Todos os homens, em momentos de revolução, vêem-se, com toda a certeza, colocados frente a grandes abismos.
Posar para o dito momento pode parecer parolo mas, pode também ser absolutamente necessário. É que da “mis en cène” talvez resulte a importância relativa que, nos seus mais variados formatos, as outras pessoas lhe atribuem, após uma leitura – mais ou menos egocêntrica – dos acontecimentos.
Desfilar, reagindo ao desejo (muitas vezes aos de outros) de ser aclamado e conduzido em braços, deixa-nos frente a uma face mais oculta e misteriosa da nossa mente que muitas vezes – muitas mais que as toleráveis – nos prega algumas partidas, levando-nos a trair os nossos tão valorizados códigos de conduta.
Demarcando-me da "passerelle", devo dizer que me agrada, sobretudo, o caminho, embora, encontrá-lo – muitas vezes empreitada difícil – se revele assaz desconcertante, facto que, por si só, se pode constituir num desafio revigorante.
O caminho leva-nos lá (a onde quer que cheguemos, nem sempre mais felizes mas, com certeza e genuinamente, mais ricos), sem ignorar que a intensidade da caminhada pode também marcar o trilho que, eventualmente, teremos que percorrer no regresso, sem saber se ao ponto de partida.
Não resultado de uma fruição mundana, nem tampouco fruto de eventual riqueza espiritual, a viagem opera em nós a mudança – muitas vezes sem o nosso consentimento –, num processo deveras dinâmico, que condiciona o desenvolvimento de novas visões, despoleta abordagens angulares diversas e que, num repente, nos faz esquecer o nosso começo.
As grandes conquistas provocam – tal como um vinho robusto – um final de boca persistente mas amargo, tudo porque os grandes feitos transportam consigo a tristeza do vazio que, invariavelmente, se lhes vai seguir, vendo-se o guerreiro perante a triste realidade de ter que retomar a sua humana fragilidade.
No entanto, inconformado com a sua manifesta incapacidade de manter ininterrupta a sua cruzada, ele – o guerreiro – encavalita-se na incessante busca por novas causas. É que também se morre do cansaço de nada fazer(!).
Vem isto a propósito de vários recentes escritos sobre variados assuntos recentes, das ainda frágeis tentativas (algumas minhas) para se definir o caminho a seguir para nos conseguirmos consolidar como destino turístico e no seguimento dos inúmeros desabafos sobre a sua necessidade.
Atrevo-me – usando a liberdade que, a nós, nos foi concedida pelo escaldante Abril de 74 e que, por mais que muitos queiram, não no-la tirarão – a dizer que não acho mal que ambicionem; que falem; que exijam mas, que não se esqueçam também de “MAKE IT HAPPEN”
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