terça-feira, maio 31
sábado, maio 28
Unfortunately, for regular clientele...
The government of the Netherlands on Friday said it would start banning visitors from buying cannabis from "coffee shops". It also said that some restrictions on Dutch customers would be imposed by the end of the year.
Coffee shops are establishments in the Netherlands where the sale of cannabis for personal consumption by the public is tolerated by the local authorities. As this is illegal in most countries, many tourists from around the world travel to Amsterdam to use cannabis.
Image via brisbanetimes.com.au
sexta-feira, maio 27
Fantástico
... nós não temos é comboios(!)
Grand Canyon Railway
This great little tourist railroad runs, round-trip, from Williams Arizona to the train depot by a classic lodge at the stupendous Grand Canyon; en route, you'll be entertained by train robbers, a suave sheriff, and an exciting chase.
Mas, temos barcos!
Será que dava para aproveitar os "Piratas" que por aqui andam?
This great little tourist railroad runs, round-trip, from Williams Arizona to the train depot by a classic lodge at the stupendous Grand Canyon; en route, you'll be entertained by train robbers, a suave sheriff, and an exciting chase.
Mas, temos barcos!
Será que dava para aproveitar os "Piratas" que por aqui andam?
quinta-feira, maio 26
Agente Provocador
Esta 5ª feira o Agente Provocador convida Luis Rodrigues, Coordenador da Universidade Aberta no Centro Local de Aprendizagem de Ribeira Grande, numa emissão conduzida por Herberto Quaresma com João Nuno Almeida e Sousa e Alexandre Pascoal.
A actualidade musical e 'mundana' para ouvir em directo na Antena 3 - Açores, a partir das 22h00, nas seguintes frequências:
S. Miguel 87,7 MHz
Terceira 103,0 MHz / 103,9 MHz
Faial 102,7 MHz
Lira Açoriana x 2
Fotografia Enviado Especial |
Em homenagem a todos os Portugueses
Sondagem Intercampus
39,6 PSD
33,2. PS
12,1. CDS
6,6 PCP
5,6 BE
3 outros
39,6 PSD
33,2. PS
12,1. CDS
6,6 PCP
5,6 BE
3 outros
quarta-feira, maio 25
Móvel:Ilhas
Através de uma colaboração experimental o :ILHAS passou a ter uma aplicação gratuita para telemóveis Nokia. Para isso bastará o acesso à Ovi Store e efectuar o download.
Não custa nada e facilita a vida a quem queira ficar up-to-:ILHAS.
terça-feira, maio 24
Entrevista
A empresa alemã Younicos iniciou em 2009 uma série de testes que deverão culminar na implementação de um projeto que pretende fazer da Graciosa a primeira ilha totalmente abastecida por energia renovável. Elena Franzen, engenheira responsável, falou a diXL sobre os contornos deste projeto que deverá começar a produzir energia já em 2012.
A Younicos quer fazer da Graciosa a primeira ilha do mundo totalmente abastecida por energias renováveis e, por isso, a primeira do mundo sem emissões de CO2. Como começou este projeto e qual é o vosso objetivo?
Em primeiro lugar, somos uma empresa que trabalha num mundo em que toda a energia produzida é renovável e livre de CO2. É por isso que estamos a desenvolver sistemas de armazenamento e soluções de rede capazes de fornecer energia a partir de fontes regeneráveis de forma segura, estável, acessível e eficiente.
Países e povos em todo mundo procuram aumentar a partilha de energias renováveis. No entanto, é do conhecimento geral que as renováveis, dado o seu caráter imprevisível, podem contribuir apenas para uma pequena parte de todo o abastecimento de energia. E que são muito caras. Nesse sentido, queríamos demonstrar num lugar do mundo que é tecnicamente e economicamente viável implementar uma rede de ilha em que a maior contribuição de energia vem do vento e do sol.
O desafio técnico pode ser superado utilizando grandes baterias e controlo inteligente. As baterias são recarregadas sempre que o vento e o sol produzam mais eletricidade do que aquela que os habitantes consomem, e são descarregadas quando o consumo excede a produção. Testámos esta tecnologia em Berlim, onde simulámos a situação de abastecimento de energia da Graciosa, baseando-nos em medições reais da ilha a uma escala de 1:3.
Economicamente isto já é viável para sistemas de energia que utilizam energia gerada a partir de diesel. No entanto, com o aumento do preço dos combustíveis a gás e carvão e com a diminuição do preço dos componentes utilizados neste sistema nos próximos quatro anos, é possível que o conceito se espalhe nas ilhas pequenas no futuro.
A EDA e a Younicos estão agora a discutir com a ERSE - Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos um possível plano e layout, bem como as condições dos contratos. A aprovação da ERSE é o próximo marco para que possamos começar a implementação na ilha. Esperamos começar a produzir os kWhs em 2012, dependendo do tempo que demorarmos a fechar os contratos.
A pergunta à resposta que todos querem saber: porquê na Graciosa?
Em primeiro lugar, os Açores têm recursos renováveis em abundância, tais como a energia geotérmica e da água, velocidades de vento muito elevadas e sol com potencialidades - não como no Mediterrâneo, mas muito melhor que na Alemanha, o país número um na utilização de energia solar. As ilhas situam-se muito longe do continente, pelo que não podem estar conectadas à rede de energia por cabo submarino. Por isso, toda a energia necessária tem de ser produzida no arquipélago e, assim, é normal que as pessoas estejam mais sensíveis à questão da produção energética, dependência de combustíveis e importações no geral. Para além disso, os Açores têm a sua própria empresa de distribuição, a EDA. Ao contrário de outros grupos de ilhas, que são abastecidos pela rede energética do continente, nos Açores são os ilhéus que produzem a sua energia. Neste sentido, a sensibilização para a necessidade de conservação da natureza e utilização de recursos locais é muito maior. A EDA, por exemplo, recebeu-nos de portas abertas desde o início e forneceu-nos todos os dados e apoio necessários ao desenvolvimento deste projeto. O Governo, da mesma forma, também é a favor da transição para as energias limpas. O Governo Regional dos Açores estabeleceu o objetivo ambicioso de abastecer a sua rede de 75% de renováveis até 2018.
A ilha da Graciosa é suficientemente pequena para que o projeto possa ser gerido de forma prudente do ponto de vista do investimento, mas suficientemente grande para que possa ter impacto e visibilidade - enquanto, por exemplo, os sistemas caseiros de produção de energia solar não são considerados verdadeiros abastecedores de energia, o abastecimento de 4.500 habitantes já é outra história. Para além disso, a Graciosa não tem água com potencial energético, nem sistemas de armazenagem de água, nem potencial geotérmico explorável, nem área suficiente para gerar a sua eletricidade a partir dos seus próprios bio-combustíveis - condições que se verificam na maior parte do mundo. Assim, considerámos que seria o candidato ideal para ser o modelo de utilização de um sistema de energia que depois pode ser copiado por outras ilhas e regiões (ainda que sejamos a favor da sua utilização só e apenas se for a melhor alternativa - se uma ilha tem boa hidro-energia, então aconselhamo-los a utilizá-la).
Consideram que há vantagens específicas na utilização de energias limpas e renováveis numa ilha como a Graciosa?
A transição para um sistema de utilização de energias renováveis traz muitas vantagens. Primeiro, aumenta a autonomia de energia ao diminuir a dependência de combustíveis fósseis importados. Depois, reduz as emissões dos geradores a diesel, preservando, assim, esta natureza única. Por outro lado, a Graciosa pode tornar-se pioneira e um modelo para outras ilhas ou regiões que também queiram implementar este sistema. Ao mesmo tempo, atrai turistas ecologicamente conscientes e faz com que a ilha se torne o centro das tecnologias renováveis, exportando experiência em operação e equipamentos.
E, afinal, como é que funciona este projeto?
O papel das baterias é o de guardar energia sempre que o sol e o vento produzam mais eletricidade do que a que é consumida nas vilas. Por outro lado, pretende-se também que libertem energia sempre que o consumo exceda a produção renovável. Para além disso, através dos inversores inteligentes das baterias é possível compensar, a curto prazo, a flutuação de energia renovável e controlar a tensão e a frequência.
Há diferentes tipos de baterias disponíveis que diferem em termos de propriedades elétricas, tamanho e maturidade. Escolhemos as baterias NaS porque, neste tipo de projeto, é muito raro que a produção seja exatamente igual à necessária pelos consumidores e estas baterias estão sempre a carregar e a descarregar energia. Consequentemente, uma bateria tem de aguentar grandes números de ciclos. A tecnologia NaS pode fazer até 4.500 ciclos completos ou a respetiva quantidade de ciclos mais pequenos, podendo ainda aguentar micro-ciclos.
Este projeto não é uma investigação, é uma aplicação que tem de alcançar os mesmos padrões de abastecimento de energia dos atuais sistemas, tendo ainda que satisfazer critérios de financiamento. Por isso precisámos de um sistema maduro e de confiança. Com mais de 300 MW instalados por todo o mundo e uma experiência de 13 anos, a NaS pareceu-nos apropriada. Todos os sistemas que utilizam baterias têm perdas, mas quanto menores melhor.
Há ainda obstáculos que têm de ultrapassar para alcançarem o objetivo de fazer da Graciosa a primeira ilha sem emissões de CO2?
Em poucas palavras, o grande desafio técnico é o de conseguir desligar todos os geradores de energia convencionais e oferecer uma rede estável apenas e só através de fontes renováveis e imprevisíveis, e de baterias. Depois de resolvido este problema, temos o caminho aberto para fornecer energia 100% renovável, já que nunca mais será necessária uma carga de base ou equilibrar com o fornecimento de energia gerada por diesel.
