segunda-feira, março 21

PEC que te pariu

...
À revelia dos Portugueses, nas costas do Presidente da República a quem tinha o dever de informar, ignorando a Assembleia da República a quem agora diz ter "todo o gosto" em explicar o novo pacote de austeridade, e até traindo os seus pares, pois muitos ministros ignoravam este novo PEC IV, José Sócrates vem em nome de Bruxelas pedir mais sangue, suor e lágrimas ao Povo! Não lhe bastaram os sucessivos PEC´s e o recente Orçamento do Estado.
Qual insaciável carniceiro afia o gume do cutelo e prepara o golpe seguinte: o PEC IV, que antecipa com prazer espetar nas costas dos Portugueses. Na sala de desmancha onde Sócrates exerce o seu sádico ofício de desmembrar, a Pátria e o Povo, não sabe bem por onde começar e onde resta cortar mais. Para já, com o PEC IV, promete cortar nas pensões e remeter as sobras para congelamento; reduzir a miúdos as indemnizações nos despedimentos; os benefícios e as deduções fiscais serão também diminuídos; a despesa com os benefícios sociais e com a saúde será também afectada; e como este sádico, que nos desgovernou, se deleita em concentrar o poder no Paço de Lisboa, corta ainda mais uma fatia nas transferências para as autarquias violando a lei e o princípio da subsidiariedade.
Com esta voracidade vampiresca, que nem sequer poupa as pensões mais baixas, o projecto ignóbil do PEC IV suga ainda mais o que resta do tutano dos Portugueses, mas a gordura instalada na banha do poder não diminui.
As regras do Plano de Estabilidade e Crescimento do governo económico da Europa exigem um limite de 60% do PIB na dívida e 3 % no défice das contas públicas. Alguém acredita que aqueles plafonds serão atingidos reduzindo nas pensões e aumentando na carga fiscal dos esbulhados Portugueses?
Os Portugueses só esperam que Aníbal não dê cavaco a "pinócrates" e que escreva o epitáfio deste governo. Na verdade, de PEC em PEC, entremeado com a sangria do Orçamento do Estado, o primeiro-ministro sobe ao palco da sua rábula do costume para pedir, a título excepcional, mais sacrifícios aos Portugueses. Agora, com este PEC IV, faz dos Portugueses seus criados de servir no banquete de promessas que diz ter feito a Bruxelas. Como disse, e bem, Pedro Passos Coelho o primeiro-ministro não pode tratar os Portugueses como se fossem seus empregados e esta peça de teatro tem de acabar. Descredibilizado em Portugal, e sem legitimidade para nos hipotecar ainda mais, agora em nome e com o álibi de Bruxelas, José Sócrates ainda tem a desfaçatez de ameaçar com a sua demissão caso este PEC IV seja chumbado, como se sua chantagem ainda representasse uma ameaça aos Portugueses.
Perpetuar Sócrates e o socialismo é deixar ainda mais à rasca várias gerações de Portugueses à rasca. Temos pois que nos desenrascarmos de Sócrates. Se há um rosto do mal que se vive em Portugal esse é o fácies de Sócrates. Criou um país esquizofrénico onde a opulência é vizinha de um Portugal "albanizado" ; liquidou a economia Portuguesa agora integralmente ao serviço da dívida e das finanças; descapitalizou e desinvestiu nos Portugueses e, finalmente, mas não menos importante, para reinar, dividiu-nos e demonizou a função pública e o sector público do Estado que vive hoje a pior crise de sempre.
Depois de tudo isto, e comportando-se como se tivesse maioria absoluta, José Sócrates ainda pede aos Portugueses mais um PEC ! O Zé-povinho só lhe pode responder : PEC que te pariu !

João Nuno Almeida e Sousa na edição de hoje do Açoriano Oriental.

Sem comentários: