Tenho-me coibido de escrever sobre este assunto, dada a minha proximidade: sou irmão de uma das donas, marido da outra e, muitas vezes – muitas mais do que as que contam –, sou dado como pai do projecto, o que, para elas, é uma perfeita injustiça.
Contudo, hoje não resisto. O reconhecimento impõe-se!
Ontem tive a felicidade de presenciar, enquanto jantava com um casal amigo, o carinho e o entusiasmo com que um operador norte-americano falava sobre A Lota, ao seu representante local, enquanto ambos davam a conhecer o restaurante a um conjunto de 3 conceituados jornalistas: Andrew Samuel Isaacson, Katharine Ward Siber e Adam Harney Graham, ao mesmo tempo que se deliciavam com uma refeição especialmente preparada para eles, com o propósito de lhe dar uma fresca perspectiva da cozinha deste restaurante, que é hoje uma das grandes referências gastronómicas de Portugal.
Quando a Eduarda (minha irmã) e a Teresa (minha mulher) reabriram "A Lota" – então totalmente remodelada, com o intuito de proporcionar uma experiência que combinasse os factores comida, serviço e atmosfera, tornando-a absolutamente sensorial – foram muitos os que, em conversa entre amigos, em blogues de crítica gastronómica e noutros circuitos, elogiaram o restaurante e desejaram que aquela qualidade se mantivesse para além dos habituais primeiros meses, como que – embora sem maldade – estivessem a vaticinar o seu expectável e irremediável declínio.
Certo, no entanto, é o facto d’A Lota ter-se mantido fiel à sua filosofia inicial, tendo por isso contribuído decisivamente, até hoje e desde Março de 2006, para uns Açores que se queriam percebidos e reconhecidos como um destino turístico de qualidade.
Inserido numa das zonas mais pitorescas da Lagoa, o restaurante A Lota foi sendo percepcionado como um restaurante requintado e caro, quando o que a Eduarda e a Teresa idealizaram foi a democratização de um produto gastronómico que no estrangeiro é reconhecido como “fine dining”, aproveitando a excelente matéria-prima açoriana e colocando-o no mercado açoriano pela metade do preço que tais produtos podem ser encontrados na maioria das capitais europeias.
Considerado pela revista "HAPPY Woman" como um dos restaurantes mais “Cool” de Portugal, A Lota faz ainda parte de um lote muito restrito de restaurantes açorianos (5) que integrou o guia “Restaurantes e Vinhos de Portugal”, que resultou da parceria Modelo/Revista de Vinhos e que se pode (pelo menos, podia-se) encontrar em todos os hipermercados Modelo.
Recordo-me que fazia parte do texto de apresentação d’A Lota à comunicação social, que outro dos objectivos fundamentais era criar algo que fosse muito mais do que um simples sítio onde se podia comer qualquer coisinha. Pretendia-se criar um sítio que permitisse às pessoas “saírem” de S. Miguel, ao mesmo tempo que davam um passo para dentro do restaurante. Julgo que o facto de, frequentemente, alguns dos turistas que demandam estas ilhas no meio do Atlântico, compararem A Lota a restaurantes de Nova Iorque e de outras paragens, atesta que também este objectivo foi conseguido e deve justificar o facto de muitos deles escolherem A Lota para a sua última refeição nos Açores.
Por tudo isto, estas duas “heroínas” estão de parabéns, numa altura em que a economia mundial não se encontra de boa saúde e, na qual, todos os negócios se tornaram muito mais difíceis de gerir. E mesmo que o vosso restaurante desapareça amanhã, vocês têm (e deram-nos também) razões de sobra para se sentirem orgulhosas com o vosso feito. A mim, só me resta agradecer do fundo do coração, o que procuraram fazer pela tentativa de afirmação dos Açores, enquanto destino turístico de qualidade, mesmo quando ninguém, dos supostos responsáveis por essa desejada afirmação, parece valorizá-lo.
E tudo isto, a propósito do carinho de um operador norte-americano que, preparando-se para trazer alguns pequenos grupos de amantes da natureza e das caminhadas em sintonia com ela, quer incluir A Lota nos seus “Taylor made packages”, acrescentando-lhes valor, com um apontamento “gourmet” que se pode encontrar apenas numa Lagoa que, para além de ser conhecida por ter um dos 75 melhores restaurantes de Portugal (o único de S. Miguel no "TOP 75 guia de restaurantes", editado pela revista Evasões), podia ser conhecida também pela sua “Costa Dourada”.
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