico contra o pobre, o micaelense contra o terceirense, o trabalhador desta arte contra aquela outra. O residente contra o emigrante, o socialista contra o social-democrata, este contra o democrata cristão.
Eles infiltram-se entre nós, escutam as nossas conversas, usam-nas contra nós.
Publicam jornais e subsidiam jornalistas aqui na América e no Canadá para que escrevam contra figuras conhecidas dos nossos movimentos, para os enfraquecer.
Eles fazem ameaças veladas, eles prometem este mundo e o outro e tudo para nos manter divididos para que reinem e nos explorem descansadamente.
Eles mentem sobre as nossas possibilidades.
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Dou uma saca de candilhes a quem for capaz de identificar o autor desta panegírica Ode à Pátria Açoriana em dia de memória do 6 de Junho.Como é próprio da humanidade é caso para exclamar : "sic transit gloria mundi"
JNAS
...
"CHEGOU A HORA"
BRUNO CARREIRO à minha esquerda
JOSÉ DE ALMEIDA à direita
À nossa frente muita gente. Estamos no campo sagrado de S. Joaquim, em Ponta Delgada.
O presente e o passado, ali, conjugam-se sem dificuldade.
O que eu digo por sobre as bandeiras é um grito d´alma. O que as flores pretendem dizer é a voz da natureza. O silêncio sepulcral é o sussurro da história.
À MINHA TERRA À MINHA PÁTRIA
. Estão neste Campo Sagrado as cinzas dos primeiros operários da obra que nos está agora confiada.
Onde está a honra dos que vacilam em segui-los?
Onde está a coragem dos que se envergonham de imitá-los?
Onde está a lealdade dos que se ufanam em atraiçoá-los?
Mães açoreanas que me escutais, que os vossos filhos possam dormir neste chão fatal com a glória de ter servido o POVO AÇOREANO!
Jovem açoreano põe o teu braço ao serviço da tua Pátria. Não o deixes vergar em tempo algum e em nenhuma parte.
Onde estiver um açoreano aí está a ditosa Pátria nossa amada, filha de Portugal, Mãe Pátria, que tantas vezes não nos quer compreender.
Portugal, acorda! Emancipaste os teus outros filhos desfizeste a tua casa. Agora liberta este que de ti herdou o orgulho de ser livre.
Não o faças teu escravo que nós somos sangue do teu sangue, carne da tua carne.
Não ouves o choro plangente que sai do nosso peito? Não acodes à súplica pacífica que ordeiramente te fazemos?
Porque haveríamos de sujar as nossas mãos com gestos parricidas e sacrílegos se nós te amamos afinal?
Que mais preferes: um escravo obediente ou um filho livre e amigo?
Liberta-nos Portugal!
Não mandes mais ninguém de tão longe para nos governar. Para que havemos de sofrer os arbítrios de ambiciosos ou as prepotências de oportunistas?
Que ganhas com isso Mãe-Pátria?
Para que queres que os teus algozes cobardemente e pela calada da noite nos prendam nas nossas próprias casas?
Pensarás talvez que tão grande afronta ficará impune? Que nos deixemos ficar enxovalhados e algemados sem nos revoltarmos?
Pensas que esquecemos que somos de estirpe da gente livre e que livres pretendemos viver?
. E aos que se acoitam no nosso território para dele fazerem poiso para voos guerreiros contra povos que não são nossos inimigos queremos dizer-lhes que basta.
Que ganhamos nós com isso? Quem nos compensa pelo grave risco que os seus interesses egoístas nos fazem correr?
E para quê corrê-los? Acaso alguma vez nos ajudaram? Houve algum gesto? Alguma voz sequer se levantou a interceder por nós, quando o governo de Lisboa inspirado de leste nos fazia sofrer por nos julgar comprometidos com esses falsos amigos?
Se na adversidade se conhecem aqueles que de facto estão por nós, agora sabemos pelo menos com quem não contamos.
E se assim é, limpem-nos a casa que a queremos só para nós. Vão-se embora aliados desses podemos muito bem passar sem eles.
Aliás nunca nos enganaram não julguem.
Os nossos emigrantes, esses sim, são nossos irmãos de carne e de ideal, Vivem connosco, na nostalgia do afastamento, o ritmo da Pátria que nesta hora Histórica eles ajudam a construir.
Nós não ignoraremos os sacrifícios sem conto que eles padeceram para buscar um conforto material e uma dignidade que em casa não tem sido possível conseguir.
Nós não olhamos para eles como quem vê fábricas de dinheiro para gastar. Se nos ajudarem, muito bem, mas se, atentas as considerações que sofreram e os vexames a que sistematicamente os votam, eu compreendo perfeitamente que suspendam essa ajuda até saberem quem é que estão ajudando e até que possam ter a certeza que em sua terra eles também têm voz activa. Tanto quanto os outros ou mais. Porque aquilo é o seu trabalho, o seu ganho e o seu sacrifício. Ninguém os poderá usurpar.
