sábado, março 13

"e.literacia"

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No final do ano de 2009 a Amazon registou pela primeira vez um volume de vendas dos livros em suporte digital superior à venda em papel. Há cada vez mais pessoas a lerem livros, revistas, e jornais em suporte electrónico. Alguns destes depósitos da palavra escrita existem apenas na internet como é o caso deste jornal onde escrevo. É uma tendência numa revolução digital que tem já 2 biliões de utilizadores on-line! Os dados são de facto avassaladores: 234 milhões de websites; 126 Milhões de blogs; 350 milhões de pessoas conectadas ao facebook carregando a rede social com 30 biliões de fotos por ano num ritmo de 6 milhões de visitas por minuto! Neste contexto, no ano passado, só nos Estados Unidos da América, o volume de vendas de livros electrónicos foi de 350 milhões de Dólares quando um ano antes tinha sido de "apenas" 100 milhões. O ritmo é de expansão rumo a números incomensuráveis mas que estão a modificar a nossa cultura. Por vezes, especialmente nas redes sociais, essa é a cultura do nada reduzida à dimensão do "post it, ergo sum"! Mas, há um admirável mundo novo que nos permite fazer uma utilização utilitária da net como ferramenta de instrução e ilustração pessoal. Assim, no futuro, é certo que parte da instrução e da formação das novas gerações será feita em bibliotecas digitais. Equipamentos como o Kindle da Amazon ou o Ipad da Apple permitem transportar, com os demais ficheiros pessoais, milhares de títulos da Literatura Universal que são descarregados em torrentes por menos de 10 dólares! Serão uma ameaça para as editoras? Alguns analistas acreditam que não e que estamos perante o equivalente moderno da prensa de Gutenberg. São um novo suporte para a palavra escrita de tal forma importante que, por exemplo, a apresentação do Ipad contou com parcerias de editoras tão importantes como a Penguin. Assim é provável que livraria digital IBooks tenha o mesmo êxito que alcançou o Itunes. E nós por cá? Como seria de esperar na cauda da civilização. Só no final do ano passado é que o Kindle foi lançado em Portugal e o Ipad da Apple ainda não tem data marcada. Mas, o certo é que os mesmos serão, por enquanto, meros brinquedos tecnológicos num mercado de edição do livro electrónico em Portugal que tem poucos livros editados. Também aqui há um estigma de iliteracia tributário de uma longa tradição de escassez de leitores. Creio que não há registo histórico de uma geração ter desperdiçado tantas oportunidades de instrução e de conhecimento como a presente. Para este mal, infelizmente, não há remédio electrónico ou qualquer biblioteca digital que ajude; não é um problema "cultural" mas sim de civilização.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais.com

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