Seguindo o plano passo a passo, o nosso primeiro objetivo é alcançar 75% de abastecimento de renováveis, o que é razoável do ponto de vista económico, ao mesmo tempo que vai de encontro às metas políticas. Para além disso, é possível lá chegar através das tecnologias disponíveis. O restante abastecimento pode chegar através de bio-combustíveis ou de armazenamento sazonal, tal como o hidrogénio, que ainda existe só em protótipo. No entanto, este é o segundo passo, a alcançar assim que o primeiro seja implementado com sucesso.
Do ponto de vista económico, este projeto também está a desbravar novos caminhos. De acordo com a legislação atual, as energias solar e eólica recebem uma tarifa fixa por cada kWh que produzam. Estes custos são normalmente agrupados aos custos da eletricidade em geral. Se as energias renováveis deixam de ter um papel menor e passam a ser a maior fonte de eletricidade, então diferentes sistemas de remuneração terão de ser desenvolvidos.
Isso poderá querer dizer que esta pode ser uma energia mais pesada para os bolsos dos consumidores? Que impactos terá na vida das pessoas?
Uma das características mais importantes deste projeto é o facto de, ao longo da sua duração (20 anos) conseguirmos poupar dinheiro em comparação com o sistema de abastecimento por diesel. Assim, contribuiremos para um sistema de abastecimento de energia economicamente mais eficiente nas ilhas. Uma vez que o preço da eletricidade nos Açores é regulado pela ERSE, não haverá qualquer impacto nas contas dos habitantes da Graciosa. Por outro lado, a eletricidade vai sair das tomadas com a mesma qualidade, pelo que nada vai mudar. Para além disso, se o projeto for bem acolhido pelas pessoas, teremos então todas as potencialidades para que a ilha seja uma plataforma para outras inovações. Para dar um exemplo, haverá dias em que as turbinas de vento e os sistemas fotovoltaicos vão produzir mais eletricidade que a consumida. Primeiro, a energia restante será guardada nas baterias e quando as baterias estiverem cheias, parte das instalações terão de ser desligadas. Podemos equacionar que um dia, as pessoas que queiram fazer parte do jogo poderão receber um sinal a indicar a disponibilidade de energia renovável. Depois, vão poder programar as suas máquinas de lavar para que funcionem a menores custos, sempre que haja um excedente de energia. Gestão da procura e da eficiência energética são algumas palavras-chave neste contexto. Podemos pensar ainda em em veículos elétricos, que podem ser carregado com esse excedente. De qualquer forma, tudo isto é um segundo passo, a concretizar assim que comprovemos que o sistema de abastecimento de energia renovável corresponde às expectativas de todos.
* Publicada na edição de 22 Mai'11 do Diário Insular
A Younicos quer fazer da Graciosa a primeira ilha do mundo totalmente abastecida por energias renováveis e, por isso, a primeira do mundo sem emissões de CO2. Como começou este projeto e qual é o vosso objetivo?
Em primeiro lugar, somos uma empresa que trabalha num mundo em que toda a energia produzida é renovável e livre de CO2. É por isso que estamos a desenvolver sistemas de armazenamento e soluções de rede capazes de fornecer energia a partir de fontes regeneráveis de forma segura, estável, acessível e eficiente.
Países e povos em todo mundo procuram aumentar a partilha de energias renováveis. No entanto, é do conhecimento geral que as renováveis, dado o seu caráter imprevisível, podem contribuir apenas para uma pequena parte de todo o abastecimento de energia. E que são muito caras. Nesse sentido, queríamos demonstrar num lugar do mundo que é tecnicamente e economicamente viável implementar uma rede de ilha em que a maior contribuição de energia vem do vento e do sol.
O desafio técnico pode ser superado utilizando grandes baterias e controlo inteligente. As baterias são recarregadas sempre que o vento e o sol produzam mais eletricidade do que aquela que os habitantes consomem, e são descarregadas quando o consumo excede a produção. Testámos esta tecnologia em Berlim, onde simulámos a situação de abastecimento de energia da Graciosa, baseando-nos em medições reais da ilha a uma escala de 1:3.
Economicamente isto já é viável para sistemas de energia que utilizam energia gerada a partir de diesel. No entanto, com o aumento do preço dos combustíveis a gás e carvão e com a diminuição do preço dos componentes utilizados neste sistema nos próximos quatro anos, é possível que o conceito se espalhe nas ilhas pequenas no futuro.
A EDA e a Younicos estão agora a discutir com a ERSE - Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos um possível plano e layout, bem como as condições dos contratos. A aprovação da ERSE é o próximo marco para que possamos começar a implementação na ilha. Esperamos começar a produzir os kWhs em 2012, dependendo do tempo que demorarmos a fechar os contratos.
A pergunta à resposta que todos querem saber: porquê na Graciosa?
Em primeiro lugar, os Açores têm recursos renováveis em abundância, tais como a energia geotérmica e da água, velocidades de vento muito elevadas e sol com potencialidades - não como no Mediterrâneo, mas muito melhor que na Alemanha, o país número um na utilização de energia solar. As ilhas situam-se muito longe do continente, pelo que não podem estar conectadas à rede de energia por cabo submarino. Por isso, toda a energia necessária tem de ser produzida no arquipélago e, assim, é normal que as pessoas estejam mais sensíveis à questão da produção energética, dependência de combustíveis e importações no geral. Para além disso, os Açores têm a sua própria empresa de distribuição, a EDA. Ao contrário de outros grupos de ilhas, que são abastecidos pela rede energética do continente, nos Açores são os ilhéus que produzem a sua energia. Neste sentido, a sensibilização para a necessidade de conservação da natureza e utilização de recursos locais é muito maior. A EDA, por exemplo, recebeu-nos de portas abertas desde o início e forneceu-nos todos os dados e apoio necessários ao desenvolvimento deste projeto. O Governo, da mesma forma, também é a favor da transição para as energias limpas. O Governo Regional dos Açores estabeleceu o objetivo ambicioso de abastecer a sua rede de 75% de renováveis até 2018.
A ilha da Graciosa é suficientemente pequena para que o projeto possa ser gerido de forma prudente do ponto de vista do investimento, mas suficientemente grande para que possa ter impacto e visibilidade - enquanto, por exemplo, os sistemas caseiros de produção de energia solar não são considerados verdadeiros abastecedores de energia, o abastecimento de 4.500 habitantes já é outra história. Para além disso, a Graciosa não tem água com potencial energético, nem sistemas de armazenagem de água, nem potencial geotérmico explorável, nem área suficiente para gerar a sua eletricidade a partir dos seus próprios bio-combustíveis - condições que se verificam na maior parte do mundo. Assim, considerámos que seria o candidato ideal para ser o modelo de utilização de um sistema de energia que depois pode ser copiado por outras ilhas e regiões (ainda que sejamos a favor da sua utilização só e apenas se for a melhor alternativa - se uma ilha tem boa hidro-energia, então aconselhamo-los a utilizá-la).
Consideram que há vantagens específicas na utilização de energias limpas e renováveis numa ilha como a Graciosa?
A transição para um sistema de utilização de energias renováveis traz muitas vantagens. Primeiro, aumenta a autonomia de energia ao diminuir a dependência de combustíveis fósseis importados. Depois, reduz as emissões dos geradores a diesel, preservando, assim, esta natureza única. Por outro lado, a Graciosa pode tornar-se pioneira e um modelo para outras ilhas ou regiões que também queiram implementar este sistema. Ao mesmo tempo, atrai turistas ecologicamente conscientes e faz com que a ilha se torne o centro das tecnologias renováveis, exportando experiência em operação e equipamentos.
E, afinal, como é que funciona este projeto?
O papel das baterias é o de guardar energia sempre que o sol e o vento produzam mais eletricidade do que a que é consumida nas vilas. Por outro lado, pretende-se também que libertem energia sempre que o consumo exceda a produção renovável. Para além disso, através dos inversores inteligentes das baterias é possível compensar, a curto prazo, a flutuação de energia renovável e controlar a tensão e a frequência.
Há diferentes tipos de baterias disponíveis que diferem em termos de propriedades elétricas, tamanho e maturidade. Escolhemos as baterias NaS porque, neste tipo de projeto, é muito raro que a produção seja exatamente igual à necessária pelos consumidores e estas baterias estão sempre a carregar e a descarregar energia. Consequentemente, uma bateria tem de aguentar grandes números de ciclos. A tecnologia NaS pode fazer até 4.500 ciclos completos ou a respetiva quantidade de ciclos mais pequenos, podendo ainda aguentar micro-ciclos.
Este projeto não é uma investigação, é uma aplicação que tem de alcançar os mesmos padrões de abastecimento de energia dos atuais sistemas, tendo ainda que satisfazer critérios de financiamento. Por isso precisámos de um sistema maduro e de confiança. Com mais de 300 MW instalados por todo o mundo e uma experiência de 13 anos, a NaS pareceu-nos apropriada. Todos os sistemas que utilizam baterias têm perdas, mas quanto menores melhor.
Há ainda obstáculos que têm de ultrapassar para alcançarem o objetivo de fazer da Graciosa a primeira ilha sem emissões de CO2?
Em poucas palavras, o grande desafio técnico é o de conseguir desligar todos os geradores de energia convencionais e oferecer uma rede estável apenas e só através de fontes renováveis e imprevisíveis, e de baterias. Depois de resolvido este problema, temos o caminho aberto para fornecer energia 100% renovável, já que nunca mais será necessária uma carga de base ou equilibrar com o fornecimento de energia gerada por diesel.
Seguindo o plano passo a passo, o nosso primeiro objetivo é alcançar 75% de abastecimento de renováveis, o que é razoável do ponto de vista económico, ao mesmo tempo que vai de encontro às metas políticas. Para além disso, é possível lá chegar através das tecnologias disponíveis. O restante abastecimento pode chegar através de bio-combustíveis ou de armazenamento sazonal, tal como o hidrogénio, que ainda existe só em protótipo. No entanto, este é o segundo passo, a alcançar assim que o primeiro seja implementado com sucesso.
