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1 Milhão e 500 mil euros para celebrar o espectáculo das 7 maravilhas no parque de diversões de "bétão" plantado à beira-mar de Ponta Delgada !?! Tudo é possível nesta cornucópia onde decerto há sempre "novas oportunidades" de negócio. A ironia suplementar está num evento que pretende glorificar a natureza numa Região cujos governantes, porventura convidados para mestres-de-cerimónia do mesmo, têm profanado com despautério ambiental e despesista. Já agora podiam aproveitar e faziam a festa, à grande e "à francesa", na Fajã do Calhau. Não é a folia mas sim la folie.
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"Sete maravilhas: decisão incompreensível
Fiquei perplexo quando soube que o espaço das Portas do Mar tinha sido o local escolhido para a realização do grande espectáculo intitulado "Sete Maravilhas Naturais de Portugal", depois de ter sido decidido (não sei bem por quem) que as Sete Cidades não reuniam as condições necessárias para receber o evento. A razão do meu espanto não é difícil de explicar. Conforme indica o nome, este evento destina-se a eleger as sete mais belas maravilhas naturais de Portugal, em que se incluem algumas das mais maravilhosas paisagens açorianas, entre as quais está, curiosamente, as Sete Cidades. Pois bem, um espectáculo no qual a Natureza é a estrela vai ser realizado em cima de milhares de toneladas de betão. E mais. Este betão foi colocado pelo homem em cima do mar, naquele que foi mais um "roubo" àquilo que, como dizem os crentes, Deus criou. Isto é, pura e simplesmente, inacreditável.
Permitam-me o saudosismo, mas lembro-me como se fosse hoje de um espectáculo realizado, talvez há uns bons 20 anos, numa das margens de uma das lagoas das Sete Cidades. Ainda Lopes de Araújo era o responsável pela RTP/Açores, e a estação açoriana ali realizou um dos seus aniversários. O convidado especial foi Fausto, ainda no auge da sua carreira, e a noite estava perfeita. Foram horas magníficas que guardarei na memória até ao fim dos meus dias. A neblina tão característica do local, acompanhada pelo calor das fogueiras, alimentadas por um incansável grupo de escoteiros, criou uma sensação de mistério e misticismo que, ainda hoje, me causa arrepios.
Pois bem, terá sido disto que nos privaram agora. Como gostaria que o meu filho vivesse um momento idêntico. Mas não, porque alguém não deixou. E não me venham com a lengalenga da consciência ambiental. Nos dois últimos anos, foi autorizada, precisamente nas Sete Cidades, a realização de um festival (Green Trippin Camp) e nunca se ouviu falar de falta de condições, ou coisa que o valha. Ouviram-se, sim, outras histórias, mas estas não são para aqui chamadas. Então, por que não realizar a cerimónia das Sete Maravilhas ali? Não sei, nem nunca saberei os reais motivos. Sim, porque os esclarecimentos que têm vindo a público não convencem ninguém.
E, depois, as Sete Cidades não têm condições e não se pensa em mais nenhum local sem ser as Portas do Mar. Que diabo, mas será que S. Miguel passou a ter uma única sala de visitas? Parece que sim, pelo menos para alguns. Ou isto, ou mais uma vez, estamos perante uma manobra política, num espectáculo que, em tempo de crise, custará ao erário público qualquer coisa como 1,5 milhões de euros. É obra!
A juntar a isto, há mais um factor que não poderá ser dissociado desta situação. Se bem se lembram, há precisamente três anos, Lisboa recebeu a cerimónia das "Sete Maravilhas do Mundo". O espectáculo realizou-se no Estádio da Luz e ali estiveram mais de 60 mil pessoas a assistir ao evento. Pergunto agora: quantas pessoas comportarão as Portas do Mar? Ainda recentemente consideraram que o espaço estava bastante cheio no espectáculo da fadista Mariza. Pois bem, neste dia (5 de Julho), estavam nas Portas do Mar sensivelmente três mil pessoas. Ou seja, aquele local não tem capacidade para receber um evento da natureza daquele que falo. Ou isto, ou então vão transformar a cerimónia das "Sete Maravilha Naturais" num evento elitista, ao qual o "povinho" – no qual me incluo – não terá acesso.
