segunda-feira, junho 20

Born to Run

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ASICS - "Shedding" from David Alan Reyes on Vimeo.
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Contrariando o pessimismo atávico e auto-depreciativo se olharmos no retrovisor é certo que em muito regredimos mas, também, há motivos de esperança na mudança e de novos estilos de vida que são hoje tão "trendy" nas nossas cidades como em quaisquer outras que se querem "cidades saudáveis". Muito se vandalizou, violentou, e amputou em termos de partilha com o nosso ambiente, e a "pegada ecológica" destes anos de reinado socialista não é nada cor-de-rosa. Mas, importa também integrar com naturalidade o ambiente no meio urbano. Quando assim acontece todos ficam a ganhar. Sinal desses tempos de conversão é o crescente aumento da prática desportiva inter-geracional como marca de um novo estilo de vida.
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Nesse campeonato por um modelo de vida em que a actividade física seja tão natural, quanto necessária, muito têm contribuído algumas entidades públicas, que vão percebendo que mais do que "bola", o desporto, seja ele qual for, é o apelo e a conquista da nossa própria natureza. Nesse caminho têm seguido a Direcção Regional do Desporto e muitas autarquias da Região motivadas, e é justo dizê-lo, pelo exemplo de Ponta Delgada, que foi o primeiro Município dos Açores a aderir à Rede de Cidades Saudáveis. Uma consequência natural de todo um investimento da Câmara Municipal de Ponta Delgada em equipamentos urbanos de fruição comunitária como, por exemplo, o prolongamento da marginal ou o parque urbano. O retorno social desses investimentos aí está com cada vez mais pessoas a fazerem bom uso deles. Fenómeno recente é o número cada vez maior de corredores no "tour" desses percursos de Ponta Delgada.
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Correndo apenas contra eles próprios e pelo gozo da liberdade. O lema é comercial, mas nem por isso é publicidade enganosa : "correr liberta mais do que suor". Como lembra aliás o acrónimo "asics", já sugeriam os clássicos: "Anima Sana In Corpore Sano".
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Mas esse é um caminho que cada um pode, querendo, descobrir, sendo certo que o que conta não é o destino mas sim a viagem. Uma certeza temos, não fomos feitos para sermos sedentários mas, de certa forma, somos "nascidos para correr" e para ir à luta. Sob esse título um recente, e improvável best-seller, de Christopher McDougall é um relato de leitura compulsiva dessa busca pela liberdade de nos superarmos e de que, mais do que a competição, o prazer está na paixão do que se faz. Há quem o perceba literalmente assim, como o autor : "não sou fanático por correr. Se contasse todos os quilómetros que tinha corrido, metade tinham sido uma penosa escravidão. Depois do trabalho saía disparado porta fora para uma corrida. Essa sensação é tão universal, a forma como correr une os nossos dois impulsos mais primários : medo e prazer. Corremos quando estamos assustados, corremos quando estamos em êxtase, corremos em fuga dos nossos problemas, e corremos para nos divertirmos. E é quando as coisas parecem piores que mais corremos". "Correr" não faz parte do problema, nem é a solução, mas uma terapia ao ritmo do prazer. Ela está ao seu alcance, se for essa a sua paixão, num "player" de mp3 perto de si com a sua "playlist" que não deixará de evocar "Born to Run". Mas a cada um cabe escolher a sua banda sonora e os trilhos da sua caminhada.
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João Nuno Almeida e Sousa na edição de hoje do Açoriano Oriental

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