Do ponto de vista económico, este projeto também está a desbravar novos caminhos. De acordo com a legislação atual, as energias solar e eólica recebem uma tarifa fixa por cada kWh que produzam. Estes custos são normalmente agrupados aos custos da eletricidade em geral. Se as energias renováveis deixam de ter um papel menor e passam a ser a maior fonte de eletricidade, então diferentes sistemas de remuneração terão de ser desenvolvidos.
Isso poderá querer dizer que esta pode ser uma energia mais pesada para os bolsos dos consumidores? Que impactos terá na vida das pessoas?
Uma das características mais importantes deste projeto é o facto de, ao longo da sua duração (20 anos) conseguirmos poupar dinheiro em comparação com o sistema de abastecimento por diesel. Assim, contribuiremos para um sistema de abastecimento de energia economicamente mais eficiente nas ilhas. Uma vez que o preço da eletricidade nos Açores é regulado pela ERSE, não haverá qualquer impacto nas contas dos habitantes da Graciosa. Por outro lado, a eletricidade vai sair das tomadas com a mesma qualidade, pelo que nada vai mudar. Para além disso, se o projeto for bem acolhido pelas pessoas, teremos então todas as potencialidades para que a ilha seja uma plataforma para outras inovações. Para dar um exemplo, haverá dias em que as turbinas de vento e os sistemas fotovoltaicos vão produzir mais eletricidade que a consumida. Primeiro, a energia restante será guardada nas baterias e quando as baterias estiverem cheias, parte das instalações terão de ser desligadas. Podemos equacionar que um dia, as pessoas que queiram fazer parte do jogo poderão receber um sinal a indicar a disponibilidade de energia renovável. Depois, vão poder programar as suas máquinas de lavar para que funcionem a menores custos, sempre que haja um excedente de energia. Gestão da procura e da eficiência energética são algumas palavras-chave neste contexto. Podemos pensar ainda em em veículos elétricos, que podem ser carregado com esse excedente. De qualquer forma, tudo isto é um segundo passo, a concretizar assim que comprovemos que o sistema de abastecimento de energia renovável corresponde às expectativas de todos.
* Publicada na edição de 22 Mai'11 do Diário Insular
domingo, maio 22
Directas
...
As próximas eleições legislativas para a Assembleia da República são uma derradeira oportunidade de travar o sangramento e a corrupção da Pátria. Vítima de maus-tratos sucessivos, às mãos de um estripador do erário público, e vendilhão de contrafeitas ilusões, Portugal está hoje à beira do colapso. Assim, nestas "directas", a questão central é a de saber se Portugal, e os Portugueses, querem mais do mesmo, e votam em Sócrates ; ou querem arrepiar caminho e fazer um esforço para reparar os danos de uma gestão danosa e ruinosa do País capitaneado pelo PS.
A avaliar pelo "barómetro" da opinião pública a questão é mesmo a de saber se Sócrates é desta vez "defenestrado", eleitoralmente, do poder. Já o devia ter sido há muito pelo actual Presidente da República mas, por inércia do mesmo, tal poder foi devolvido aos Portugueses.
O governo é politicamente responsável perante o Presidente da República assim como perante a Assembleia da República. Mas a legitimidade do título governativo deriva do Povo. Por isso é que ao Presidente da República resta nomear Primeiro-Ministro, "ouvidos os partidos representados na Assembleia da República", aquele que seja o vencedor do sufrágio e, sempre, "tendo em conta os resultados eleitorais", conforme expressamente prevê o artigo 187º da Constituição.
Depois, resta ao Presidente da República aceitar nomear os restantes membros do governo, mas já sob proposta do indigitado Primeiro-Ministro.
Daí o perigo da dispersão de votos, pois a única garantia de uma alternativa de governo sem Sócrates é a do PSD. Essa alternativa só se concretiza se o PSD tiver mais votos do que as restantes forças políticas. Não haja ilusões : não existe qualquer coligação entre o PSD e o CDS/PP, pelo que, não é com a soma dos dois partidos que se garante uma alternativa ao desgoverno de Sócrates. Essa garantia só se alcança com a vitória eleitoral do PSD, com mais votos do que qualquer outro partido, e sem extrapolações de sondagens. Pois só um PSD vencedor pode indicar quem será o futuro Primeiro-Ministro e a este caberá a formação do seu governo, incluindo, ou não, ministros e secretários de Estado de outras filiações partidárias ou até "independentes".
Só é nomeado Primeiro-Ministro, e chamado a formar governo, aquele que tiver mais votos, pelo que, mesmo que a soma, previsível nas sondagens, dê uma maioria do PSD com o CDS/PP a mesma só se coloca, a posteriori, se em termos absolutos, nem que seja por um único voto apenas, por exemplo o seu, no dia 5 de Junho, o PSD tiver mais votos do que as restantes forças políticas. De contrário arriscamo-nos a termos de novo Sócrates a desbaratar os milhões que não teve e os que terá agora do esbulho externo a que subjugou Portugal !
Logo, quem decidirá é o Povo. Mas que se queira esclarecido e que naquele 1/3 de "indecisos" fique a certeza que só a concentração de votos no PSD garante o degredo de Sócrates. Dividir votos é pois permitir que o PS volte a "reinar" com todos nós habilitando-o a formar governo comprando as sinecuras de conveniência que quiser para se perpetuar no poder. Se os Portugueses querem, para já, decidir extirpar Sócrates do poder só lhes resta retirar a legitimidade do título, que ainda detém, permitindo que a alternativa do PSD conquiste o poder com a maioria dos votos. Nem que seja, directamente, por mais um voto : o seu !
...
João Nuno Almeida e Sousa na edição de 23 de Maio do Açoriano Oriental
As próximas eleições legislativas para a Assembleia da República são uma derradeira oportunidade de travar o sangramento e a corrupção da Pátria. Vítima de maus-tratos sucessivos, às mãos de um estripador do erário público, e vendilhão de contrafeitas ilusões, Portugal está hoje à beira do colapso. Assim, nestas "directas", a questão central é a de saber se Portugal, e os Portugueses, querem mais do mesmo, e votam em Sócrates ; ou querem arrepiar caminho e fazer um esforço para reparar os danos de uma gestão danosa e ruinosa do País capitaneado pelo PS.
A avaliar pelo "barómetro" da opinião pública a questão é mesmo a de saber se Sócrates é desta vez "defenestrado", eleitoralmente, do poder. Já o devia ter sido há muito pelo actual Presidente da República mas, por inércia do mesmo, tal poder foi devolvido aos Portugueses.
O governo é politicamente responsável perante o Presidente da República assim como perante a Assembleia da República. Mas a legitimidade do título governativo deriva do Povo. Por isso é que ao Presidente da República resta nomear Primeiro-Ministro, "ouvidos os partidos representados na Assembleia da República", aquele que seja o vencedor do sufrágio e, sempre, "tendo em conta os resultados eleitorais", conforme expressamente prevê o artigo 187º da Constituição.
Depois, resta ao Presidente da República aceitar nomear os restantes membros do governo, mas já sob proposta do indigitado Primeiro-Ministro.
Daí o perigo da dispersão de votos, pois a única garantia de uma alternativa de governo sem Sócrates é a do PSD. Essa alternativa só se concretiza se o PSD tiver mais votos do que as restantes forças políticas. Não haja ilusões : não existe qualquer coligação entre o PSD e o CDS/PP, pelo que, não é com a soma dos dois partidos que se garante uma alternativa ao desgoverno de Sócrates. Essa garantia só se alcança com a vitória eleitoral do PSD, com mais votos do que qualquer outro partido, e sem extrapolações de sondagens. Pois só um PSD vencedor pode indicar quem será o futuro Primeiro-Ministro e a este caberá a formação do seu governo, incluindo, ou não, ministros e secretários de Estado de outras filiações partidárias ou até "independentes".
Só é nomeado Primeiro-Ministro, e chamado a formar governo, aquele que tiver mais votos, pelo que, mesmo que a soma, previsível nas sondagens, dê uma maioria do PSD com o CDS/PP a mesma só se coloca, a posteriori, se em termos absolutos, nem que seja por um único voto apenas, por exemplo o seu, no dia 5 de Junho, o PSD tiver mais votos do que as restantes forças políticas. De contrário arriscamo-nos a termos de novo Sócrates a desbaratar os milhões que não teve e os que terá agora do esbulho externo a que subjugou Portugal !
Logo, quem decidirá é o Povo. Mas que se queira esclarecido e que naquele 1/3 de "indecisos" fique a certeza que só a concentração de votos no PSD garante o degredo de Sócrates. Dividir votos é pois permitir que o PS volte a "reinar" com todos nós habilitando-o a formar governo comprando as sinecuras de conveniência que quiser para se perpetuar no poder. Se os Portugueses querem, para já, decidir extirpar Sócrates do poder só lhes resta retirar a legitimidade do título, que ainda detém, permitindo que a alternativa do PSD conquiste o poder com a maioria dos votos. Nem que seja, directamente, por mais um voto : o seu !
...
João Nuno Almeida e Sousa na edição de 23 de Maio do Açoriano Oriental
A tradição ainda é o que era
O atum capturado pelo sistema “pesca à linha” nas embarcações da Conserveira Santa Catarina, em S. Jorge (Açores), é "o mais sustentável do mundo ", segundo a organização ambientalista Greenpeace.
Retirado daqui.
sábado, maio 21
Sugestão para este sábado à noite
A peça de teatro “O Diário de Anne Frank” é uma adaptação de Fátima Sousa e Teresa Gentil da obra homónima.
