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MAC de Niterói
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Niemeyer é considerado por muitos o Picasso da Arquitectura. Mais do que um arquitecto é um Artista com marca e traço identitário mundialmente reconhecido. É uma lenda viva do modernismo e uma referência da capacidade voluntariosa do reformismo social que tanta falta nos faz. A sua obra, e o seu nome, são pois universalmente reconhecidos.
Logo, o Museu Oscar Niemeyer em Ponta Delgada será, também enquanto obra de Arte, um contributo para a globalização dos Açores. É uma obra para o futuro de Ponta Delgada e um legado para projectar a tendência cosmopolita que se ambiciona e se constrói para a maior cidade dos Açores.
Com esta obra ficaremos geminados com outras cidades do mundo que, com orgulho, colocam o seu nome no planisfério também à conta de património engendrado por um ícone como o é Oscar Niemeyer. Receber em trânsito entre dois mundos, "o velho e o novo", aquela que, infelizmente, poderá ser a derradeira obra de Niemeyer é para todos motivo de orgulho e de afirmação dos Açores como uma escala necessária na "interface" entre as duas "margens" do Atlântico. Será um símbolo dessa dimensão estratégica da nossa afirmação no mundo com o arrojo que só se consegue quando se mete "mãos à obra".
Poderia este Museu e Centro Cultural ter sido comissionado a outro arquitecto, ou atelier de arquitectura, que não fosse a Oscar Niemeyer? Poder, podia, mas não era a mesma coisa! Berta Cabral quis que fosse endossada esta obra a Niemeyer e a nós cabe-nos o duplo reconhecimento pelo acto visionário da escolha e a gratidão pelo convite aceite por uma celebridade galáctica.
O único e irrepetível homem que concebeu e executou Brasília, considerada Património Mundial da Humanidade pela Unesco em 1987, é o mesmo que agora concebe para Ponta Delgada um equipamento que magnetizará interesses sociais e culturais para quem se orgulha, como eu, de ter escolhido Ponta Delgada para aqui viver. Ficará ainda como marca de tenacidade de um homem, cuja vasta obra não cabe aqui recordar, mas que ao beirar os 90 anos de idade projectou o inovador MAC de Niterói (Museu de Arte Contemporânea) que é hoje um ex libris contemporâneo do Rio de Janeiro.
Niemeyer sempre se recriou na sua arte e sempre inovou com o seu rasgo de genialidade começando com o projecto do complexo Pampulha (em Belo Horizonte) no qual elevou a sensualidade da curva à forma dominante na sua Arquitectura. Fê-lo para, nas suas palavras "desafiar a monotonia da arquitectura contemporânea e os dogmas da forma e da função", e com as possibilidades de liberdade criativa que surgiram com o betão reforçado, "homenagear a curva sensual sugerida pelos veneráveis templos barrocos e pela beleza bronzeada das mulheres". Que melhor legado poderia uma mulher como Berta Cabral deixar a uma cidade que, no seu mandato, deu um salto qualitativo e quantitativo a favor dos seus habitantes, dos Açorianos e de quem nos visita?
Num rol de cerca de 100 obras de relevância patrimonial à escala mundial, das quais destaco a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida em Brasília, o Secretariado das Nações Unidas em Nova Iorque, ou a Universidade de Haifa em Israel, com a assinatura do contrato do Museu de Arte Contemporânea de Ponta Delgada, cuja execução está assim em curso, acrescenta-se, à nossa escala, o nome dos Açores na cartografia de uma obra intemporal.
O retorno social, económico, e cultural, de uma obra desta natureza, está assegurado e é ainda a prova de que, mesmo em tempos de crise, é possível, "com menos", "fazer mais" com engenho e arte. Tudo isto fazendo uso das verbas disponíveis nos fundos comunitários para "equipamentos culturais" que são actualmente os elegíveis para investimentos públicos, pelo que, o seu aproveitamento é um imperativo de boa gestão.
