quinta-feira, março 24

Salvação Nacional

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Finalmente José Sócrates cumpriu uma promessa aos Portugueses : demitiu-se.

A encenada chantagem com o PEC IV resultou num "dois em um" pois, se por um lado, é a oportunidade de nos livrarmos dos malefícios "sócretinos" é, por outro lado, o primeiro passo para a reconstrução nacional. Mas não tenhamos ilusões sobre a mise-en-scène desta manobra de Sócrates. Efectivamente, José Sócrates saiu pela forma e no tempo que quis, e não por qualquer mecanismo Constitucional derivado de uma moção de censura ou de um cartão vermelho de Belém.

Fê-lo no timing que projectou para carregar baterias e regressar ao que faz de melhor: a política da demagogia, da mentira encartada por diploma domingueiro, do descaramento de fazer o contrário do que diz e apregoa.

Assim, acto contínuo, ontem já iniciou campanha para as próximas eleições e, no habitual tom de vitimização, lá foi dizendo no discurso da demissão que a responsabilidade pela actual crise política era da oposição! Na recorrente performance chegou ao cúmulo de afirmar que as famílias Portuguesas estavam agora reféns do calculismo político da conjurada oposição. De certa forma faz lembrar uma caricatura tuga de mitómanos e tiranos como Kadafi e outros de quem é amigo como Hugo Chávez.

Para Sócrates apenas a "sócratologia" é a ideologia viável na nossa democracia. Para Sócrates, infelizmente, a maçada de existir quem não se conforme com essa "teocracia monoteísta" só pode ser a razão do mal. Assim, a crise política é culpa do PSD que não quis viabilizar o PEC IV como mais um saque aos Portugueses, do CDS-PP que diaboliza como braço direito de uma cabala contra os "sócretinos", dos Comunistas que dominam os sindicatos e manipulam os trabalhadores contra o governo, dos camaradas do Bloco de Esquerda de quem Sócrates, quando não precisa deles, afirma que só existem para ter uma agenda anti-PS. Enfim, só faltou dizer que a culpa é dos Portugueses…pelo menos daqueles que votaram nas forças políticas que os representam, na Assembleia da República.

Será com este discurso que irá pautar a sua campanha às próximas eleições ? Para pedir o quê ? Uma maioria absoluta ?

Os Portugueses têm aqui uma oportunidade única de higienização do País e Portugal não pode ficar refém de Sócrates. Creio que todos perceberam a encenação que Sócrates montou imputando a Bruxelas a necessidade de mais um pacote de austeridade. A verdade é que esse jogo nas costas dos Portugueses, e contra os Portugueses, já nem sequer merece um comentário sério. Sócrates é de tal forma vil e insultuoso que negociou um PEC IV com Bruxelas, não só à revelia dos Portugueses e de quem os representa, mas até o fez nas costas dos seus pares pois a maioria dos seus ministros foi apanhada na curva da surpresa. Que o diga, por exemplo, a Ministra do Trabalho, que na hora em que reunia para concertação social com os sindicatos actuava na ignorância de que, do outro lado, se anunciava mais um PEC! Como sabemos Sócrates não faz parte da solução mas sim do problema. Construir uma solução para Portugal é possível com um novo contrato social no qual a repartição de encargos seja mais equitativa, designadamente, para que a justiça social e a economia de mercado possam ser também alavancas de salvação nacional.
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