Esta noite sobe ao palco do Teatro Micaelense.
Esta noite sobe ao palco do Teatro Micaelense.
sexta-feira, maio 20
Excelente
Ontem, na Horta, tive a oportunidade de assistir a quatro excelentes comunicações no arranque do ciclo de conferências: "Um Novo Ciclo para Vencer Novos Desafios".
Para além da partilha de experiências e das ideias veiculadas pelo painel de oradores, ficaram-me as imagens fantásticas do cineasta Rick Rosenthal (vencedor de 2 Emmys e responsável por séries como The Deep Blue) que, desde 1995, vem filmar o blue/green do Mar dos Açores.
A sua paixão - por aquilo que cá encontrou - faz com que estas imagens, colhidas nas águas do arquipélago, fossem já vistas por um vasto auditório à escala planetária.
quarta-feira, maio 18
Slow emotion replay
...
...
The more I see
The less I know
About all the things I thought were wrong or right
& carved in stone
So, don't ask me about
War, Religion, or God
Love, Sex, or Death
Because....
Everybody knows what's going wrong with the world
But I don't even know what's going on in myself.
You've gotta work out your own salvation.
With no explanation to this Earth we fall
On hands & knees we crawl
And we look up to the stars
And we reach out & pray
To a deaf, dumb & blind God who never explains.
Every body knows what's going wrong with the world
But I don't even know what's going on in myself.
Lord, I've been here for so long
I can feel it coming down on me
I'm just a slow emotion replay of somebody I used to be.
...
( * see you around...na curva da Estrada ; entretanto o blog tem as suas intermitências asseguradas nos "compagnons de route")
...
The more I see
The less I know
About all the things I thought were wrong or right
& carved in stone
So, don't ask me about
War, Religion, or God
Love, Sex, or Death
Because....
Everybody knows what's going wrong with the world
But I don't even know what's going on in myself.
You've gotta work out your own salvation.
With no explanation to this Earth we fall
On hands & knees we crawl
And we look up to the stars
And we reach out & pray
To a deaf, dumb & blind God who never explains.
Every body knows what's going wrong with the world
But I don't even know what's going on in myself.
Lord, I've been here for so long
I can feel it coming down on me
I'm just a slow emotion replay of somebody I used to be.
...
( * see you around...na curva da Estrada ; entretanto o blog tem as suas intermitências asseguradas nos "compagnons de route")
Terras do Priolo - "a ideia não é criar hotéis"
"As Terras do Priolo, nos concelhos da Povoação e Nordeste, em S. Miguel, podem vir a ser reconhecidas em 2012 com a Carta Europeia de Turismo Sustentável, no âmbito de uma candidatura em preparação pela Secretaria Regional do Ambiente.
A carta representa uma acreditação a nível europeu do território como um local com boa qualidade para o turismo de natureza, uma vez que permite estabelecer um equilíbrio entre o desenvolvimento turístico e a conservação das áreas protegidas", afirmou Azucena de la Cruz, assistente do projeto LIFE-Laurissilva Sustentável, em curso naquela zona da ilha de S. Miguel. (...) "O processo está a começar com um diagnóstico para identificar problemas e potencialidades", afirmou, recordando que a zona abrangida pelo projeto é a única no mundo onde vive o priolo, uma pequena ave ameaçada de extinção. Nesse sentido, frisou que a ideia não é criar hotéis, mas "melhorar a coordenação entre várias instituições, incluindo empresários do setor turístico, associações ou grupos folclóricos".
APE.
Lusa/fim
Claro que "a ideia não é criar (mais) hotéis". É muito mais do que isso!
Trata-se de sensibilizar todos os agentes económicos (dentro e fora da área) que o problema do turismo na região não radica no n.º de hotéis que tem ou deixa de ter.
Eles são as «plataformas estruturais» que conseguem garantir condições para aumentarmos a população flutuante.
O problema está em trazê-los cá e ter criatividade para sabermos como vamos ganhar dinheiro com os turistas, contribuindo para melhorar o nível das experiências.
Se não fosse ele - o turismo - alguém se lembrava do ambiente?
Dia Internacional dos Museus
Irreverência e Requinte @ Museu Carlos Machado |
terça-feira, maio 17
Life after 1979
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"Como crianças suburbanas, nadávamos à noite em piscinas à temperatura do sangue, piscinas da cor da Terra como se vê do espaço. Mergulhávamos em pêlo, os meus amigos e eu: a boazona da Stacey, com compridos cabelos louros e corpo de Barbie de Malibu ; Mark, o nosso atleta silencioso; Kristy, a nossa máquina de fazer piadas ruiva e sardenta; Julie, a "voz da razão", com um corpo dentro da "média estatística"; o careta do Dana, esquiador, bronze-mel, sem linha de demarcação do bronzeado e suspeito de ter carradas de massa, e Todd, o pudico, sempre o último a despir-se e mesmo assim tirava sempre a roupa interior debaixo de água.
Boiávamos e andávamos nus, fingíamos que éramos embriões, fingíamos que éramos fetos, todos em silêncio, à excepção do murmúrio do filtro da piscina. Tínhamos o espírito vazio e os olhos fechados enquanto boiávamos na água quente, reduzida a nada a distinção entre os nossos corpos e os nossos cérebros, banhados em cloro e iluminados por luzes puramente azuis instaladas por baixo das pranchas de mergulho.
Às vezes dávamos as mãos e formávamos um anel, como os astronautas no espaço; outras vezes, quando nos sentíamos mais isolados no nosso estupor fetal, esbarrávamos uns nos outros no fundo, como gémeos com os quais nem sequer soubéssemos que partilhávamos um útero.
Depois embrulhávamo-nos em toalhas e íamos andar de carro em estradas que rasgavam a montanha onde morávamos – por entre as árvores, passando as divisórias, de piscina para piscina, de cave para cave, sendo o movimento interminável em si um substituto de formas mais alargadas de pensamento.
O rádio ia ligado, cheio de canções de amor e música rock. Acreditávamos na música rock, mas acho que não acreditávamos nas canções de amor, nem então, nem agora. A nossa vida passava-se no paraíso, o que tornava inútil qualquer discussão de ideias transcendentais. A política, acho eu, morava noutro lugar, na negação televisiva do paraíso; a morte era algo semelhante à reciclagem.
A vida era um encanto mas não tinha política nem religião. Era uma vida de filhos dos filhos dos pioneiros – a vida depois de Deus - , uma vida de salvação terrena no limiar do céu. Talvez isso seja o melhor a que podemos aspirar, a vida em paz, uma zona indistinta entre a vida de sonho e a vida real; e, no entanto, acho-me a dizer estas palavras com uma sensação de dúvida.
Acho que ainda houve uma transacção algures no percurso. Acho que o preço que pagámos pela nossa vida dourada foi a incapacidade de acreditarmos verdadeiramente no amor; em vez disso, adquirimos uma ironia que distorce tudo aquilo em que tocamos.
E pergunto-me se essa ironia foi o preço que pagámos pela perda de Deus.
Mas então tenho que me lembrar que somos criaturas vivas...temos impulsos religiosos...Devemos...Mas, afinal, por que fendas escorrem estes impulsos num mundo sem religião ? É uma coisa em que todos os dias penso. Penso às vezes que é a única coisa em que vale a pena pensar"
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DOUGLAS COUPLAND - A VIDA DEPOIS DE DEUS.
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"Como crianças suburbanas, nadávamos à noite em piscinas à temperatura do sangue, piscinas da cor da Terra como se vê do espaço. Mergulhávamos em pêlo, os meus amigos e eu: a boazona da Stacey, com compridos cabelos louros e corpo de Barbie de Malibu ; Mark, o nosso atleta silencioso; Kristy, a nossa máquina de fazer piadas ruiva e sardenta; Julie, a "voz da razão", com um corpo dentro da "média estatística"; o careta do Dana, esquiador, bronze-mel, sem linha de demarcação do bronzeado e suspeito de ter carradas de massa, e Todd, o pudico, sempre o último a despir-se e mesmo assim tirava sempre a roupa interior debaixo de água.
Boiávamos e andávamos nus, fingíamos que éramos embriões, fingíamos que éramos fetos, todos em silêncio, à excepção do murmúrio do filtro da piscina. Tínhamos o espírito vazio e os olhos fechados enquanto boiávamos na água quente, reduzida a nada a distinção entre os nossos corpos e os nossos cérebros, banhados em cloro e iluminados por luzes puramente azuis instaladas por baixo das pranchas de mergulho.
Às vezes dávamos as mãos e formávamos um anel, como os astronautas no espaço; outras vezes, quando nos sentíamos mais isolados no nosso estupor fetal, esbarrávamos uns nos outros no fundo, como gémeos com os quais nem sequer soubéssemos que partilhávamos um útero.
Depois embrulhávamo-nos em toalhas e íamos andar de carro em estradas que rasgavam a montanha onde morávamos – por entre as árvores, passando as divisórias, de piscina para piscina, de cave para cave, sendo o movimento interminável em si um substituto de formas mais alargadas de pensamento.
O rádio ia ligado, cheio de canções de amor e música rock. Acreditávamos na música rock, mas acho que não acreditávamos nas canções de amor, nem então, nem agora. A nossa vida passava-se no paraíso, o que tornava inútil qualquer discussão de ideias transcendentais. A política, acho eu, morava noutro lugar, na negação televisiva do paraíso; a morte era algo semelhante à reciclagem.
A vida era um encanto mas não tinha política nem religião. Era uma vida de filhos dos filhos dos pioneiros – a vida depois de Deus - , uma vida de salvação terrena no limiar do céu. Talvez isso seja o melhor a que podemos aspirar, a vida em paz, uma zona indistinta entre a vida de sonho e a vida real; e, no entanto, acho-me a dizer estas palavras com uma sensação de dúvida.