Joao Nuno Almeida e Sousa na edição de 14 de Março do Açoriano Oriental
MAC de Niterói
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Niemeyer é considerado por muitos o Picasso da Arquitectura. Mais do que um arquitecto é um Artista com marca e traço identitário mundialmente reconhecido. É uma lenda viva do modernismo e uma referência da capacidade voluntariosa do reformismo social que tanta falta nos faz. A sua obra, e o seu nome, são pois universalmente reconhecidos.
Logo, o Museu Oscar Niemeyer em Ponta Delgada será, também enquanto obra de Arte, um contributo para a globalização dos Açores. É uma obra para o futuro de Ponta Delgada e um legado para projectar a tendência cosmopolita que se ambiciona e se constrói para a maior cidade dos Açores.
Com esta obra ficaremos geminados com outras cidades do mundo que, com orgulho, colocam o seu nome no planisfério também à conta de património engendrado por um ícone como o é Oscar Niemeyer. Receber em trânsito entre dois mundos, "o velho e o novo", aquela que, infelizmente, poderá ser a derradeira obra de Niemeyer é para todos motivo de orgulho e de afirmação dos Açores como uma escala necessária na "interface" entre as duas "margens" do Atlântico. Será um símbolo dessa dimensão estratégica da nossa afirmação no mundo com o arrojo que só se consegue quando se mete "mãos à obra".
Poderia este Museu e Centro Cultural ter sido comissionado a outro arquitecto, ou atelier de arquitectura, que não fosse a Oscar Niemeyer? Poder, podia, mas não era a mesma coisa! Berta Cabral quis que fosse endossada esta obra a Niemeyer e a nós cabe-nos o duplo reconhecimento pelo acto visionário da escolha e a gratidão pelo convite aceite por uma celebridade galáctica.
O único e irrepetível homem que concebeu e executou Brasília, considerada Património Mundial da Humanidade pela Unesco em 1987, é o mesmo que agora concebe para Ponta Delgada um equipamento que magnetizará interesses sociais e culturais para quem se orgulha, como eu, de ter escolhido Ponta Delgada para aqui viver. Ficará ainda como marca de tenacidade de um homem, cuja vasta obra não cabe aqui recordar, mas que ao beirar os 90 anos de idade projectou o inovador MAC de Niterói (Museu de Arte Contemporânea) que é hoje um ex libris contemporâneo do Rio de Janeiro.
Niemeyer sempre se recriou na sua arte e sempre inovou com o seu rasgo de genialidade começando com o projecto do complexo Pampulha (em Belo Horizonte) no qual elevou a sensualidade da curva à forma dominante na sua Arquitectura. Fê-lo para, nas suas palavras "desafiar a monotonia da arquitectura contemporânea e os dogmas da forma e da função", e com as possibilidades de liberdade criativa que surgiram com o betão reforçado, "homenagear a curva sensual sugerida pelos veneráveis templos barrocos e pela beleza bronzeada das mulheres". Que melhor legado poderia uma mulher como Berta Cabral deixar a uma cidade que, no seu mandato, deu um salto qualitativo e quantitativo a favor dos seus habitantes, dos Açorianos e de quem nos visita?
Num rol de cerca de 100 obras de relevância patrimonial à escala mundial, das quais destaco a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida em Brasília, o Secretariado das Nações Unidas em Nova Iorque, ou a Universidade de Haifa em Israel, com a assinatura do contrato do Museu de Arte Contemporânea de Ponta Delgada, cuja execução está assim em curso, acrescenta-se, à nossa escala, o nome dos Açores na cartografia de uma obra intemporal.
O retorno social, económico, e cultural, de uma obra desta natureza, está assegurado e é ainda a prova de que, mesmo em tempos de crise, é possível, "com menos", "fazer mais" com engenho e arte. Tudo isto fazendo uso das verbas disponíveis nos fundos comunitários para "equipamentos culturais" que são actualmente os elegíveis para investimentos públicos, pelo que, o seu aproveitamento é um imperativo de boa gestão.
Joao Nuno Almeida e Sousa na edição de 14 de Março do Açoriano Oriental
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