Ora como é de História que se trata, aqui fica a minha pequena nota de rodapé.
A revolução portuguesa foi singular em inúmeros aspectos. O 25 de Novembro é um deles. É extraordinário constatar que no momento mais quente e bipolar dos acontecimentos os militares, cansados de sangue e de guerras, conseguirão conservar o sangue frio e evitar que a populaça descambasse para uma guerra civil fratricida e de consequências imprevisíveis. Em abono da verdade e de um certo rigor histórico, creio que na hora o mérito deste desmobilizar pacifico a que se assistiu no 25 de Novembro deve ser dado a ambas as partes. Mesmo Otello Saraiva de Carvalho terá percebido o que seria melhor para o país nesse momento, quanto ao resto da personalidade da personagem acho que o desenrolar da história já se encarregou de dizer tudo sobre ela.
Porem, eu sou daqueles que se recusa a ver o 25 de Novembro isolado do de Abril, em História não existem singularidades e se um momento fechou a porta a um determinado período revolucionário e deu início ao Portugal de hoje, creio que não nos podemos, nem devemos, esquecer ou menosprezar, estejam as nossas ideologias onde estiverem, do outro momento que abriu a porta a essa revolução que nos deu a Liberdade. E, se é preciso destacar figuras proeminentes nessa revolução e no 25 de Novembro, em particular, o meu voto vai, também, para Ernesto Melo Antunes (que para mim passa não só por ser uma figura histórica digna de admiração mas, também, pai de uma amiga minha. Lembro-me sempre de uma vez numa festa em casa da Joana, o Zé Bernardo e eu em total enlevo a olhar para os livros do pai dela.). Melo Antunes que vejo como, junto com Mário Soares e outros, descendente directo de Norton de Matos e Humberto Delgado, e, aquilo a que me atrevo a chamar um dos "founding fathers" da Democracia que temos.
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