Acho que ainda houve uma transacção algures no percurso. Acho que o preço que pagámos pela nossa vida dourada foi a incapacidade de acreditarmos verdadeiramente no amor; em vez disso, adquirimos uma ironia que distorce tudo aquilo em que tocamos.
E pergunto-me se essa ironia foi o preço que pagámos pela perda de Deus.
Mas então tenho que me lembrar que somos criaturas vivas...temos impulsos religiosos...Devemos...Mas, afinal, por que fendas escorrem estes impulsos num mundo sem religião ? É uma coisa em que todos os dias penso. Penso às vezes que é a única coisa em que vale a pena pensar"
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DOUGLAS COUPLAND - A VIDA DEPOIS DE DEUS.
segunda-feira, maio 16
Dar o dito por não dito.
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Com o PS, de lá ou de cá, o filme é sempre o mesmo: "dar o dito por não dito". Depois de garantir que, também na Saúde, os Açores seriam uma espécie de última ideia gaulesa do purismo socialista, afinal foi o próprio César autóctone a ter que recuar. Agora a Saúde nos Açores, já a partir de Julho, também passa a ter taxa e a ser paga, por exemplo, com uma nota de 10 €, para em troca receber míseras patacas por um Serviço Regional de Saúde que, também por cá, vai ter custos para o utente.
Um SRS, pago logo à cabeça, designadamente, nos serviços de urgência, nas consultas externas, nos meios complementares de diagnóstico, nas análises clínicas e na fisioterapia e no que virá a seguir. Também aqui o socialismo do facilitismo claudicou e vai impor os seus custos aos "pacientes" do costume.
Quem o disse foi o próprio Carlos César, replicado pelo Secretário Regional de Saúde, mas por sinal o mesmo Carlos César que em época de "caça ao voto", em 2008, prometeu que tinha jurado a Constituição socialista na íntegra, incluindo no pacote Saúde gratuita para todos. Em comícios por vários pontos dos Açores, a começar por Santa Maria, profetizou que a implementação das "taxas moderadoras" na Saúde tornaria um serviço tendencialmente gratuito "num embuste" - (e cito o mesmo Carlos César) - e ainda de seguida acrescentou que isso seria "uma possibilidade se o PSD ganhasse as eleições regionais" de 19 de Outubro de 2008.
Longe vai a época dessa campanha, e perto se aproxima o fim de ciclo de Carlos César, o que o habilita até a desautorizar a sua própria palavra. Afinal, onde está o "embuste" ? É que se trata do mesmo PS que ontem prometeu caucionar o voto com a gratuitidade da Saúde para todos e que agora vem dizer que é só para alguns. Stop ! Rewind. Mas afinal, em 2008, em postura eleiçoeira, com a habitual vozearia de pasionaria à regional, não foi o mesmo Carlos César que bradou aos quatro cantos que, nos Açores, as "taxas moderadoras" não passariam? Claro que foi! Foi o mesmo que fez furor e caixa noticiosa nos habituais jornais de referência, com sotaque do continente, afirmando marcar a diferença do socialismo Açoriano. Ao contrário do socialismo sócretino, nos Açores não teríamos "taxas moderadoras" porque isso seria, repetindo a citação, um "embuste".
No final juntos conseguiram unir-se de facto no mesmo socialismo de ocasião que ora diz que o Estado Social é gratuito, ora mais tarde diz que é a pagar. Não foi esse o discurso de um socialismo diferenciador no oásis do superávit ? A pergunta era claramente retórica. A verdade é que, o que ontem era uma promessa, hoje não passa de um "embuste" - (para usar o linguajar de então apontado à oposição) - quando o que se sabe é que o actual modelo é insustentável. Outra interrogação que se coloca é a de saber até quando é que os Portugueses e os Açorianos vão continuar a "arreganhar a taxa" a este "embuste"?
João Nuno Almeida e Sousa na edição de hoje do Açoriano Oriental
Com o PS, de lá ou de cá, o filme é sempre o mesmo: "dar o dito por não dito". Depois de garantir que, também na Saúde, os Açores seriam uma espécie de última ideia gaulesa do purismo socialista, afinal foi o próprio César autóctone a ter que recuar. Agora a Saúde nos Açores, já a partir de Julho, também passa a ter taxa e a ser paga, por exemplo, com uma nota de 10 €, para em troca receber míseras patacas por um Serviço Regional de Saúde que, também por cá, vai ter custos para o utente.
Um SRS, pago logo à cabeça, designadamente, nos serviços de urgência, nas consultas externas, nos meios complementares de diagnóstico, nas análises clínicas e na fisioterapia e no que virá a seguir. Também aqui o socialismo do facilitismo claudicou e vai impor os seus custos aos "pacientes" do costume.
Quem o disse foi o próprio Carlos César, replicado pelo Secretário Regional de Saúde, mas por sinal o mesmo Carlos César que em época de "caça ao voto", em 2008, prometeu que tinha jurado a Constituição socialista na íntegra, incluindo no pacote Saúde gratuita para todos. Em comícios por vários pontos dos Açores, a começar por Santa Maria, profetizou que a implementação das "taxas moderadoras" na Saúde tornaria um serviço tendencialmente gratuito "num embuste" - (e cito o mesmo Carlos César) - e ainda de seguida acrescentou que isso seria "uma possibilidade se o PSD ganhasse as eleições regionais" de 19 de Outubro de 2008.
Longe vai a época dessa campanha, e perto se aproxima o fim de ciclo de Carlos César, o que o habilita até a desautorizar a sua própria palavra. Afinal, onde está o "embuste" ? É que se trata do mesmo PS que ontem prometeu caucionar o voto com a gratuitidade da Saúde para todos e que agora vem dizer que é só para alguns. Stop ! Rewind. Mas afinal, em 2008, em postura eleiçoeira, com a habitual vozearia de pasionaria à regional, não foi o mesmo Carlos César que bradou aos quatro cantos que, nos Açores, as "taxas moderadoras" não passariam? Claro que foi! Foi o mesmo que fez furor e caixa noticiosa nos habituais jornais de referência, com sotaque do continente, afirmando marcar a diferença do socialismo Açoriano. Ao contrário do socialismo sócretino, nos Açores não teríamos "taxas moderadoras" porque isso seria, repetindo a citação, um "embuste".
No final juntos conseguiram unir-se de facto no mesmo socialismo de ocasião que ora diz que o Estado Social é gratuito, ora mais tarde diz que é a pagar. Não foi esse o discurso de um socialismo diferenciador no oásis do superávit ? A pergunta era claramente retórica. A verdade é que, o que ontem era uma promessa, hoje não passa de um "embuste" - (para usar o linguajar de então apontado à oposição) - quando o que se sabe é que o actual modelo é insustentável. Outra interrogação que se coloca é a de saber até quando é que os Portugueses e os Açorianos vão continuar a "arreganhar a taxa" a este "embuste"?
João Nuno Almeida e Sousa na edição de hoje do Açoriano Oriental
domingo, maio 15
Fugir...para onde ?
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Desejo de evasão, sem destino, com as perplexidades e interrogações de uma segunda juventude ? Sugestão subliminar do motard no vídeo com uma bike quase tão vintage como uma crise de meia-idade. Mas com brilho . A verdade é que é apenas um prazer honesto na busca do Sol e do cromado do Mar. Esta está em repeat desde que a descobri. São os You Can’t Win Charlie Brown e esta canção faz parte do seu álbum de debutantes : Chromatic.( música e video sublimes )
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Desejo de evasão, sem destino, com as perplexidades e interrogações de uma segunda juventude ? Sugestão subliminar do motard no vídeo com uma bike quase tão vintage como uma crise de meia-idade. Mas com brilho . A verdade é que é apenas um prazer honesto na busca do Sol e do cromado do Mar. Esta está em repeat desde que a descobri. São os You Can’t Win Charlie Brown e esta canção faz parte do seu álbum de debutantes : Chromatic.( música e video sublimes )
sexta-feira, maio 13
Inaugura hoje
Irreverência e Requinte inaugura esta 6ª feira, dia 13 de Maio, pelas 18h30, no Núcleo de Santa Bárbara do Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada.
quinta-feira, maio 12
Agente Provocador
Esta 5ª feira o Agente Provocador convida Rogério Sousa, Presidente da Associação Cultural Burra de Milho promotora da 3ª edição do Labjovem - Concurso de Jovens Criadores dos Açores, numa emissão conduzida por Herberto Quaresma com João Nuno Almeida e Sousa e Alexandre Pascoal.
A actualidade musical e 'mundana' para ouvir em directo na Antena 3 - Açores, a partir das 22h00, nas seguintes frequências:
S. Miguel 87,7 MHz
Terceira 103,0 MHz / 103,9 MHz
Faial 102,7 MHz
Um dia chato
Depois da referência a Hitler e da taxa intermédia, tempo para a questão pilosa. Temos de convir que é/foi um dia chato!
quarta-feira, maio 11
Marley
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No reino David a capital mítica da fraternidade, numa utopia de terra prometida que nunca saiu do mapa da mitologia, era a cidade sagrada de Zion. Há quem continue na busca da cidade perdida. Há quem siga ainda o legado. E que melhor legado pode um Homem ter que não sejam os seus filhos? Bob Marley já lá está a caminho de Zion, há 30 anos, mas o seu testemunho está bem entregue a Damian Marley.
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No reino David a capital mítica da fraternidade, numa utopia de terra prometida que nunca saiu do mapa da mitologia, era a cidade sagrada de Zion. Há quem continue na busca da cidade perdida. Há quem siga ainda o legado. E que melhor legado pode um Homem ter que não sejam os seus filhos? Bob Marley já lá está a caminho de Zion, há 30 anos, mas o seu testemunho está bem entregue a Damian Marley.