Pois bem, se assim for, espero que a assobiadela que Sócrates recebeu em pleno estádio da Luz, na noite de sete de Julho de 2007, seja agora dirigida a todos aqueles que nos privaram de uma noite de sonho nas Sete Cidades. E mais não digo"
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Pedro Botelho no jornaldiario.com
1 Milhão e 500 mil euros para celebrar o espectáculo das 7 maravilhas no parque de diversões de "bétão" plantado à beira-mar de Ponta Delgada !?! Tudo é possível nesta cornucópia onde decerto há sempre "novas oportunidades" de negócio. A ironia suplementar está num evento que pretende glorificar a natureza numa Região cujos governantes, porventura convidados para mestres-de-cerimónia do mesmo, têm profanado com despautério ambiental e despesista. Já agora podiam aproveitar e faziam a festa, à grande e "à francesa", na Fajã do Calhau. Não é a folia mas sim la folie.
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"Sete maravilhas: decisão incompreensível
Fiquei perplexo quando soube que o espaço das Portas do Mar tinha sido o local escolhido para a realização do grande espectáculo intitulado "Sete Maravilhas Naturais de Portugal", depois de ter sido decidido (não sei bem por quem) que as Sete Cidades não reuniam as condições necessárias para receber o evento. A razão do meu espanto não é difícil de explicar. Conforme indica o nome, este evento destina-se a eleger as sete mais belas maravilhas naturais de Portugal, em que se incluem algumas das mais maravilhosas paisagens açorianas, entre as quais está, curiosamente, as Sete Cidades. Pois bem, um espectáculo no qual a Natureza é a estrela vai ser realizado em cima de milhares de toneladas de betão. E mais. Este betão foi colocado pelo homem em cima do mar, naquele que foi mais um "roubo" àquilo que, como dizem os crentes, Deus criou. Isto é, pura e simplesmente, inacreditável.
Permitam-me o saudosismo, mas lembro-me como se fosse hoje de um espectáculo realizado, talvez há uns bons 20 anos, numa das margens de uma das lagoas das Sete Cidades. Ainda Lopes de Araújo era o responsável pela RTP/Açores, e a estação açoriana ali realizou um dos seus aniversários. O convidado especial foi Fausto, ainda no auge da sua carreira, e a noite estava perfeita. Foram horas magníficas que guardarei na memória até ao fim dos meus dias. A neblina tão característica do local, acompanhada pelo calor das fogueiras, alimentadas por um incansável grupo de escoteiros, criou uma sensação de mistério e misticismo que, ainda hoje, me causa arrepios.
Pois bem, terá sido disto que nos privaram agora. Como gostaria que o meu filho vivesse um momento idêntico. Mas não, porque alguém não deixou. E não me venham com a lengalenga da consciência ambiental. Nos dois últimos anos, foi autorizada, precisamente nas Sete Cidades, a realização de um festival (Green Trippin Camp) e nunca se ouviu falar de falta de condições, ou coisa que o valha. Ouviram-se, sim, outras histórias, mas estas não são para aqui chamadas. Então, por que não realizar a cerimónia das Sete Maravilhas ali? Não sei, nem nunca saberei os reais motivos. Sim, porque os esclarecimentos que têm vindo a público não convencem ninguém.
E, depois, as Sete Cidades não têm condições e não se pensa em mais nenhum local sem ser as Portas do Mar. Que diabo, mas será que S. Miguel passou a ter uma única sala de visitas? Parece que sim, pelo menos para alguns. Ou isto, ou mais uma vez, estamos perante uma manobra política, num espectáculo que, em tempo de crise, custará ao erário público qualquer coisa como 1,5 milhões de euros. É obra!
A juntar a isto, há mais um factor que não poderá ser dissociado desta situação. Se bem se lembram, há precisamente três anos, Lisboa recebeu a cerimónia das "Sete Maravilhas do Mundo". O espectáculo realizou-se no Estádio da Luz e ali estiveram mais de 60 mil pessoas a assistir ao evento. Pergunto agora: quantas pessoas comportarão as Portas do Mar? Ainda recentemente consideraram que o espaço estava bastante cheio no espectáculo da fadista Mariza. Pois bem, neste dia (5 de Julho), estavam nas Portas do Mar sensivelmente três mil pessoas. Ou seja, aquele local não tem capacidade para receber um evento da natureza daquele que falo. Ou isto, ou então vão transformar a cerimónia das "Sete Maravilha Naturais" num evento elitista, ao qual o "povinho" – no qual me incluo – não terá acesso.
Pois bem, se assim for, espero que a assobiadela que Sócrates recebeu em pleno estádio da Luz, na noite de sete de Julho de 2007, seja agora dirigida a todos aqueles que nos privaram de uma noite de sonho nas Sete Cidades. E mais não digo"
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Pedro Botelho no jornaldiario.com
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