.Mas há aqueles também que não queremos deixar sem resposta que pretendem amarrar-nos a conceitos abstractos de integridades tardias.
Integro era o Império; grande era o Mundo Lusíada e esse sim, é imortal, por maiores heresias que sofra por parte de pseudo patriotas que, tendo falhado na espada contra o inimigo, querem cobardemente vingar-se nos filhos indefesos.
Parecem D. Sebastião que tivesse sobrevivido ao mais desgraçado Alcácer Quibir da história dos Lusitanos e quisesse esconder o amargo da derrota no castigo de inocentes.
Hipócritas! Como podeis agora pronunciar a palavra Pátria sem corar? De Vergonha!
Como podeis falar de integridade real se vos falta a integridade moral?
. Qual é o nosso futuro? Que vida nos espera?
Primeiro temos de conciliar a Família Açoreana; qualquer açoreano de qualquer credo, esteja ele onde estiver, é nosso irmão.
Os nossos adversários não descansam e por isso é natural que lancem campanhas para nos desunir.
Eles atiram o rico contra o pobre, o micaelense contra o terceirense, o trabalhador desta arte contra aquela outra. O residente contra o emigrante, o socialista contra o social-democrata, este contra o democrata cristão.
Eles infiltram-se entre nós, escutam as nossas conversas, usam-nas contra nós.
Publicam jornais e subsidiam jornalistas aqui na América e no Canadá para que escrevam contra figuras conhecidas dos nossos movimentos, para os enfraquecer.
Eles fazem ameaças veladas, eles prometem este mundo e o outro e tudo para nos manter divididos para que reinem e nos explorem descansadamente.
Eles mentem sobre as nossas possibilidades.
Depois de deixarem a nossa administração no caos em que ela se encontra, acusam-nos de nos não sabermos governar.
Mas isto não é terra de pretos incultos que se enganem com patranhas e ameaças.
Uma iniciativa que pague seu contributo certo ao Estado. Mas uma iniciativa livre como a Pátria que queremos consagrar.
. AÇOREANOS !
Os obreiros do início da emancipação açoreana contemplam-nos do seu mundo misterioso e que maior homenagem podem fazer-lhes do que mostrarmos a nós próprios que essa obra não se encontra parada? Que nós somos dignos de continuá-la e aperfeiçoá-la.
E que homens há que ainda agora tiram as devidas ilacções das premissas dos passado.
Por isso vos peço que olheis para um homem que hoje e aqui simboliza a nossa luta (O Dr. José de Almeida). Ele foi em nome do ideal levar a Mensagem aos nossos irmãos dispersos pelo Mundo. Ele empolgou-os e deu-lhes uma razão para viver e um sentido à existência.
Pelo ideal perdeu o emprego e arriscou a liberdade e os nossos adversários contra ele assestaram as suas armas.
Lembrando os mortos quero prestar homenagem aos vivos, E esse homem que tudo sacrificou para que as nossas vidas pudessem ter um significado e no nosso futuro possa brilhar a estrela da Esperança, nós diremos: o teu sacrifício não será em vão.
Ergueremos as nossas vozes e oporemos uma barreira invencível para alem da qual só existirá Fraternidade, Liberdade e amizade.
Não nos intimidarão as ameaças venham elas donde vierem.
Perante estes túmulos sagrados, face estas sentinelas eterna das nossa História, eu pergunto-vos AÇOREANOS:
- JURAIS DEFENDER ESTA TERRA ATÉ AO VOSSO ÚLTIMO ALENTO?
- JURAIS OU NÃO PELA ALMA DOS VOSSOS ANTEPASSADOS QUE DAREIS A VOSSA VIDA PELA LIBERTAÇÃO DESTA TERRA?
- JURAIS OU NÃO QUE O VOSSO ESPIRITO NÃO CONHECERÁ DESCANSO E O VOSSO CORPO NÃO CONHECERÁ CANSAÇO ENQUANTO NÃO FORMOS VERDADEIRAMENTE LIVRES?
AÇOREANOS!
Soou a hora derradeira para a nossa escravidão.
A libertação está próxima e já o seu suave encanto brilha em nossas almas.
Temos de expulsar o demónio da cobardia, para sempre, das nossas vidas.
Que nunca mais, para nunca ser, o nosso Povo torne a sofrer impunemente a ignomínia da grilheta do condenado.
Inconformemo-nos com a nossa sorte e condição. O tempo dos servos tem de acabar também para nós.
Substituíram o chicote pela lei iníqua e a escravatura pela exploração insidiosa.
Erguei-vos porém e de cabeça levantada, havemos de tornar-nos homens livres, para que seja santa a nossa solidão de eternos cavaleiros do mar; para que seja solene o nosso silêncio contemplativo; para que seja sagrado o nosso imparável espírito de aventura.
Na ordem e na liberdade construiremos um mundo novo num País novo.
Seis de Junho de 1976 "
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Está aberta a caixa de comments mas creio que a saca de candilhes vai para o "Garganta Funda".
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