Trabalho parlamentar
Do nascimento ao último percurso provável de Antero de Quental pelas ruas de Ponta Delgada até ao banco onde o poeta decidiu o lugar e tempo para matar-se, a primeira publicação do projecto "Roteiros Culturais dos Açores" 'traça' os lugares da cidade marcados pela vida do poeta. Em mapa anotado, com fotografias, uma resenha histórica e tábua cronológica dos passos do também filósofo.
O desdobrável é o primeiro de vários que se vão seguir, em tornos das vidas de personalidades do Açores que marcaram e foram marcadas pelas cidades e ilhas onde viveram.
Em fase de preparação, prevendo-se a sua publicação até Outubro próximo, estão já os Roteiros Culturais de Vitorino Nemésio e Manuel de Arriaga, sob orientação científica de Luíz Fagundes Duarte.
A apresentação pública deste roteiro a que o AO teve acesso, será feita na próxima sexta-feira, dia para o qual também está prevista uma reconstituição dos últimos passos do poeta. "Fazendo uma viagem que se supõe que Antero de Quental terá feito justamente antes de se suicidar no Campo de São Francisco", revela o director regional da Cultura.
Jorge Paulus Bruno, questionado sobre a utilidade do uso deste roteiro por parte de guias turísticos para, por exemplo, trilhar esses percursos, diz que é, precisamente, umas das utilizações que pode ter. "Esse é um dos objectivos consignados no Plano de Governo, associar também cultura ao turismo, trabalharmos em conjunto", afirma Paulus Bruno, acrescentando que estas publicações permitem aos guias turísticos ou a qualquer visitante dispor de uma "ferramenta" que permite "rever a memória de determinadas personalidades, não só percorrendo sítios que eles percorreram mas, acima de tudo, terão conhecimento dos ambientes, de um modo que hoje em dia é possível revê-los, que eles frequentavam naquele tempo."
Este primeiro roteiro está a ser colocado nas Lojas de Cultura instaladas nos centros periféricos da Direcção Regional da Cultura (museus e bibliotecas públicas), nas livrarias comerciais, postos de turismo e também estão a ser enviados exemplares para os estabelecimentos hoteleiros da Região.
Os conteúdos do roteiro vão, igualmente, estar disponíveis no Portal Cultura Açores que também será apresentado ao público durante esta semana.
Recorde-se que a criação dos Roteiros Culturais dos Açores resulta de uma iniciativa do Grupo Parlamentar do Partido Socialista em 2010 na Assembleia Legislativa Regional. O projecto de resolução, apresentado pelo deputado Alexandre Pascoal, propunha "complementarmente à criação do Roteiro Anteriano, a requalificação do Largo da Esperança, situado no Campo de São Francisco, através da colocação de uma placa identificativa e de homenagem junto ao banco, onde Antero se suicidou".Olímpia Granada na edição de 09 Maio'11 do Açoriano Oriental.
* Postado inicialmente aqui
segunda-feira, maio 9
Paisagens intemporais
"de cada vez que sucumbirmos ao íntimo chamamento do mar, uma voz de mulher há-de erguer-se para chorar-nos o destino e a perdição."
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"Os maiores escritores açorianos vivos estão mortos", citando Urbano Bettencourt, parafraseando por sua vez Juliette Gréco, se esta é a regra, então é caso para dizer que o autor do aforismo é a excepção. Fora da estante da "literatura Açoriana", amplo mausoléu de leituras fúnebres e canhestras, lê-se com deleite literário e cosmopolita a obra de Urbano Bettencourt e, em particular, o seu mais recente livro "Que Paisagem Apagarás". Uma colectânea de textos, e uma secção de aforismos sob o "nom de plume" Ernesto Gregório, compõem um livro obrigatório de prosa límpida, fluida e universalmente elegante.
Há anos luz fui aluno de Urbano Bettencourt, no "Liceu Antero de Quental", numa cadeira de Francês e, "malgré le maitre", por um lado, pouco aprendi da dita Língua e, por outro lado, não arredei a minha resiliência atávica à cultura francófona, já à data tão "démodé".
Mas recebi de Urbano Bettencourt outras lições bem mais valiosas na aprendizagem para a vida adulta e retenho dele a ironia, como "piéce de resistance", de uma filosofia que não sendo a sua "cátedra" era o que melhor sabia ensinar ! Revejo essa mesma ironia em tantas das paisagens literárias, vividas ou imaginadas, no seu recente livro e cujas referências ora me evocam o humor mordaz de Woody Allen ora me transportam para um cáustico Philipe Roth no início da sua obra. Se a escrita é uma consequência da leitura, como o próprio Urbano afirmou, aposto que entre as suas leituras constam, com afeição, as obras de Allen e de Roth.
Mas além destas referências, tão pouco francófonas, há ainda neste livro lugar para telas de arrebatador realismo e para um onírico simbolismo que não se lê "en passant". Aliás, neste livro há textos de leitura que ficam em "repeat". Narrativas de um romantismo sedutor onde as palavras são pesadas à gramagem do papel e medidas milimetricamente à escala de uma "delicatessen" lexical. Exemplo dessa beleza é o curto, mas intenso, "Inverno de Passagem", com subliminares referências ao melhor do género "fantástico" de Adolfo Bioy Casares quando estava inspirado por Jorge Luís Borges. Noutro registo destaco ainda "Antes da Noite" e "Noite", crónicas realistas ultramarinas, e sem outro centro ideológico que não o absurdo do indivíduo como máquina de guerra, que estão originariamente publicadas nos "Anos da Guerra" de João de Melo numa antologia da guerra colonial para a Editora Dom Quixote. Não conheço outro registo mais realisticamente pungente da guerra de África sob a perspectiva de quem tem na mira os filhos da mesma Pátria.
Urbano Bettencourt afirmou em tempos: "Tenho enriquecido muito mais como leitor do que como autor, para este último caso, ando ainda à procura de uma fórmula ou receita rentável". Como seus leitores só temos a lucrar e o seu mais recente livro enriquece qualquer leitura contemporânea. Por ironia do destino este livro, que agrega textos dispersos e passados, logo no primeiro conto tem sinais de um tempo que também é o nosso. Assim, viajamos com Antero num "comboio inexistente" e "perpassa em tudo um difuso sentimento de abandono e de perda, uma nostalgia sem razão aparente". Depois deste sinal amarelo segue-se o aviso de alarme a vermelho: "uma única revolução é possível ou antes inevitável em Portugal: é a revolução anárquica da fome, mas essa não precisa que ninguém a promova, nem pode ser matéria de programas políticos".
Estas "Paisagens" não se apagam. Guardam-se como lugares intemporais. Esta crónica pode ser extemporânea, para um livro que teve a 1ª edição em 2010, mas a descoberta de um dos maiores escritores Açorianos, vivos, é sempre actual.
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João Nuno Almeida e Sousa na edição de hoje do Açoriano Oriental.
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João Nuno Almeida e Sousa na edição de hoje do Açoriano Oriental.
Cultura fotográfica
Uma excelente iniciativa a propósito de exposições, fotografias e de fotógrafos. Sítios a recomendar.
domingo, maio 8
Delicioso
(...)E hoje ouvi alguém dizer, com grande probabilidade de razão, que o PP é o único partido que já sabe à partida que fará parte do próximo governo.
Será que o FMI terá, na sua carteira de investimentos, acções da empresa alemã que nos vendeu os submarinos?
Será que o FMI terá, na sua carteira de investimentos, acções da empresa alemã que nos vendeu os submarinos?
"Dar o dito por não dito !"
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Com o PS, de lá ou de cá, o filme é sempre o mesmo: "dar o dito por não dito". Não é que afinal no Serviço Regional de Saúde, tal como no SNS, as consultas externas, urgências hospitalares e meios de consulta complementares, conforme hoje notícia o Açoriano Oriental, vão passar a ser objecto de "taxas moderadoras". Quem o disse foi o próprio Carlos César, replicado pelo Secretário Regional de Saúde, na edição de hoje do Açoriano Oriental.
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Com o PS, de lá ou de cá, o filme é sempre o mesmo: "dar o dito por não dito". Não é que afinal no Serviço Regional de Saúde, tal como no SNS, as consultas externas, urgências hospitalares e meios de consulta complementares, conforme hoje notícia o Açoriano Oriental, vão passar a ser objecto de "taxas moderadoras". Quem o disse foi o próprio Carlos César, replicado pelo Secretário Regional de Saúde, na edição de hoje do Açoriano Oriental.
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Stop.
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Rewind !
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Mas afinal, em 2008, em postura eleiçoeira, com a habitual vozearia de pasionaria à regional, não foi o mesmo Carlos César que bradou aos quatro cantos que, nos Açores, as "taxas moderadoras" não passariam ?
Claro que foi ! Foi assim aqui no Expresso ou na própria RTP !!!
Não foi esse o discurso de um socialismo diferenciador no oásis do superávit ?
Rewind !
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Mas afinal, em 2008, em postura eleiçoeira, com a habitual vozearia de pasionaria à regional, não foi o mesmo Carlos César que bradou aos quatro cantos que, nos Açores, as "taxas moderadoras" não passariam ?
Claro que foi ! Foi assim aqui no Expresso ou na própria RTP !!!
Não foi esse o discurso de um socialismo diferenciador no oásis do superávit ?
Claro que foi ! Mas, afinal, o que ontem era uma promessa, hoje não passa de um "embuste" - (para usar o linguajar de então apontado à oposição) - quando o que se sabe é que o actual modelo é insustentável.
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Até quando é que os Portugueses e os Açorianos vão continuar a "arreganhar a taxa" ?
