quarta-feira, março 24

Capitalismo à regional

Assim vai a saúde do suposto Capitalismo made in azores com o dinheiro do Estado.

Vejamos a dúvida :
"A Administração Pública deve criar, nesta altura, mais pequenas obras para reanimar a construção civil açoriana?" (Pergunta o Correio dos Açores).

A resposta doutrinal é de Roberto Couto (entre parêntesis, uma das referências incontornáveis da nossa construção civil) :
"A Administração Pública tem obrigações para com o tecido empresarial, não sei se obrigações entre parêntesis ou fora de parêntesis. Até por um efeito muito simples: Tudo o que eles fizerem hoje para o tecido empresarial, vão sentir o efeito negativo ou positivo a curto e médio prazo. Eu não sei se as obras têm de ser mais pequenas ou maiores, mas é essencial uma coisa: Elas têm de ter preço. O preço do investimento público através de obras tem de partir do pressuposto que é para gerar riqueza e não pobreza. Os actuais critérios de adjudicação permitem que, por cada euro investido numa empresa para fazer uma determinada obra, se ela tiver prejuízo é melhor porque há muita gente que fica com um sorriso na cara."
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Pois ! Mas não vivemos numa economia de mercado ? Pergunto eu e pergunta o néscio ! Parece que não até porque, para alguns, o Estado e a Administração Pública são entidades que se devem fundir (atenção aos trocadilhos) num esforço convergente (quiçá "corporativo") para salvar os privados.
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Ouçamos novamente a voz da experiência formada na tarimba das obras privadas e consolidada nas obras públicas :
"Temos de acabar com este paradigma do Governo. Eu preferia falar em Administração Pública. Tudo quanto é Administração Pública está no mesmo monte. Não podemos estar aqui a falar do Governo e, depois, estarmos a separar o Governo das Câmaras. Não podemos estar a fazer separações dessas na economia e muito menos pode Governo e Câmaras estar cada qual a puxar para seu lado. O esforço tem de ser convergente porque o efeito na economia é convergente. Portanto, esse não é um problema do Governo ou das Câmaras, é um problema de nós todos."
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Pois, estou a ver ! O problema é de todos, aparentemente criado apenas por alguns, e exige uma solução global (não há aqui qualquer gag de mau gosto) que passe pela Banca. Dá-se o caso de que a saúde financeira da Banca também não é das melhores mas, como para grandes males grandes remédios, salvar-nos-á o "pé-de-meia" (as aspas são minhas) comum, o "porquinho" (idem) das poupanças, enfim a nossa "caixa forte" (again) que não sendo de nenhum Tio Patinhas é de uma vara de patos (como eu) que ainda acreditam que se trata de uma instituição vocacionada para o aforro de toda uma vida e não para o empréstimo de ocasião. Adivinhem de quem vos falo ? Da Caixa Geral de Depósitos pois claro. Afinal de contas, de tostões e milhões, "o cofre é o mesmo. Quer o Governo, quer as Câmaras vão todos agarrar o mesmo cofre onde depositamos. Tem de haver uma solução para o endividamento, neste caso o das Câmaras. Este endividamento não pode continuar sobrecarregando o endividamento das empresas, principalmente nas circunstâncias que atravessamos. A determinada altura estas dívidas incomodava-nos pouco porque a área financeira (os bancos) colocava dinheiro em circulação. Hoje a área financeira não põe juro porque, também, não tem essa capacidade. Agora, esse passivo das empresas tem de ser agarrado por quem é responsável por ele e, por isso, eu defendo que enquanto a Administração Pública não for tão eficaz quanto eles são em nos cobrar, nós nunca mais endireitamos as contas. Vamos estar sempre com as contas tortas."
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E as minhas contas quem as vai endireitar ? E as tuas humilde leitor ? Para uns capitalismo sem risco com a rede do Estado ; Para outros o Estado travestido de capitalista esbulhando o que nos resta para pagar a factura dos custos sociais (you name it). Chamar a isto "CapitalISMO" só se for "à regional" e made in azores. É uma espécie de terceiro género que deriva do SocialISMO ou uma aberração hermafrodita do CapitalISMO ? Perguntem ao Barata, conhecedor destes e doutros "ismos", que também é cliente da caixa, e que sabe muito mais de Economia do que muita e boa gente com licença para fazer "estudos de mercado" mas que nunca viu uma "folha de pagamentos" na frente !

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