sábado, setembro 17
Há momentos em que é preciso participar.
Estamos todos fartos da política. De tal maneira se tornou imprescindível nas nossas vidas diárias que nos enoja, desgosta, enfastia. Já ninguém pode ouvir falar de política e de políticos e com razão. A culpa, obviamente, é da democracia - esse pior de todos os sistemas - que obrigou as pessoas a preocuparem-se com o governo das coisas, tarefa que, como sabemos, foi durante séculos um exclusivo dos privilegiados, dos iluminados ou dos déspotas. Pôr o poder nas mãos das pessoas foi o pior que nos podia ter acontecido, obrigaram-nos a deixar a placidez irresponsável de nada fazer, para termos que nos amargurar com a árdua tarefa de pensar o futuro e agir em consequência. Votar não é uma tarefa fácil, mas - como já alguém disse num filme - nunca ninguém disse que seria fácil. Então porquê este desespero? Porquê este tempo de spleen em que nada nos encanta, em que tudo parece perdido, em que a ideia de ajudar a criar um futuro melhor é motivo ou de escárnio ou de sobranceria? Todos criticamos os políticos, ninguém se arroja a sê-lo. Portugal está hoje infestado de putativos candidatos a tudo, grandes personalidades, grandes profissionais, grandes técnicos, grandes carácteres, mas todos recusam altivamente o serviço público, ora por falta de vontade, ora por mero asco. E o Povo, sebastiânico, lamenta, protesta, cospe e avança, ninguém sabe para onde. É bom que se perceba que neste momento temos os políticos e os candidatos que temos, porque outros não avançaram. Os partidos, os governos, são feitos por pessoas, se estas pessoas lá estão é porque outras não quiseram participar e porque nós escolhemos estas. Que ninguém mais se queixe do presente sem antes colocar a sua própria vida ao serviço dos outros. É tempo de todos percebermos que a política é feita por nós. Merecíamos Políticos Melhores? Pois sim, então participemos, porque a política é feita de pessoas e as pessoas não são todas iguais. Estamos num momento em que só através da participação e do empenhamento dos que acreditam na mudança é que poderemos alcançar um futuro melhor. É um imperativo do nosso tempo, quebrar com a demagogia, o populismo, as pressões de bastidores, os arranjinhos e as mentiras. Chegou a altura de colocar a honestidade e o bem comum no centro da vida política. Participar é lutar por estes ideais, seja num partido, seja na actividade profissional, seja noutro campo da vida da comunidade. Este é o nosso tempo, o tempo dos que acreditam que fazer política é dar o melhor de nós pelos outros. Fazer política é estar ao serviço das pessoas. Nunca, mas nunca, pôr a política ao serviço das ambições pessoais. Haverá quem julgue, desde a mais pequena Junta de Freguesia até ao mais importante dos Países passando por autarquias e governos, que a ambição política é um fim em si próprio, mas o Futuro encarregar-se-á de provar que o único fim da Política é a possibilidade de uma vida melhor para todos. Merecíamos Políticos Melhores? Sim, mas para isso é preciso que saibamos escolher os melhores de entre os que temos.
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