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Até quando é que os Portugueses e os Açorianos vão continuar a "arreganhar a taxa" ?
sábado, maio 7
Bicicleta Bina - Conceitos Ecológicos
tipo: To Finland, with love
É certo que se trata do abaixo referido status mas, confesso que é agradável saber que, sendo português, se pertence a um país com tal passado.
A pergunta que me martela é: Como é que não nos estabelecemos noutro lado?
via Garganta Funda
Keep on Dancing, please (!)
Viva Portugal! Vivam os portugueses, vivamos nós!
O nosso povo, neste momento, só precisa que alguém lhe preste um tributo.
País pequeno e sem grandes recursos para manter o status outrora alcançado, vive atrapalhado e com o engenho amordaço pela luta desigual, num panorama mundial pouco justo, qual tabuleiro de xadrez nas mãos de presidiários a cumprirem perpétua.
Que se lixe. Que seja considerado pretensioso. Sem pastanejar, deixava sem emprego todos os profetas - alguns da desgraça - de todos os canais televisivos e de todas as estações de rádio portuguesas. É coisa para dizer "depois de comer não faltam colheres". E nenhum desses cavalheiros - pseudo comentadores - merece a minha atenção.
Na realidade, nenhum português viveu - como eles gostam de dizer - acima das suas posses. No rigor, todos nós julgamos, em determinada altura, poder mais. Essa sensação serviu os princípios do consumismo e isso fez animar a nossa economia e contribuiu para uma vida mais bonita, ainda que a única beleza entrasse na vida de alguns de nós através do fabuloso ecrã plasma, que se havia comprado a prestações.
Acabou-se o futuro em "deferido". Afinal, nem os políticos que têm governado este país, nem os economistas dos quais se têm socorrido, souberam criar condições para sustentar este modelo que por eles foi criado. E como nestes casos se deseja sempre que a culpa more só, não há nenhum responsável que se assuma como tal e todos procuram - incessantemente - um bode expiatório para arcar com o ónus, acabando todos nós por ficarmos com ânus entupido.
Não quero parecer irresponsável nem insensível às verdadeiras circunstâncias em que nos encontramos, contudo, todos nós - neste país à beira mar plantado e nos seus apêndices atlânticos -, have to "keep on dancing", caso contrário, isto ainda pode ser pior e uma coisa é certa: a busca pelo "rendimento de inserção social" vai tornar-se, de novo, na busca pelo "rendimento minímo garantido" e, eventualmente, por muitas mais pessoas. Tantas que se acabará por fazer implodir o mal entendido conceito de "Estado Social".
Criatividade é absolutamente determinante. Teremos que encontrar outras formas de, sem subsídios, continuarmos a evoluir e a contribuir para reequilibrar o malandreco do sistema, procurando criar defesas para as suas agora entendidas crises sistémicas que ajudam a ilibar todos aqueles que nos ludibriam afincadamente.
Definitivamente, não somos piores que outros povos. Só temos que acreditar mais em nós e sermos mais objectivos a traçar as nossas metas, para conseguirmos trilhar os caminhos mais acertados.
P.S. Para os mais distraídos: a música, cantada em inglês, é portuguesa.
sexta-feira, maio 6
Há quem diga "uma desgraça nunca vem só"
Como se fosse preciso mais esta demonstração para se perceber que as relações de interdependência estão cada vez maiores:
"Os senhores da guerra brincam aos soldados no quintal e todo o mundo sofre".
ARLINGTON, Va. - ARC announced today that refunds for airline tickets sold by U.S. travel agents, including online travel websites, have increased in the days since Osama Bin Laden's death.
"Os senhores da guerra brincam aos soldados no quintal e todo o mundo sofre".
ARLINGTON, Va. - ARC announced today that refunds for airline tickets sold by U.S. travel agents, including online travel websites, have increased in the days since Osama Bin Laden's death.
quinta-feira, maio 5
Agente Provocador
Esta 5ª feira o Agente Provocador convida Sofia Medeiros, artista plástica e Directora do Centro Regional de Apoio ao Artesanato, numa emissão conduzida por Herberto Quaresma com João Nuno Almeida e Sousa e Alexandre Pascoal.
A actualidade musical e 'mundana' para ouvir em directo na Antena 3 - Açores, a partir das 22h00, nas seguintes frequências:
S. Miguel 87,7 MHz
Terceira 103,0 MHz / 103,9 MHz
Faial 102,7 MHz
quarta-feira, maio 4
Portugal visto de fora !
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"using leaves", que é como quem, diz de TANGA
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Está lá tudo num retrato sem piedades socretinas.
"using leaves", que é como quem, diz de TANGA
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Está lá tudo num retrato sem piedades socretinas.
O spa das águas milagrosas
Miguel Manso |
* Artigo na edição do Público de 30 Abr'11
terça-feira, maio 3
...Eu hoje deitei-me assim !
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Em repeat : Protection – Dos Massive Attack com Tracey Thorn, dos Everything but the Girl. Tem a marca registada do requinte, sofisticação e elegância. Uma filigrana de sons, em downtempo e downbeat, numa combinação apenas acessível aos melhores joalheiros da música contemporânea. Um "contraste" que é exclusivo da melhor produção musical, - aquela que é intemporal - , como é o caso do catálogo de pérolas dos Massive Attack de onde se extrai esta da colheita de 94 e do segundo álbum de originais.
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Em repeat : Protection – Dos Massive Attack com Tracey Thorn, dos Everything but the Girl. Tem a marca registada do requinte, sofisticação e elegância. Uma filigrana de sons, em downtempo e downbeat, numa combinação apenas acessível aos melhores joalheiros da música contemporânea. Um "contraste" que é exclusivo da melhor produção musical, - aquela que é intemporal - , como é o caso do catálogo de pérolas dos Massive Attack de onde se extrai esta da colheita de 94 e do segundo álbum de originais.
segunda-feira, maio 2
O Falso Tabu
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Não há nenhum tabu. Carlos César pode, em 2012, ser candidato a deputado à Assembleia Legislativa Regional. Não pode, contudo, mesmo como cabeça de cartaz da lista do PS às próximas eleições legislativas regionais, ser nomeado como Presidente do Governo Regional dos Açores. Qualquer truque de prestidigitação que sugira o contrário é puro ilusionismo e logro eleitoral que deve ser denunciado.
Carlos César, não pode ser nomeado como Presidente do Governo Regional para mais um mandato por limitação legal em vigor desde 2009, sendo certo que, por enquanto, a lei é igual para qualquer cidadão e ninguém está acima da lei, nem mesmo Carlos César.
A actual legislação determina a impossibilidade da mesma pessoa, independentemente da sua capacidade eleitoral para ser candidato a deputado ao Parlamento Regional, ser nomeado para mais do que um terceiro mandato consecutivo para Presidente do Governo Regional dos Açores. Nesta circunstância, obviamente, está Carlos César. Não estando impedido de ser candidato a deputado, está legalmente inibido de ser nomeado Presidente do Governo, pelo que, alimentar o tabu da sua recandidatura é uma falácia e uma desonestidade para com os Açorianos.
A lei que aprovou a terceira revisão ao Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, determina expressamente que "o Presidente do Governo Regional só pode ser nomeado para três mandatos consecutivos.". Trata-se de uma norma idêntica, por exemplo, à norma que veio impor, desde 2005, a limitação, nos mesmos termos, de três mandatos consecutivos aos presidentes de câmara municipal e de junta de freguesia.
Além disso para os "casos excepcionais" dispõe a lei, que, "o Presidente do Governo Regional, se estiver a cumprir o terceiro mandato consecutivo no momento da entrada em vigor da presente lei, pode ser nomeado para mais um mandato consecutivo".
É incontrovertível que se a norma transitória prevê um regime de excepção para um quarto mandato consecutivo, não legitima, nem pelas mais retorcidas interpretações, a nomeação para um quinto mandato, e um regresso à casa da partida como se não houvesse limitação de mandatos nem sequer norma transitória para o período de excepção.
Ora, daqui decorre, por exemplo, em termos práticos, que nem Carlos César pode ser reeleito Presidente do Governo Regional para mais um mandato, que seria o quinto, como, pela mesma razão legal, Berta Cabral não pode ser reeleita para um quarto mandato como Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Perante esta realidade jurídica apenas há que sublinhar a substancial diferença política entre ambos: por um lado, Carlos César ainda não se definiu em termos de ambição política e o PS, por força dessa orfandade de pai vivo, ainda não tem um candidato a Presidente do Governo Regional dos Açores ; por outro lado, Berta Cabral cedo se definiu para com o eleitorado assumindo um último mandato em Ponta Delgada, para honrar os compromissos do seu programa eleitoral autárquico, afirmando que no seu termo candidatar-se-ia a Presidente do Governo Regional dos Açores, o que fará em 2012, já legitimada pelo último Congresso do PSD.
Como se vê, a interpretação conforme à impossibilidade de um quinto mandato de Carlos César como Presidente do Governo Regional dos Açores decorre literalmente da lei, mas teve já acolhimento imediato de insignes Constitucionalistas, como Jorge Miranda, e até do próprio legislador, alegadamente Carlos César himself, que subscreveu publicamente tal "interpretação autêntica".
Nos termos da Constituição, do Estatuto e da Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, não há qualquer incapacidade ou inelegibilidade de Carlos César, mas apenas como deputado, dado que as eleições de 2012 são para a Assembleia Legislativa e não um plebiscito para votar o Presidente e o Governo.
O Presidente do Governo Regional, depois dos resultados da votação para a Assembleia, é nomeado pelo Representante da República, tal como o Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República depois das eleições para o Parlamento Nacional, tendo em conta os resultados eleitorais e, norma alguma da Constituição, ou do Estatuto, determina que será o cabeça de lista do partido mais votado. A bem da transparência resta saber se Carlos César será candidato a deputado regional porque a recandidatura a Presidente do Governo é um embuste.
Sustentar esse falso tabu e a sua ponderação é uma contradição para quem até tanto vociferou contra os vícios de 20 anos de mota-amaralismo mas não esconde uma apetência para lhe superar os anos de poder, sendo que em matéria de vícios há muito que ultrapassou todo e qualquer pecadilho de Mota Amaral.
João Nuno Almeida e Sousa na Edição de 2 de Maio do Açoriano Oriental
Não há nenhum tabu. Carlos César pode, em 2012, ser candidato a deputado à Assembleia Legislativa Regional. Não pode, contudo, mesmo como cabeça de cartaz da lista do PS às próximas eleições legislativas regionais, ser nomeado como Presidente do Governo Regional dos Açores. Qualquer truque de prestidigitação que sugira o contrário é puro ilusionismo e logro eleitoral que deve ser denunciado.
Carlos César, não pode ser nomeado como Presidente do Governo Regional para mais um mandato por limitação legal em vigor desde 2009, sendo certo que, por enquanto, a lei é igual para qualquer cidadão e ninguém está acima da lei, nem mesmo Carlos César.
A actual legislação determina a impossibilidade da mesma pessoa, independentemente da sua capacidade eleitoral para ser candidato a deputado ao Parlamento Regional, ser nomeado para mais do que um terceiro mandato consecutivo para Presidente do Governo Regional dos Açores. Nesta circunstância, obviamente, está Carlos César. Não estando impedido de ser candidato a deputado, está legalmente inibido de ser nomeado Presidente do Governo, pelo que, alimentar o tabu da sua recandidatura é uma falácia e uma desonestidade para com os Açorianos.
A lei que aprovou a terceira revisão ao Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, determina expressamente que "o Presidente do Governo Regional só pode ser nomeado para três mandatos consecutivos.". Trata-se de uma norma idêntica, por exemplo, à norma que veio impor, desde 2005, a limitação, nos mesmos termos, de três mandatos consecutivos aos presidentes de câmara municipal e de junta de freguesia.
Além disso para os "casos excepcionais" dispõe a lei, que, "o Presidente do Governo Regional, se estiver a cumprir o terceiro mandato consecutivo no momento da entrada em vigor da presente lei, pode ser nomeado para mais um mandato consecutivo".
É incontrovertível que se a norma transitória prevê um regime de excepção para um quarto mandato consecutivo, não legitima, nem pelas mais retorcidas interpretações, a nomeação para um quinto mandato, e um regresso à casa da partida como se não houvesse limitação de mandatos nem sequer norma transitória para o período de excepção.
Ora, daqui decorre, por exemplo, em termos práticos, que nem Carlos César pode ser reeleito Presidente do Governo Regional para mais um mandato, que seria o quinto, como, pela mesma razão legal, Berta Cabral não pode ser reeleita para um quarto mandato como Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Perante esta realidade jurídica apenas há que sublinhar a substancial diferença política entre ambos: por um lado, Carlos César ainda não se definiu em termos de ambição política e o PS, por força dessa orfandade de pai vivo, ainda não tem um candidato a Presidente do Governo Regional dos Açores ; por outro lado, Berta Cabral cedo se definiu para com o eleitorado assumindo um último mandato em Ponta Delgada, para honrar os compromissos do seu programa eleitoral autárquico, afirmando que no seu termo candidatar-se-ia a Presidente do Governo Regional dos Açores, o que fará em 2012, já legitimada pelo último Congresso do PSD.
Como se vê, a interpretação conforme à impossibilidade de um quinto mandato de Carlos César como Presidente do Governo Regional dos Açores decorre literalmente da lei, mas teve já acolhimento imediato de insignes Constitucionalistas, como Jorge Miranda, e até do próprio legislador, alegadamente Carlos César himself, que subscreveu publicamente tal "interpretação autêntica".
Nos termos da Constituição, do Estatuto e da Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, não há qualquer incapacidade ou inelegibilidade de Carlos César, mas apenas como deputado, dado que as eleições de 2012 são para a Assembleia Legislativa e não um plebiscito para votar o Presidente e o Governo.
O Presidente do Governo Regional, depois dos resultados da votação para a Assembleia, é nomeado pelo Representante da República, tal como o Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República depois das eleições para o Parlamento Nacional, tendo em conta os resultados eleitorais e, norma alguma da Constituição, ou do Estatuto, determina que será o cabeça de lista do partido mais votado. A bem da transparência resta saber se Carlos César será candidato a deputado regional porque a recandidatura a Presidente do Governo é um embuste.
Sustentar esse falso tabu e a sua ponderação é uma contradição para quem até tanto vociferou contra os vícios de 20 anos de mota-amaralismo mas não esconde uma apetência para lhe superar os anos de poder, sendo que em matéria de vícios há muito que ultrapassou todo e qualquer pecadilho de Mota Amaral.
João Nuno Almeida e Sousa na Edição de 2 de Maio do Açoriano Oriental
Postura eucalíptica
Maria José Cavaco As Minhas Casas Voadoras, 2001 |
O final do plenário de Abril na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores ficou marcado pela discussão de um Projecto de Resolução com pedido de urgência e dispensa de exame em comissão, apresentado pelo Bloco de Esquerda, que recomendava a concertação entre o Governo Regional dos Açores e a Câmara Municipal de Ponta Delgada para a construção de um único Centro de Arte Contemporânea na ilha de São Miguel.
Os considerandos desta Resolução realçam o papel da Cultura como sector vital no desenvolvimento da sociedade, a importância do intercâmbio cultural e todos os benefícios que daí podem advir. Estes princípios são basilares e comungam daquilo que o Partido Socialista tem dito, defendido e executado enquanto governo na Região. Contudo, esta proposta contém 2 erros com os quais não concordamos e que a tornam extemporânea. O primeiro é o destinatário: pela forma como estava formulada deveria ser remetida à autarquia de Ponta Delgada e não ao Governo Regional. E porquê? E daqui resulta o segundo erro: há uma questão cronológica associada ao Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas que não é despiciente, na medida em que não estamos, ao contrário do que afirma o BE, numa «fase de poderem ser convertidos num só projecto». Isto porque o Arquipélago está em fase final de apreciação do concurso público para a empreitada de construção, cuja adjudicação deve acontecer nos próximos meses. Ao passo que o MAC (Museu de Arte Contemporânea) de Ponta Delgada está numa fase projecto e ainda não passou da ‘fotografia’.
Este projecto de resolução deu, igualmente, razão ao Partido Socialista quando no início de Março criticou esta opção camarária, na medida em que este investimento é revelador da ambição pessoal da presidente da autarquia e não salvaguarda a defesa do interesse público. Crítica consubstanciada pelo facto de estarmos a viver uma conturbada situação económica e financeira com fortes repercussões sociais, cujo desfecho se perspectiva incerto. Não tenhamos ilusões quanto a isso. E quanto aos argumentos utilizados em torno da aplicação estrita dos fundos comunitários, convém desmentir categoricamente esses ‘constrangimentos’. A Câmara de Ponta Delgada pode utilizar esses fundos em investimento de natureza diversa e não apenas na Cultura. Não vale pena justificar esta opção com recurso a ‘birras’ e com argumentação sem cabimento. Não estamos contra o investimento na Cultura. Mas, neste caso em particular, estamos a falar de projectos com prazos distintos e da duplicação de investimento, num sector altamente dependente dos apoios públicos. E, neste ponto, concordamos com o Presidente da Câmara da Ribeira Grande que a este propósito disse: «Questionamos se alguma Câmara Municipal dos Açores terá capacidade económica para garantir representatividade cultural de uma região através de um Centro de Arte Contemporânea?». Ele acha que não. Nós também.
Existe igualmente outro equívoco quando se compara os ‘dois museus’. Não estamos a falar de 2 espaços idênticos. O Arquipélago é um espaço de criação e residência artística, cujo projecto prevê, simultaneamente, a reabilitação de um importante património industrial. Espaço que pelo passado que teve transporta uma forte componente simbólica para o seu uso futuro. Espera-se que seja um espaço de confluências várias, de produção de conhecimento e constitua um ‘salto’ para o exterior. Comporta, igualmente, uma vertente expositiva pelo facto de ser o ‘guardião’ da Colecção de Arte Contemporânea dos Açores, um processo dinâmico e em construção. Por tudo isto parece-nos que estamos a falar de conceitos diferentes, num espaço finito e de recursos escassos. Mas que, no caso do Arquipélago, se perspectiva à escala regional, num projecto que extravasa em muito a fronteira concelhia.
A optar, como no final da discussão reconheceu a deputada Zuraida Soares, o projecto escolhido seria, na sua opinião, o do Governo Regional. Postura que aplaudimos. À margem dos que aproveitam esta época de constrangimentos para explorar populismos de ocasião e defender o corte cego nos investimentos da Cultura. Porque é que se quer sempre cortar na Cultura em detrimento de outros sectores da governação?! Numa altura em que múltiplos estudos indicam que se não usarmos «o casamento entre a cultura e a economia não conseguiremos que a sociedade portuguesa cresça»?!
Quem faz birra e, consecutivamente, se contradiz, afirmando uma coisa na Horta e outra em Ponta Delgada, é o PSD/A. O partido que passa a vida a exigir o chamado “desenvolvimento harmónico” para o arquipélago é o primeiro a assumir uma "postura eucaliptíca" e centralizadora em Ponta Delgada. E mais uma vez pergunto: o que é mau para os Açores, é bom para Ponta Delgada?!
* Publicado na edição de 25 Abr'11 do Açoriano Oriental
domingo, maio 1
Travel on my Land
A entrada diária de Filipe Franco mais não é do que uma espécie de 'vá para fora cá dentro' ou de 'viagens na minha terra'. Fica feita a sugestão.
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